Capítulo 11: Casas de areia

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É tão estranha a forma como isso estava parecendo real... Essa sensação de destruição que não soltava do meu corpo. Um forte cheiro de fumaça alcançava minha respiração, mesmo após cobrir o nariz, ainda me incomodava. Após a nuvem de areia passar, abri meus olhos na tal luz azul que antes me chamava e apenas encontrei uma cena que nunca imaginei que veria. A cidade em minha frente se encontrava em chamas e ao mesmo tempo abandonada. Me surpreendi ao pensar na situação das pessoas que antes viviam felizes por aqui.

"Por que me chamariam até aqui?" Uma frase que não saía da minha cabeça.

Olhei por trás de mim e não encontrei mais a porta por onde havia entrado, apenas areia. Eu realmente estava no que parecia um deserto. Comecei a caminhar entre as casas que terminava de queimar. A sensação ficava extremamente mais horrível nessa cidade a cada passo que eu dava. Não havia vestígios de gente, apenas brinquedos como ursinhos e bonecos virando apenas poeira por conta do fogo. Tudo que eu olhava passava um sentimento de tristeza e ao mesmo tempo de medo. Eu sentia a necessidade de procurar uma solução para este lugar.
Comecei a andar mais entre as casas e ao longe notei uma sombra pequena. Ao dar um passo a frente, a sombra saiu da posição que estava, me despertando curiosidade em descobrir o que de verdade seria aquilo. Andando na direção que ela apareceu eu me encontrava em uma esquina que dava acesso a outras casas em fumaças.
Nesta rua havia apenas uma casa onde o fogo não tinha chegado ainda. Percebi uma pequena movimentação estranha em seu interior e segui até ela. As portas e janelas de madeira se encontravam quebradas.

"Primeiro, por que eu sempre vou atrás de algo desconhecido?"

Encostei na porta e a mesma caiu por conta de meu toque. Com susto recuei e escutei passos pela casa. Em seu interior, havia pratos e talheres espalhados pela casa, além do que antes era móveis agora sobrara apenas partes de um. Andei pouco por conta da curiosidade até chegar num cômodo onde um menino parecia inconsciente. Corri para ajudá-lo, mas ao chegar perto uma garotinha me apontava uma faca em meio às lágrimas.

- Saia de perto dele!! - Ela gritou.

Me afastei, enquanto ainda apontava sua lâmina em minha direção. Ela estava com medo e além disso, eu sou a pessoa perigosa por aqui.

- Quem é você?! - Me perguntava.

- Não pretendo te machucar... Me chamo Ellie... O que houve com ele? - Disse apontando para o garoto que estava desacordado. Ela me observou por um tempo e cedeu seu corpo ao chão, caindo de joelhos. Me aproximei dela e tirei a faca de sua mão e lancei para longe. Sem perceber, estava abraçando a frágil garota que não parava de chorar.

- O que aconteceu aqui? - Perguntei.

- Eu nã-o se-ei... -Ela falava em meio ao soluço. - Eu cheguei tarde para avisar e encontrei meu amigo assim...

- Vai ficar tudo bem, como é seu nome?

- Meu nome é Ellie - Ela disse.

" O mesmo que o meu?"

Ela puxou meu braço com suas pequenas mãos e me disse:

-Você vai me ajudar? Eu sei para onde podemos levar ele.

Pela situação eu precisava fazer algo por ela e tenho esta vontade dentro de mim. Logo este lugar estaria em chamas, temos que sair daqui o quanto antes. Puxei a garotinha Ellie para fora da casa e coloquei seu amigo em meu colo. Como dito, ela nos guiava ao tal lugar, com cujo o nome de 'Cidade dos anjos'. O caminho todo a garotinha Ellie se acalmava, mas havia preocupação em seu rosto por conta de seu amigo.

- Quando eu descobri que iriam botar fogo aqui, corri para avisar meu amigo Francis e não sei se foi sorte, mas você surgiu salvando ele. Eu não conseguiria sozinha...

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