Capítulo 3 - A Parte Que Faltava

13 1 0
                                    

Por volta das dez da noite, Susie se abaixou na frente da geladeira do apartamento de Tommy para apanhar mais uma garrafa de cerveja.

— Um pouco de sombra preta cairia muito bem com esse look — disse ela, enquanto caminhava de volta para o quarto, onde ele terminava de se arrumar na frente do espelho.

— Eu estava pensando nisso.

Ele estava usando uma camiseta preta transparente com um tipo de suspensório de três pontos por baixo, com discretas fivelas douradas. Depois que subiu a calça jeans clara e rasgada nos joelhos, a envolveu com um cinto preto, cuja fivela exibia em metal dourado a mesma imagem da tatuagem em seu braço, a cabeça da Medusa.

— Você acha que ele quer te comer? — Perguntou Susie, colocando a garrafa em cima do criado-mudo para acender um cigarro.

— Eu tenho certeza — respondeu ele, confiante, enquanto se olhava no espelho.

— Quer dizer, olha pra essa roupa, quem não vai querer te comer?

Ela acendeu um cigarro e o ofereceu uma tragada, a qual ele aceitou. Em seguida, o garoto foi até a caixinha de joias em cima da cama e pôs seus anéis de ouro, dois em uma mão e dois em outra.

— Isso é tão Versace anos 90, sexy, BDSM, eu amei pra caralho.

— Garota, eu paguei 700 dólares nesse cinto, é Versace de verdade.

— Então o pai de família rico tá pagando bem mesmo, hein. — Ela sentou na cama.

— Nem comece a falar sobre esse homem.

— O que você vai fazer quanto a ele?

— Sei lá, continuar enrolando — respondeu, enquanto aplicava um pouco de sombra preta esfumaçada. — Enquanto ele estiver me pagando, pode fantasiar o quanto quiser com uma vida comigo, faz parte do meu pacote.

Ela riu.

— Susie, conseguir um papel em um filme do Roman Griffins pode ser minha porta de entrada para o estrelato.

— Você já contou para as meninas?

— Ainda não, eu quero que tudo dê certo primeiro.

— Bicha, você ainda acha que não vai dar? Ele tá de quatro por você, um homem desses!

— Um homem como ele não fica de quatro para ninguém, amor, eu não caio nisso.

***

Já passava das onze quando Tommy desceu do Uber em frente ao Bootsy Bellows, uma das boates mais badaladas de West Hollywood. A fila para entrar estava enorme, então ele caminhou até o final. Podia sentir o peso dos olhares sobre si e aquilo o fazia se sentir incrivelmente bem. Atenção.

— Garoto! — Ele ouviu alguém gritar e reconheceu a voz. Era Roman.

Tommy virou e deparou-se com o homem, usando calça jeans e uma camisa florida de botões com pelo menos três deles abertos, deixando a mostra um pouco dos pelos em seu peito.

— Oi — disse ele, animado, dando-lhe um beijo na bochecha e um abraço caloroso que fez com que o garoto sentisse seu perfume matador, algo envolvente e misterioso com notas sensuais que lembravam jasmim e laranja —, você veio!

— Eu não perderia.

— Vem comigo.

Ele começou a caminhar e Tommy o seguiu, atravessando por toda a fila que encarava curiosa. Inveja, desejo, diversos tipos de emoções irradiavam daqueles olhares, mas ele nem mesmo os encarou de volta.

ViceOnde histórias criam vida. Descubra agora