Capitulo 2

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- Ei, amigão, quer tomar sorvete? - Noah acelerou a caminhonete, ultrapassando o cruzamento de quatro vias. - Tem um lugar muito legal aqui perto aonde costumávamos ir quando eu era criança.

De repente Matthew pareceu interessado, como sempre fazia quando Noah mencionava sua infância.

- Qual era o seu sorvete favorito? - ele perguntou.

- Noz-pecã e xarope de bordo - Noah disse, sorrindo. - Era doce pra caramba, mas tinha um gosto muito bom. Me pergunto se ainda existe.

- É esse que eu quero pedir. - Matthew pareceu decidido. - Adoro nozes.

O fato era que Matthew amava quase tudo que experimentava.

Ele crescera aprendendo sobre gostos e culinárias diferentes, juntando-se a Noah regularmente em suas viagens desde que era bebê.

- Noz-pecã e bordo, então.

Noah ainda não conseguia entender quão estranho era estar de volta a Shaw Haven depois de tanto tempo. Algumas mudanças aconteceram - uma microcervejaria na rua principal, uma nova galeria de arte na orla -, mas, no fundo, continuava uma pacata cidade portuária. Cheia de casas coloridas e com o cheiro da brisa do mar, Shaw Haven estava ali havia séculos, desde que o primeiro Shaw descera de seu barco e reivindicara essa terra à beira da baía de Chesapeake.

Estar ali parecia voltar no tempo.

Noah estacionou em uma vaga próxima à sorveteria. Havia apenas alguns espaços vazios. Todo mundo devia ter tido a mesma ideia.

Quando entraram, Noah olhou para as toalhas de mesa quadriculadas e as cadeiras que não combinavam. Pareciam antigas, familiares. Ficou chocado por se sentir como uma criança novamente. Já fazia quase catorze anos desde a última vez que pisara em Shaw Haven - e achava que tinha deixado para trás a cidade e seus sentimentos por ela.

E havia deixado. Pelo menos até agora.

- Posso ajudar?

Noah piscou, se concentrando na mulher à sua frente. Ela estava sorrindo para ele e segurando uma colher de sorvete.

- Tem de nozes e xarope de bordo? - perguntou.

- Claro. Você quer casquinha ou copinho?

Ele se virou para Matthew, que olhava para o enorme freezer de vidro cheio de potes de plástico, os sabores coloridos parecendo atraentes.

- O que você prefere, amigão?

- Posso tomar no copinho? - Matthew perguntou em voz baixa.

Ele nunca fora um garoto ousado, apesar da natureza extrovertida do pai. Seu rosto geralmente tinha uma expressão séria, como se seu cérebro estivesse cheio de pensamentos que ele não sabia como expressar. Antes de começar no Colégio Surrey, tinham insistido em fazer um teste com ele - e não foi uma grande surpresa ele conseguir bons níveis na escola, mesmo nunca tendo estudado em uma.

- Um copinho com três bolas - Noah disse, dando à mulher um sorriso fácil. - E duas colheres. O garoto pode precisar de ajuda.

A mulher riu como se Noah tivesse contado a piada mais engraçada de todos os tempos, piscando os cílios rapidamente para ele. As bochechas dele coraram.

A agitação pós-aula significava que os únicos lugares livres ficavam no canto mais distante, e eles foram para lá. Matthew segurava o copo colorido de sorvete com firmeza enquanto Noah carregava as colheres. Estavam quase chegando à mesa vazia quando uma mulher e a filha a alcançaram primeiro, puxando duas das quatro cadeiras.

Uma luz no Outono - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora