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Minha vida antes era uma merda. Agora, devo dizer, ela até que é interessante. Bom, não graças a mim, porque eu não tenho graça. Mas Tarquin consegue melhorar tudo.
Fazem dois meses que viramos amigos. Devo admitir que foram os melhores dois meses da minha vida. Eu realmente não me importo que Tarquin seja um Grão Senhor e tenha muita coisa para se ocupar e fazer. Quando estou com ele, Tarquin é apenas Tarquin. Acho que ele também gosta disso. Deve ser extremamente bizarro ver as pessoas te tratando de forma diferente apenas por você ser o Grão Senhor delas.
Quer dizer, não que eu seja lá um bom exemplo. Chamei o Tarquin de Sr Gostosão da primeira vez que nos vimos. Mas, em minha humilde defesa, eu não fazia ideia de quem ele era. O que faz de mim uma pessoa bem anta, né?
Minha mãe não sabe que sou amiga do Grão Senhor. Se ela já me enche o saco por eu ser amiga de Cresseida, esperando que eu tire proveito disso, o que ela faria se eu dissesse que sou amiga de Tarquin? Provavelmente ia começar a planejar nosso casamento e fazer bruxarias para que Tarquin ficasse comigo. Eu não quero isso!
Quer dizer, falar que não sinto nada por Tarquin é uma grande mentira. Meu coração sempre dá pulinhos quando vejo ele. Quando Tarquin me abraça. Quando sorri. Mas não quero que ele tenha uma visão errada de mim, não quero perder sua amizade. Então, simplesmente prefiro esconder esse sentimento. Talvez um dia, quem sabe, ele desapareça.
Eu realmente quero que ele seja feliz, e isso eu acho improvável de acontecer se Tarquin ficar comigo. Eu sou muito Alana. E, como eu disse, nasci para ser uma solteirona. Imagina, ficar com um Grão Senhor! E não só isso... Mas alguém como Tarquin. Seria bom demais pra mim. Por isso sei que jamais vai acontecer.
Eu me contento com apenas a amizade de Tarquin. Se ao menos puder ficar perto dele, já vale a pena. Ele é bom demais pra mim, devo dizer.
Aquele dia eu tinha passado nervoso por causa do sol desgraçado batendo no meu rosto. Eu já entendi, cacete, você brilha! Que saco. Eu odiava trabalhar na praia. Odiava mesmo! Mas não podia reclamar se o dinheiro era bom e eu precisava de dinheiro. Não via a hora de sair da casa da minha mãe. Ficar bem loge dela, por mais que eu a amasse.
Fui dispensada quando o sol estava começando a se pôr. Uma brisa gostosa começou, batendo no meu rosto e bagunçando meu cabelo. Eu tirei meus sapatos e deixei meus pés encontrarem contra a areia enquanto caminhava pela praia, indo em direção ao mar. A água estava quentinha.
Eu me sentei na areia, sem me importar que meu vestido fosse ficar completamente sujo e molhado. Eu já iria para casa, de qualquer forma. Eu só queria ver o pôr do sol e esquecer todas as coisas que estavam rodando na minha mente.
Apenas fechei os olhos por um segundo, e apenas me concentrei no barulho do mar. O vento estava tão forte que sequer senti o cheiro dele se aproximando até estar ao meu lado. Eu dei um pulo, agradecendo por já estar no chão.
-Tarquin!- eu reclamei, colocando a mão no peito. -Quer me matar?
Ele deu uma risada suave e se sentou ao meu lado, sem se importar que ficaria todo sujo de areia e molhado da água do mar.
Era isso que eu mais amava em Tarquin. Ele simplesmente não se importava com o que iriam pensar dele. Era simplesmente o Tarquin.
Ele se aproximou mais de mim e eu deitei a cabeça em seu ombro emquanto observavamos em silêncio o sol se pôr. Nada precisava ser dito entre nós.
E eu estava perdidamente apaixonada por ele.
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Sobre esse capítulo, só digo algo: Alana cadelinha auau ~Ana
