Capítulo 14 - Acabou, Roman

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Ato 3

Londres, Inglaterra

6 meses depois

Uma lágrima descia pelo rosto de Tommy enquanto ele encarava o nada. A expressão em seu rosto era da mais pura angústia. Os olhos azuis marejados brilhavam e os fios loiros estavam ensopados.

— Corta! — Gritou David Fincher, em pé ao lado do cinegrafista que segurava uma enorme câmera próxima ao rosto do garoto. — Eu acho que é isso, pessoal.

Tommy limpou as lágrimas do rosto e abriu um sorriso, comemorando o fim das filmagens em Londres. Estava louco para chegar ao hotel e trocar de roupa, já que vestia aquele traje extremamente desconfortável há mais de 6 horas, um frock coat preto cheio de botões e um chapéu da mesma cor, característicos da época em que se passava o filme.

E ainda por cima, estava completamente molhado.

Ele desceu a escadaria do enorme castelo onde filmavam e tirou o chapéu, entregando a uma mulher da produção que lhe trazia uma grande toalha branca para que se agasalhasse. O clima estava nublado e um pouco frio e ele estava exausto.

Caminhou até um grupo de pessoas conversando e recebeu alguns parabéns pela cena. Entre eles estava Meg Robbins, atriz britânica de 25 anos, ruiva e de profundos olhos azuis, segurando um pequeno pacote de jujubas.

— Eu acho que não vejo o sol há dias — ele brincou.

— Você se acostuma — ela respondeu. — Quer um pouco? — Perguntou, sacudindo o saquinho na frente dele.

— Não, obrigado... eu preciso trocar essa roupa, estou congelando.

Tommy caminhou até os trailers estacionados no início da estrada e entrou no primeiro deles, a quantidade de pessoas e equipamentos passeando de um lado para o outro no set era de enlouquecer. Ele fechou a porta atrás de si e tirou a roupa, secando o corpo com a toalha.

Sequestro era o próximo filme de David Fincher, um suspense sobre o desaparecimento de uma criança da realiza britânica na década de 1920. Tommy interpretava o papel de um adolescente americano se tornara suspeito por estar na hora errada no lugar errado.

Ele ainda não havia recebido a parte final do roteiro, já que a produção estava fazendo de tudo para manter o segredo, mas só por não ter que aprender um sotaque britânico já estava satisfeito.

Aliás, estava satisfeito também por aquela ser sua última cena em Londres. No dia seguinte ele já estaria voltando para casa depois de passar uma semana filmando na Inglaterra. Morria de saudades de Roman, apesar de falar com ele todos os dias.

Não era a mesma coisa.

Tommy colocou um jeans e um suéter preto grosso, com coturnos, e voltou para o clima frio do campo. Estavam filmando longe da cidade, em um belo castelo rodeado de por uma floresta, um local que somente havia visto antes em filmes.

Ele já havia visitado alguns países com alguns clientes, mas a Inglaterra não esteve entre eles.

Naquela noite, pouco depois das 23h, Tommy estava em um bar no centro da cidade, comemorando o fim da primeira parte das filmagens com alguns colegas de elenco, quando ouviu seu celular tocar.

Ele pediu licença e se afastou um pouco da algazarra. Viu o nome de Roman na tela e não conseguiu evitar um sorriso no canto da boca. Ao cruzar todo o espaço, um local de paredes em um tom de vinho e iluminação intimista, ele mergulhou na noite de Londres, iluminada por faróis de carros e postes clássicos.

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