— Então não tenho como impedir isso? — Noah franziu a testa, apoiando os cotovelos na mesa da sala de reuniões. Krystian Wang, seu advogado, estava sentado à sua frente, com os papéis espalhados pela mesa e os óculos de leitura no meio do nariz.
— Você não tem poder de veto. Mesmo que convoque uma reunião extraordinária, as ações dos seus pais juntas seriam o suficiente para ganhar.
Noah respirou fundo, o ar passando pelos lábios. Eles vasculharam tudo, procurando brechas ou cláusulas que pudessem lhe dar uma chance.
Mas não havia nada.
— Merda.
— Fiz uma pesquisa sobre o cais. Há um comprador preferencial. A North Atlantic Corporation.
Noah ergueu a cabeça — Já ouvi falar. Eles não compraram metade de Virginia Beach?
— Essa mesmo. Cobrei alguns favores aos advogados da empresa. Eles já têm planos elaborados para um resort com cassino. E, se molharem mãos suficientes, não deverão ter nenhum problema com o comitê de zoneamento. De acordo com a minha fonte, é praticamente um negócio fechado.
Noah apoiou o rosto nas mãos. Qualquer esperança que tinha de evitar a venda e salvar o cais havia desaparecido. E, com isso, qualquer possibilidade de manter sua promessa ao avô.
— E o Kyle?
Krystian deu de ombros.
— Seu palpite é tão bom quanto o meu. Ele vai receber uma indenização, imagino, mas, como mora lá, vai ter que procurar outro lugar.
— Que monte de merda...
— Mas está tudo dentro da lei. Sinto muito, Noah, mas esses são os fatos. Vender o cais é perfeitamente legal, assim como demitir Kyle e expulsá-lo da casa. Se seu pai estiver se sentindo caridoso, podem oferecer a ele outro lugar para morar, mas eles não têm nenhuma obrigação.
— Então o que eu posso fazer? Tem que haver alguma coisa.
— Honestamente? Não acho que você possa fazer nada além de aceitar que às vezes os bandidos ganham. E há alguns aspectos positivos: o resort deve trazer empregos e riqueza para a cidade.
— Sim, isso vai ajudar os ricos a ficarem mais ricos.
— São negócios. E a vida.
Noah se levantou, andando pelo espaço entre a janela e a porta.
— Mas não faz sentido. Meus pais amam Shaw Haven, amam o clima de cidade pequena. O desenvolvimento vai mudar completamente a cidade. Por que é que eles iam querer isso?
— Eles são seus pais. Me diga você.
Ele parou na frente da janela com vista para a cidade. Os telhados familiares do bairro comercial central o saudaram — igrejas e lojas antiquadas se misturavam a modernos prédios de escritórios de vidro. Do lado direito, podia ver o edifício do pai.
— Não acho que eles queiram isso. Pelo menos, não a minha mãe. Acho que meu pai é outra história. O dinheiro sempre foi mais importante do que o sentimento para ele.
— Há sempre a opção de vender suas ações — o advogado o lembrou. Noah ia falar, mas ele o interrompeu. — Escute. Eu sei que você não quer que eles ganhem, mas não se trata deles, não é? Se trata do que você quer, e o que você quer é salvar o cais.
— Mas não à custa do que é certo.
— Não há decisões fáceis aqui, eu sei disso. E gostaria de poder lhe dar outras opções. Mas, do jeito que eu vejo, ou você aceita a oferta do cais pelas ações, ou não faz nada e se afasta da coisa toda.
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Uma luz no Outono - Adaptation Noart
Hayran Kurgu|•Noah and Sina•| Um pai solteiro, uma mulher atraente e uma segunda chance para dois corações... Sina Deinert não está em busca de um amor. Ela já tem o suficiente para ocupar o tempo: uma floricultura para administrar, uma filha pequena e um divó...