Capítulo 9: Arranhões internos

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     Um mar de escuridão cobria minha vista, com apenas uma fresta de claridade acima de minha cabeça. Me sinto perdida ao andar neste lugar. Até o momento em meio ao desespero não encontro nem objetos em minha volta.

"Onde estou? Por que me encontro sozinha novamente?"

    Preciso fazer algo... O incêndio! Será que John está bem? Tenho que arrumar um jeito de fugir ou sei lá o que que seja neste lugar. Dei uns passos a minha frente com as mãos prontas para procurar no escuro por alguma parede ou objeto. Parei de andar por um instante ao ouvir sons de passos próximos, cada vez mais alto estavam. Olhei na direção que agora estava nítido e notei a silhueta de duas pessoas se aproximando.

    Era possível ver emoção nos olhos da mulher que chegou ao lado de um homem. Ambos pareciam felizes e ao mesmo tempo triste enquanto olhavam para mim. A mulher tinha um semblante coberto de lágrimas, ela estava sendo abraçada de lado pelo homem, ambos tinham alianças em seus dedos, o que tudo indicava que eles eram um casal.

- Você está tão crescida agora minha filha- A mulher dizia enquanto limpava as lágrimas.

"Mas... Como assim?"

- Mãe? Pai? - Gritei.

- Ela está tão bonita, querida. -O homem falou e olhou para a mulher que dizia ser minha mãe.

-Temos um conselho meu amor, promete que irá seguir? Mesmo que insetos apareçam em seu caminho por favor, pise neles. Se cuida viu e volta logo pois estamos com saudades tua. -Ela dizia em meio ao choro.

"Eu estou confusa. Que tipo de conselho é esse?"

-Mãe e pai como me encontraram?! -Mesmo ao gritar eles não me respondiam. Ambos ignoravam minhas palavras e então viraram de costas para mim.

-Aonde vocês vão? Não me abandone! - eu gritava em meio as lágrimas.

"Merda de memória!"

    O medo tomou conta do meu corpo. Não quero ficar novamente sozinha. Comecei a correr para alcançar meus possíveis pais, porém acabei batendo a cabeça em uma parede que não existia, totalmente invisível.

    Acordei e olhei em minha volta. Francis estava comigo. Ele tinha um olhar preocupado em mim e ao mesmo tempo no volante da caminhonete de John.

- Você está bem? - Francis dizia.

- Só um sonho estranho e triste... Aonde está ele? -Disse, me referindo ao dono do carro. Francis apontou para o banco de trás e John estava deitado inconsciente.

- Como me encontrou Francis?

- Estou totalmente perdido quanto a isso... Eu só sei que apareci do nada na frente daquela casa em chamas...E quando olhei, você estava caindo.

- Mas como isso seria possível?

-Eu também não sei, precisamos descobrir.... Ah droga! - O olhar de Francis era de cansaço e ainda mais agora que o carro estava desligando.

    Francis parou o carro e saiu para olhar. Colocou a mão na cabeça e veio em minha direção. Ele apoiou ambos os braços na janela e me disse:

- Eu estive tão preocupado com você esses dias... Me sinto culpado pelo que aconteceu. Eu demorei muito... pra te encontrar.

     Seus olhos pareciam tristes e exaustos. Havia muitas marcas de olheiras de noites mal dormidas em seu rosto. Francis tinha uma face bonita e deveria cuidar. Lentamente aproximei uma de minhas mãos em seu rosto, e limpei onde havia traços de sujeira. Francis parecia surpreso com minha atitude.

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