Capítulo 15: Francis

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Acordei no meio da noite suado, após um pesadelo com Ellie. Não aguentaria perder a pessoa que é minha única esperança. Levantei em busca de água para me acalmar e notei a porta do meu quarto que já estava aberta, o que foi estranho já que mantive ela fechada antes de deitar.

Segui ao quarto que deixei Ellie descansando para vê-la dormindo e me surpreendi vendo a cama arrumada e o quarto vazio. Imediatamente olhei o apartamento todo a procura da garota que gosto e nenhuma presença dela.

Eu não posso acreditar que ela foi à mansão, é o único lugar que ela poderia ter ido...
- Mas sério Ellie? No meio da noite!- Gritei sozinho enquanto andava de um lado ao outro pela sala. - Ela parece não somar os perigos primeiro.

Lembrei do número de telefone que peguei do homem que nos deu uma carona para a cidade novamente, tive que pedir escondido de Ellie para evitar que ela voltasse sozinha lá. Mas parece que não adiantou, foi mesmo andando.

Liguei imediantamente para o homem sem me preocupar com o horário que era. Ele diz que trabalhava 24h, então poderia estar agora. Na sala ouvia-se apenas o som da ligação que estava sendo feita até o momento do homem atender.

- Pode me ajudar? - Perguntei.

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Com esta noite fria e escura, me preocupava mais saber se Ellie estava bem apesar do tempo. É minha primeira vez voltando aquele lugar depois que fugi de Antonella.
Sinto calafrios percorrer meu corpo dentro do carro que chegava cada vez mais próximo da mansão, na qual não sei quais os problemas que me esperavam. O homem tinha uma barba muito grande que parecia esconder boa parte do seu rosto, tive que oferecer muito dinheiro a ele para me levar até a bendita casa na qual imaginava voltar nunca mais.

Meia hora de viagem depois ainda estou dentro do carro decidindo sair mesmo. Sinto medo, mas não consigo me mover e pisar no gramado que dá acesso ao portão da mansão. Respiro fundo e lembro que alguém corre perigo, após isso meus sapatos tocam o chão e sinto que devo ter mais coragem para continuar aqui, sem nenhum plano de como sobreviver e ainda salvar Ellie.

O carro que me trouxe a poucos minutos ja se distanciava sumindo em meio a escuridão da noite. Em minha volta, a área estava vazia, tudo estava distruído. Lembro que meus pais amavam esses jardins, eram como filhos para eles. E agora ver tudo destruído doía meu coração.
Comecei a andar e sentindo meu coração saltar pela garganta, muitas memórias foram passando pela minha cabeça quando me imaginava brincando com meu irmão perto do lago que antes eram dois cisneis.

"Eu preciso resolver este problema urgente"

Muitas dúvidas passaram na minha cabeça quando lembro de como conheci Ellie.

"Como ela poderia aparecer num barco com aquelas roupas do nada sem nem ao menos saber da existência dele?Provavelmente algo trouxe ela ao meu encontro. Isso se não foi o próprio coração dela."

Andei pela minha antiga casa que estava em pedaços à procura de Ellie, mas parecia vazia do começo ao fim. As coisas na escada dificultava minha passagem para subir, mas não desisti e cheguei ao segundo andar. Olhei todos os quartos deste lugar até encontrar o meu. Ainda bem que ele parecia em perfeito estado, estava sem nenhuma alteração desde que saí.

Não consegui segurar minhas lágrimas vendo o pequeno porta-retrato de família que tinha ao lado da minha cama, mesmo cheio de poeira. Era uma época que tudo era feliz, não sei por que confiamos muito em deixar minha avó morar aqui. Meus pais não gostavam dela e mesmo assim a manteram com saúde para ajudar suas condições financeiras que eram nada boas, além de suas intenções que aprendemos depois o quão ruim eram.

Até construímos um pequeno chalé, porque Antonella vivia dizendo o quão desconfortável era estar aqui na mansão. Ela dizia atrapalhar nós a viver. E sempre foi falsidade tudo isso, na verdade ela não gostava de nós e não aguentava ver uma família feliz.

"Verdade! O Chalé pode ter algo lá."

Corri do quarto e pouco antes de descer as escadas ouvi vozes que reconhecia. Era ela, o monstro que destrui a vida de muitas outras pessoas. Me escondi para evitar ser visto e por entre os ornamentos das escadas dava para se ver Antonella ao lado de um homem alto sem rosto de terno escuro com um grande chapéu preto, acompanhando em suas mãos uma bengala.

- Precisamos encontrá-las. Pessoas da floresta noturna dizem que estavam por aqui. Olhe tudo e venha ao Chalé.
Quero a cabeça de Ellie! - Antonella deu ordens ao homem sem rosto.

Me assustei e ao movimentar meus braços para colocar a mão na boca, esbarrei o cotovelo em um jarro que caiu ao meu lado fazendo um barulho.

"Droga!"

Voltei ao quarto correndo e fechando a porta do mesmo. Me escondi dentro do guarda-roupa e notei os desenhos que fiz de nossa família quando ainda era criança na porta fechada em minha frente. Fiz o maior silêncio que pude ao prender um pouco da respiração e notei entre as frestas da porta a sombra de alguém dentro do quarto, porém ela parou de frente ao guarda-roupa.

"Esse é o meu fim, me descobriu."

Eu não tinha mais o que fazer, estava encurralado. Havia alguém ali, que só precisava abrir esta porta e me encontrar ao meio dessas roupas infantis. Quando de repente:

- Volte Maltael, não temos tempo para brincar com ratos! - Antonella gritou este nome e não acreditei no que estava ouvindo.

"Maltael? Meu irmão?"

Pensei em abrir a porta, mas não tenho certeza se é realmente ele ali. Maltael estava fora de si no momento, seria errado me mover agora. Pela mesma fresta que percebi sua chegada, notei sua sombra sumindo e os passos se distanciando. A porta parecia ter ficado do mesmo jeito que deixei.

"Ele atravessou? Da onde esses poderes estranhos? Só pode ter sido aquela velha."

Esperei alguns minutos enquanto olhava para os desenhos que fiz com os olhos marejados, quando resolvi sair daquele guarda-roupa cheio de teias.

- Não acredito que ela fez isto com meu irmão, e eu pensando que ele conseguiria fugir depois. Preciso ir atrás de Antonella pelo menos ver o que ela está aprontando desta vez e impedi-lá de pegar Ellie que corre muito perigo.

(Continua...)

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