⁘ twenty-eight ⁘

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POV Amelie

abril...

- Me deixe em paz, que saco! É a porra da minha vida!- grito irritada jogando o cesto de roupas em cima de minha cama.

- Amelie Chloe, você ainda é minha filha e mora em minha casa aos meus custos, você deve me obedecer!- Minha mãe grita.- Se eu estou dizendo que você deve ir para a igreja, você vai para a igreja!

- Aos custos do papai, quer dizer!- retruco indo até minha penteadeira pegando alguns frascos de remédio. 

- o que é isso, Amelie? Você anda se drogando?!

- Oxicodona mãe, conhece? Sim, me drogo, olhe que coisa! Será que eu vou queimar no inferno?- ironizo e vejo seu rosto ficar vermelho. Ela estava prestes a chorar. Kate era minha mãe mas muitas vezes agia feito uma garotinha.

Essa briga durava tinha cerca de duas horas. Nos últimos meses, depois que contei da depressão, minha relação com minha mãe ia de mal a pior. Agora, discutíamos o porque eu não querer ir para a igreja. Pela terceira vez. E por eu ter acordado e ter encontrado Daniel na porta.

eu odiava gritarias, odiava brigas mas estava sendo um ano difícil. A escola pegando pesado demais e quando percebi, passava mais de doze horas estudando e vivendo a base de café e Seconal. as olheiras em meu rosto estavam fundas e escuras e tinha me afundado tanto naquilo que me vi absorvida pelo colégio. mas, esse mês em específico começara difícil. Eu sabia que as coisas não seriam mais tão fáceis.  

- Pare de falar isso, Amelie, pare! Daniel está te esperando lá em baixo com um buquê de flores esplêndido que qualquer garota da sua idade daria de tudo para ter e você ai fazendo birra atoa! Porque você não pode ser uma garota normal, filha! Uma adolescente normal! Ir em festas, tardes no shopping com suas amigas, nem amigas você tem!- fala tudo histericamente e vejo as lagrimas escorrerem de seu rosto.

- Tem Stella!- falo, tentando soar convincente.

- Você teria tudo, Amy! Você é tão linda, finja ser normal pelo menos uma vez se quer!- fala me ignorando, quase fazendo um piti.

- Porque eu não sou assim! Não sou!- acho que a esse ponto eu chorava também. Os olhos verdes idênticos aos meus me encaravam e aí percebi o quão parecidas somos. as bochechas gordinhas, os olhos, o rosto sardento, o cabelo caramelo loiro.

- Onde está minha garotinha? Onde está minha doce e pequena Amy?- pergunta, me ignorando novamente.- Minha bonequinha, tão, tão pequenininha. Lembro da primeira vez que te peguei nos braços, muito menor que um bebê normal. Tão delicada. Então coloquei seu nome como Amelie, porque é doce, e você combinava com doçura. Agora me pergunto, onde está minha menina doce, Amy? 

Sua voz embargada me quebrou. Queria poder dizer que ela ainda estava aqui. mas não podia.

Minha avó dizia que as mães tinham que parir duas vezes. Uma quando o filho nasce, e outra quando o filho cresce. 

Talvez fosse verdade.

- Ela cresceu mãe. Ela cresceu. Mas você ainda tem Marilyn para brincar de boneca.

seus olhos fulminates me encaravam e vi que ali ela assumiria o posto de matriarca. 

- Vá se arrumar e esteja apresentável para seu encontro com Deus, Amelie. Eu te quero lá em meia hora.- fala e sai, pouco tempo depois ouço o motor do carro sair.

Eu devia ter ido para a igreja e evitar brigas com minha família. 

Mas não fui. 

eu fiz o que não deveria ter feito. 

refuge-Vinnie Hacker- 1 e 2 TEMPORADAOnde histórias criam vida. Descubra agora