12. Submersão

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POV Brittany

Eu mal vi o que aconteceu. Em um minuto, eu aguardava ansiosamente apreensiva qualquer sinal de que Santana retornasse para o corredor em segurança logo. Em outro minuto, eu estava sendo arrastada por dois homens para longe dali. E, no meio de tudo, eu só pude ouvir os gritos que ela deu, pedindo-me para correr.

Porém, correr... Ou me debater, não foi o bastante. Não foi.

Eu tinha falhado.

Estava mais preocupada com ela do que comigo, e por isso, esqueci-me de pensar em nós. Quando pega, não fui capaz de ouvir mais nada ao meu redor. Era como se eu me enxergasse de fora do meu próprio corpo, estudasse o cenário e pensasse muito nos meus próximos passos. No processo, um arrepio terrível tomava conta de toda a minha espinha. Eu não via escapatória, eu não via nada.

Estávamos separadas... Sozinhas, com pessoas desagradáveis.

Falhar não podia ser uma opção.

Não agora que Sam e Santana estavam longe de mim.

Não agora que nossas fugas davam certo.

Eu precisava arrumar um jeito de escapar para encontrá-los, outra vez. Mas, como? Como? Não saber o que estava acontecendo com eles, ou comigo, me apavorava.

À medida que os seguranças me escoltavam para algum lugar, Kenneth tinha um sorriso irritante nos lábios, e não fui só eu a notar, aparentemente.

Ahn, não há necessidade de nos acompanhar mais, Sr. Tanaka... — Um dos guardas informou-o. — Já pode ir.

Oh, não se preocupem comigo rapazes. O Sr. Smythe apenas quer ter certeza de que o sujeito será devidamente detido. Eu irei embora logo após a confirmação.

— Certo... — O homem suspirou. — Nós já estamos chegando.

— Que bom.

(...)

Quando um dos homens soltou meu braço para poder girar a maçaneta da porta, senti que aquela seria minha única chance de fugir. Correr, sem olhar para trás. Todavia, surpreendi-me e deixei a chance escapar no momento em que visualizei Sam do outro lado da porta, algemado em um encanamento da salinha.

O que ele estava fazendo ali?

Teria o marido de Quinn o visto conversando com ela?

Ou será eles haviam descoberto nossos disfarces?

Ou pior, inventado algo em relação a nós?

Tantas e tantas perguntas, e eu tinha medo de todas as respostas. Ao passo que Sam encarou-me, surpreso também, começaram a me puxar para dentro do espaço. Agora, estava sem plano algum.

— Venha, anda logo! Por aqui...

Algemaram-me do lado de meu irmão e Kenneth foi, praticamente, expulso dali em seguida.

— Hey, B... O que você está fazendo aqui? — Sam perguntou aos cochichos.

— Te pergunto o mesmo.

Shh, vocês dois... Calados!

(...)

Eu e Sam nos olhávamos em silêncio, analisando a todo segundo, disfarçadamente, quando finalmente teríamos brecha para poder falar. Éramos bons em conversar utilizando apenas contato visual, adorávamos brincar disso quando pequenos, mas, mesmo assim, precisávamos de palavras para aquela situação. Então, abruptamente, outro oficial adentrou a sala e disse aos dois guardas que nos vigiavam que precisava de reforço para algum alvoroço que acontecia na terceira classe.

Abril, 1912 - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora