Capítulo 7: Portões do paraíso

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No início, apenas a sensação de confusão me perseguia. Minha vista ainda estava turva, porém ao mesmo tempo senti meu corpo sendo carregado por duas mãos que pareciam fortes. Abri aos poucos meus olhos e observando o lugar e lembrando do último momento em que estive acordada conversando com o homem desconhecido. Observei a mão da pessoas que me carregava e notei que sua pele era clara, quase sem sinais de circulação de sangue. Olhei em seu rosto e parecia intacto enquanto olhava diretamente para o caminho em sua frente, o qual era coberto de escuridão.

Gritei e sacudi o corpo tentando me soltar de seus braços, mas não consegui apesar de ter apenas os braços amarrados. O homem careca ainda permancia igual e sem esforço para me interromper. Pouco tempo depois de caminhada, chegamos num grande salão, com muitas pessoas vestidas da mesma manta preta e todas eram calvas. Se dividiam entre mulheres e homens e algumas crianças. As pessoas do salão agiam de maneira muito estranha, cada vez que eu me aproximava, eles afastavam-se com medo de mim.
O salão quase não tinha frestas de luz, havia alguns rastros de sangue e umas cadeiras grandes como numa igreja, no centro havia um palco e mais sangue. Olhei mais um pouco até perceber que ali tinha um símbolo e foi ai que percebi.

"Estou em um culto"

O medo me percorria pelo corpo cada segundo de tempo que passava. O homem estranho basicamente lançou meu corpo contra o palco oque me causou uns arranhões, além de todos se encontrarem olhando para mim. Alguns aproximaram-se com olhar de curiosidade como se eu fosse a pessoa esquisita aqui. Quando uma criança estava a encostar seu dedo em minha perna, ouve-se um som muito alto de uma porta rangendo. As pessoas no mesmo instante se distanciaram e correram para se sentar.

Olhei em direção da porta, um velho calvo entrou com um livro diferente em mãos e mais duas pessoas atrás carregando outra menina, mas ela estava machucada e com muito sangue em seu corpo e pouco consciente. Muitas perguntas de qual seria o motivo e como me livrar desse lugar invadiram minha mente.
O possível "padre" olhou para mim com um certo nojo e prosseguiu sua fala para seus fiéis agachados com a cabeça baixa. O homem no palco começou a falar alto em uma língua que eu não entendia como se fosse uma oração e seus ajudantes se ajoelharam também.
A garota ao meu lado vestia trajes curtos com pouco brilho, seu olhar era constantemente cheio de irritação. As mãos estavam amarradas em suas costas, ela se aproximou aos poucos aproveitando a distração das pessoas e me disse quase em sussurro:

- Precisamos fugir, aproveita e me solte daqui que eu tiro você também pela sua coragem.

Eu concordei e pelas costas da garota e longe da vista das pessoas desamarrei o nó das cordas que eram grossas. Como dito, ela fez o mesmo.

- Muito obrigada, meu nome é Arya, como você parou aqui?

- Não sei... e você?

- Eu fui pega roubando dos Humannion, no caso eles. Eu precisava de um fruto da árvore que te salva da fome.

- Mas porque você não viveu com eles? - Perguntei.

- A vida por aqui é cheia de regras e objetivos todos os dias. Eu e Aylla, minha irmã não queriamos isso aqui e fugimos a muito tempo. Vamos sair logo e depois conversamos mais, precisamos voltar para a floresta o mais rápido. Você verá, é mais seguro que aqui.

Arya puxou meu pulso para levantar e notei que em seu braço continha um desenho de um possível golfinho. Voltei a minha atenção para o culto, e muitas pessoas gritavam e falavam alto:

- Ele está vindo! Corram enquanto conseguirem! Cada vez mais próximo, a morte anda conosco e alguém mais perigoso está ao seu lado... A dama do destino.

Todos as pessoas naquele local ficaram mais assustada após esta fala do padre e começaram a chorar muito alto de forma ensurdecedora implorando por vida eterna e livramento. Olhei para Arya que ficou encarando a porta e me olhava de volta com um certo medo também, era como se ela conhecia de quem o padre falava.

O Livro dos Sonhos [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora