the greatest loves of all time are over now

but no matter what I do I still get these butterflies

Música do capítulo: "Butterflies" (James TW)

Batatas já estavam no carrinho, cebolas também. Faltava apenas o queijo. Alan guiou o carrinho até a ala dos frios, tentando se certificar de que havia realmente adicionado todos os itens. Se aventuraria com uma receita de escondidinho de batatas que Júlia havia sugerido a ele. Não era o melhor na cozinha, mas achou que seria divertido tentar, e as crianças adoraram a ideia de cozinhar ao lado do pai.

Estava tão distraído com a lista de compras improvisada, que havia feito ainda no escritório, que não notou uma mulher ainda mais distraída até ela bater com o próprio carrinho no dele.

- Ai, mil perdões! - disse ela. - Eu tenho tanta coisa pra comprar, aí as coisas vão vindo pra minha mente e eu vou ficando confusa e cada vez mais confusa e aí...

- Kyra? - Alan nem precisava olhar pra ela pra saber se tratar da decoradora. Na verdade, mesmo que não reconhecesse a voz, ainda saberia ser ela. Quem mais ficaria tão confusa com uma simples lista de compras?

Kyra fitou os olhos de Alan, que a encarava levemente surpreso.

- Você? Num supermercado? - perguntou ele.

Kyra soltou uma leve risada.

- É, eu sei, não costumo fazer minhas próprias compras e tudo mais, mas eu tô tentando ser um pouco menos mimada ultimamente.

Alan riu.

- Que bom ver você. - disse ele. - Como anda tudo?

Kyra baixou os olhos para sua mão esquerda, onde o dedo anular continha uma leve marca de aliança, mas nenhum anel.

- Bem. - disse. - Você deve ter ficado sabendo sobre o...

- Divórcio?

Kyra sorriu tristemente.

- É... Sobre o divórcio.

Sim, Alan sabia. Alexia até tentou esconder dele, pois nunca mencionava Kyra quando os dois se encontravam, mas Tarantino deixou escapar. Não muito tempo após o casamento, Kyra havia se divorciado. Alan não sabia muito bem o que aquela notícia trazia a ele. Não se sentia feliz, como muitos poderiam achar, nem vingado. Na verdade, sentia mais uma mistura de pena e tristeza. Sempre fora a segunda opção de Kyra, mas ficou triste ao perceber que a primeira opção da mulher não deu certo junto a ela. Era estranho, pois todos falavam como os dois funcionavam bem como casal, como sempre foram perdidamente apaixonados durante o ano em que passaram juntos antes de noivar. E agora Kyra estava ali, divorciada e sem os filhos com que tanto sonhou.

- Ainda é muito recente, sabe, Alan? - disse Kyra. - Minha história com o Rafael foi interrompida subitamente por aquele furacão, e eu... Quando eu o reencontrei, achei que tudo estava do mesmo jeito, que nada havia mudado, que meu amor por ele não tinha mudado.

Kyra lançou um olhar a Alan, que concordou levemente com a cabeça, incentivando a decoradora a continuar.

- E, se dependesse só de amor, talvez ainda estivéssemos juntos. Porque eu o amava bastante. E ele me amava também. Mas é que... nós dois mudamos tanto no tempo em que passamos separados... e só percebemos durante o casamento o quanto não encaixávamos mais. Nem mesmo os sonhos que eu tinha eram importantes o suficiente para me manter com ele. Então percemos que nosso amor havia se transformado. Não era mais um amor passional, não nos víamos mais como uma vez havíamos visto um ao outro. Era... uma amizade, um carinho. E estávamos tentando fazer isso dar certo, presos aos nossos laços do passado. Mas não deu.

Alan suspirou levemente e lançou um sorriso triste e sincero à decoradora.

- Eu sinto muito, Kyra. De verdade. Quando Tarantino me contou, eu imaginei o quanto deveria estar sendo duro pra você. Você sempre sonhou com o casamento, né? Uma família grande, vários filhos... Mas você sabe que pode contar comigo, né? Sei que não estamos mais tão próximos, mas... Você sempre vai ser muito importante pra mim. Pode contar sempre com minha amizade.