Capítulo 8 - Perfeitos

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Tommy acordou com um raio de sol entrando pela brecha da cortina que cobria a parede de vidro do quarto de Roman. Virou-se para o lado, esperando encontrá-lo ainda dormindo, mas percebeu que estava sozinho.

O quarto tinha duas entradas, uma pelo lado de fora e uma pelo interior da casa. Nesta última, havia um longo corredor cuja parede do lado direito era inteiramente feita de vidro. Quando Tommy atravessou e chegou ao espaço central da casa, pôde sentir um cheiro de carne levemente defumada ao mesmo tempo que uma melodia suave e um tanto etérea. A alguns metros, na cozinha, Roman estava em frente ao fogão, usando somente a boxer preta com a qual dormiu na noite anterior.

O garoto cruzou a sala e debruçou-se sobre o balcão de mármore negro polido. Ele abriu um pequeno sorriso observando Roman, o sorriso de alguém que já se encontrava completamente apaixonado.

— O cheiro está ótimo — disse, fazendo o homem se virar com um sorriso ainda maior.

— Você estava parecendo um anjo dormindo, não quis te acordar.

Ele colocou um dos sanduíches que fazia em um prato de porcelana e colocou sobre o balcão, na frente de Tommy.

— Pastrami, picles e mostarda dijon — disse.

— Chique.

Enquanto preparava o seu, ele começou a cantarolar.

— Pink Floyd, você gosta? — Perguntou, ainda de costas.

— Não é minha praia... eu gosto de Britney Spears e Madonna — ele respondeu, com um tom irônico.

— Mas é claro.

Roman riu e se virou, encostando-se sobre o balcão da pia e dando a primeira mordida no sanduíche.

— Não é engraçado o quanto somos diferentes?

— Essa é a graça. — Tommy despejou um pouco de suco de laranja dentro de dois copos de vidro.

— É a primeira vez que você não foge daqui ao amanhecer — disse o homem, afastando uma parte do robe azul-marinho que o garoto vestia e deslizando a mão por sua barriga.

— E é a primeira vez que você não me fode antes de dormir.

Roman o virou de costas e o empurrou até o balcão, abraçando-o por trás enquanto beijava seu pescoço. Tommy conseguia sentir o pau dele pressionando contra seu cóccix, em movimentos lentos, já começando a ficar duro.

Em seguida, o homem segurou os cabelos loiros do garoto e se aproximou do seu ouvido.

— E eu te foderia agora mesmo se não estivéssemos atrasados — sussurrou, se afastando para terminar seu café da manhã na mesa, do outro lado do balcão.

Tommy não lembrava que aquele era o dia da reunião com os executivos do estúdio, onde ele finalmente assinaria os papeis necessários para tornar oficial o início de seu estrelato.

— Eu não gosto da pré-produção — disse Roman —, essas últimas semanas têm sido exaustivas, mas está tudo dando certo, em breve as filmagens começarão e eu finalmente poderei colocar o projeto em andamento.

— Sempre quis saber de onde você tira inspiração — Tommy falou, sentando de frente para ele na mesa —, a forma como você fala dos seus filmes nas entrevistas, como se fossem filhos.

— Os filmes são capazes de despertar as melhores ou piores emoções das pessoas, é isso o que eu busco, colecionar emoções, eu vivo pelos aplausos e pelas vaias, eu quero ser o responsável por despertar estas emoções... sabe, uma vez fui chamado de ególatra histérico, acho que pelo The Hollywood Reporter no lançamento de Move.

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