POV Santana
Talvez, eu tivesse sido cruel demais com Brittany. À mesa do café da manhã, não conseguia parar de pensar na noite anterior. Pensava na festa. Na dança. Nas conversas. No abraço. No beijo.
Eu nunca havia me sentido tão bem em anos.
De repente, minhas correntes soltaram-se com ela.
Isso era bom.
Isso era terrível.
Era tudo em um. Bom, porque eu me sentia livre e autêntica. Terrível, pois eu estava me comportando inadequadamente, além da conta. Tendo devaneios acordada não com o Sr. Pierce, como Quinn achava, mas sim com a Srta. Pierce. Não podia evitar. Sem redenção alguma para mim.
Eu queria falar com ela de novo.
Eu precisava.
Mesmo com todos os obstáculos.
Sebastian estava sério, na cadeira à frente. Eu levei minha xícara de chá aos lábios. Não tinha certeza se ele já havia aberto a boca para falar ou não, e honestamente, não fazia a mínima diferença.
— Eu tinha esperanças que fosse me ver ontem, antes de ir dormir. — Ele insinuou. — Pensei que tivesse pensado com carinho naquilo que conversamos, sobre abrir seu coração...
— Estava cansada.
Ele levantou as sobrancelhas.
— Oh, claro, o esforço que fez no salão de vermes, sem dúvidas, deve ter sido cansativo.
Típico, ele tinha um espião. Eu poderia imaginar facilmente qual de seus capatazes era. Na verdade, tinha plena certeza.
— Vejo que mandou o Kenneth me seguir...
— Você nunca mais vai se comportar desta maneira, Santana. — Sebastian ordenou, batendo na mesa. — Entendeu?!
Quem era ele para achar que mandava em mim? Aquele boçal, estúpido, herdeiro superficial, vazio de alma. Eu estava cansada de ter que ver a sua face, sentir sua presença, e ouvir sua maldita voz.
— Não sou um de seus criados para obedecer você, Sebastian. — Rebati devolvendo a xícara a mesa, o encarando furiosa. — Sou sua noiva!
— Minha noiva... — Ele pronunciou num sussurro, e aí levantou brutamente de seu assento, me assustando. — Sim, minha noiva! Você é minha! E vai ser minha esposa, logo! — O Smythe revirou a mesa, jogando todo o café da manhã no chão, correu pisando forte no assoalho e se apoiou nas laterais de minha cadeira aos gritos. — Por isso deve me respeitar! Ouviu?! Deve me respeitar como uma esposa respeita o marido!
Ele pôs as mãos no meu braço, chacoalhando-me.
— Eu poderia ser igual ao Biff, mas não sou! Tem muita sorte, Santana! Muita! Porém, as coisas podem mudar aqui... Você está me tirando do sério... Eu sou um homem que não admite desaforo por muito tempo... Eu posso ser pior que ele. Bem pior... Você não faz ideia... — Sebastian aproximou o rosto do meu, ao passo que afundava seus dedos em minha pele. — Alguma dúvida disso?
Eu sentia que ele iria me bater a qualquer momento. Não conseguia me mexer, nem piscar os olhos. Engoli a seco e neguei.
— Boa menina. — Ele me beijou a força e deu-me as costas depois. — Agora, com licença.
Meus braços e pernas tremiam. Olhei para o espaço, e vi todas aquelas coisas quebradas no chão. Toda a louça. Sebastian poderia ter feito o mesmo comigo. Porque para ele, eu não me distanciava tanto daquela mesa jogada para o alto e toda a prataria estilhaçada.
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Abril, 1912 - Brittana
RomanceÉ a bordo do RMS Titanic que Brittany e Santana se conhecem. Uma escapava, outra era apreendida. Embora as realidades tão distintas, na companhia uma da outra, começam a amar. - O enredo é meramente uma adaptação do filme Titanic (1997) utilizando-s...