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E voltamos a vida de merda. Porque? Porque, bem, primeiro eu conheço um macho simpático e incrível, e depois ele some da minha vida. E, ah, detalhe: ele é meu Grão Senhor e eu passei o dia todo falando merda pra ele sem nem ao menos saber que ele era meu Grão Senhor. Puta merda, acham que tem como piorar? Pois eu digo, NÃO TEM!!!!
Isso foi há mais ou menos um mês atrás. Ok, eu meio que achei que talvez Tarquin fosse vir me procurar para gente sair de novo e conversar, mas não é como se eu tivesse com altas expectativas, claro que não! E ele nem veio (o que talvez tenha quebrado as expectativas que eu não tinha!).
Será que eu tinha passado uma impressão tão ruim assim? Ah, caramba, era bem provável. As vezes eu queria ser menos eu. Eu realmente tinha gostado de Tarquin, e não por ele ser um Grão Senhor! Acho que talvez eu nunca mais encontre um macho tão gentil quanto ele. E eu consegui estragar tudo.
Mas tudo bem. Seria complicado demais se algo acontecesse entre nós, né? Ele é um Grão Senhor, pelo amor! E eu sou a Alana: um verdadeiro caos, uma verdadeira decepção. Eu só o faria passar vergonha.
-Todos os meus planos sempre dão tão errado!- eu murmurei para mim mesma, o cotovelo apoiado na mesa de vidro e o rosto apoiado na mão. Se meu chefe chega e me vê assim, ele me mata! Mas não temos clietes.
Eu trabalho em um restaurante de frutos do mar (é, pois é, que vidona eu tenho) e, pasmem, me colocaram para receber os clientes. Como se isso fosse super dar certo!
Eu estava tão distraída rodando uma pérola falsificada pela mesa que nem percebi o cliente entrando até sua sombra impedir o sol de chegar a mim. Levantei num pulo, batendo o joelho no vidro da mesa, quase fazendo ele se espatifar. E de quebra derrubando os cardápios no chão.
Ai, puta merda.
-Desculpa!- eu disse para a pessoa a minha frente que eu ainda não tinha olhado, me abaixando para arrumar minha cagada. Meu coração estava a mil, se meu chefe vê isso, minha cabeça vai rolar!
O macho (agora percebi que é um macho) na minha frente se abaixou para me ajudar. Ele deu uma risada e, ah, céus, aquela risada...
-Você é meio doidinha, mas é adorável, Alana. - Tarquin disse, me entregando os últimos cardápios e me olhando. Talvez eu tenha ficado meio sem saber o que falar, pois é, acredite.
-Desculpa, desculpa mesmo!- eu disse meio atrapalhada, me levantando. Tarquin sorriu pra mim. -Como posso ajudar o senhor?
-Senhor? Alana, você não precisa...- ele começou, mas a voz estridente do meu chefe chegou nos meus ouvidos.
-Alana! Você está enchendo a cabeça do Grão Senhor com suas merdas? Pelo maldito Caldeirão, menina.- ele disse irritado e eu o olhei como se ele fosse um imbecil. Quer dizer, ele era. Tipo, o que eu fiz, cacete??? Ele olhou para Tarquin. -Sinto muito, senhor, ela não sabe quando calar a boca.
-E muito menos você.- Tarquin disse, sério de uma forma que nunca vi antes. Meu chefe arregalou os olhos e abriu a boca para falar, mas nada saiu. -Isso não é jeito de se tratar uma dama. Ainda mais uma que estava me tratando com tanto respeito. Este lugar perdeu toda a credibilidade que tinha comigo.
-Eu... Eu sinto muito, senhor!
-Não é pra mim que você precisa pedir desculpa, mas para ela.- Tarquin disse, como se o macho a sua frente fosse um estúpido. Bem, ele era.
O macho olhou para mim e torceu o nariz, mas balbuciou um "desculpa". E eu já estava de saco cheio daquilo. Ele só vai me respeitar se um Grão Senhor mandar?
-Eu me demito.- disse, com um largo sorriso. -E você pode ir se fuder.
Tarquin deu um sorriso para mim e me ofereceu o braço. Eu não pensei duas vezes antes de aceitar e sair daquele inferno junto dele.
Quando já estavamos na rua, me afastei de Tarquin e deu um sorriso meio sem graça para ele.
-Obrigada por me defender.- eu disse. Tarquin suspirou.
-Ninguém tem o direito de te tratar assim, Alana.- ele falou. Eu sabia que era verdade, mas é complicado.
-Bem, de qualquer forma, isso estragou seu almoço, então desculpa.- eu disse, dando de ombros. Tentando realmente não perguntar o porque Tarquin não me procurou.
-O que?- ele perguntou, confuso, e franziu o cenho. -Mas eu fui lá só pra te ver.
Eu virei tão rápido que tropecei e quase caí de cara no chão. Tarquin, como era de se esperar, me segurou antes que isso acontecesse. Droga, quando ele encostava em mim eu sentia como se estivesse recebendo um choque de magia. Era estranho e, ao mesmo tempo, bom.
-Sério? Eu achei que você nunca mais fosse querer olhar na minha cara. Por eu ser... Bem, eu.- eu acabei soltando. Tarquin me olhou horrorizado.
-Alana, pela Mãe. Eu só não te procurei antes porque tive problemas pra resolver. E não sabia como te achar. Tive que convencer Cresseida a me falar e isso foi uma tarefa difícil porque ela não queria ninguém destruindo a sanidade mental da amiga dela. - Tarquin disse e eu dei risada. Isso soava como ela. -Mas eu quero te perguntar algo.
Eu me virei para ele, esperando.
-Quer jantar comigo?
E só um idiota completo diria não.
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Esse capítulo ficou maior que os outros, mas eu amei ele, enfim Vejo vocês no próximo capítulo! ~Ana
