— Mas eu sempre sonhei com rosas amarelas — a noiva disse, se inclinando para a frente. — Rosas amarelas misturadas com lírios brancos amarrados com sisal.
— Amarelo é muito vulgar, Melanie — a mulher mais velha, sra. Carlton, respondeu, gesticulando como se para dispensar a ideia da futura nora. — No casamento dos Smithson as flores eram cor de pêssego. Muito elegantes e de bom gosto. — A mulher balançou a cabeça ao final, como se essa fosse sua última palavra.
Sina mastigou a ponta da tampa da caneta, observando as duas discutirem suas preferências para as flores do casamento. Desde que começara a trabalhar como florista, um ano antes, essa tinha se tornado uma cena familiar. Às vezes ela se sentia mais uma terapeuta que qualquer outra coisa.
Tirando da boca a tampa da caneta azul, Sina rabiscou no bloco a sua frente.
— Sabem, rosas amarelas e cor de pêssego podem ficar incríveis juntas — sugeriu, esboçando rapidamente a imagem de um buquê. — Fizemos algo parecido no casamento dos Hatherly, no verão, e ficou divino. — Ela se inclinou para a sra. Carlton como se fossem amigas íntimas. — E você sabe como Eleanor Hatherly é exigente.
Ela estava expondo o nome de alguém relevante, mas não se importava. Embora fosse estrangeira, morava em Maryland há tempo suficiente para saber que nesses círculos ainda havia esnobismo. Caramba, ela tinha sido casada com um dos caras mais esnobes de Shaw Haven.
Ainda estava casada, se corrigiu. Até aquele momento, pelo menos. Graças às leis do divórcio de Maryland, ela e Thomas tinham que viver separados por um ano até que o processo pudesse ser finalizado. Já fazia seis meses, e ela contava os dias.
Melanie olhou para Sina com um lampejo de esperança nos olhos.
— Eu adoraria um buquê pêssego e amarelo.
Dando tapinhas na mão da moça, a sra. Carlton sorriu.
— Eu sabia que poderíamos chegar a um acordo. Os pequenos detalhes é que importam. Você também vai aprender isso quando for uma Carlton.
Segurando o tablet, Sina lhes mostrou os diferentes arranjos que tinha em seu catálogo e as ajudou a escolher o mais adequado.
Bem-vinda à vida de casada. Um mundo em que você vai se acabar tentando agradar marido, sogros e até amigos enquanto coloca todas as suas esperanças e sonhos em segundo plano.
Os pensamentos de Sina retornaram ao próprio casamento. Ela conhecera Thomas quando estudava belas-artes na Universidade Oxford Brookes e ele cursava o programa de pós-graduação Rhodes, um americano na prestigiosa Universidade de Oxford. Foi um encontro puramente casual: ela era a responsável pelas entregas de uma floricultura da região nos fins de semana, trabalho que exercia para tentar pagar o financiamento estudantil.
Enquanto caminhava até a Faculdade Christ Church, se esquivando dos estudantes e turistas que admiravam a fonte no meio do gramado, foi praticamente atropelada pelo polido pós-graduando americano, atrasado para o jantar.
Ele a balançou de modo literal e figurado naquele dia. Sina ficou tão intrigada com sua inteligência e sofisticação quanto ele com a beleza e o talento artístico dela. O relacionamento dos dois parecia saído de um romance de férias: desde o momento em que se conheceram, passaram todos os dias juntos — fazendo piqueniques no parque ou passeando pelos viveiros de plantas. Ele queria saber tudo sobre ela, começando pelos sonhos de infância até os planos para o futuro.
E então ela engravidou.
Mas não foi aí que as rachaduras começaram a aparecer. Eles ainda estavam desesperadamente apaixonados, e as diferenças em suas origens e experiências não significavam nada comparadas à paixão envolvente que sentiam um pelo outro. Então, quando — sendo o perfeito cavalheiro que era — Thomas a pediu em casamento, ela aceitou sem hesitar. Afinal haviam sido feitos um para o outro, ou não?
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Uma luz no Outono - Adaptation Noart
Fanfiction|•Noah and Sina•| Um pai solteiro, uma mulher atraente e uma segunda chance para dois corações... Sina Deinert não está em busca de um amor. Ela já tem o suficiente para ocupar o tempo: uma floricultura para administrar, uma filha pequena e um divó...