7. Libertação

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POV Santana

Antes de deixar o salão de jantar, Brittany havia me deixado um papel misterioso nas mãos. Enquanto ela partia, quis descobrir do que se tratava. Desdobrei o bilhete discretamente, a fim de não despertar curiosidade das pessoas ao redor.

"Faça o dia valer a pena, encontre-me em frente ao relógio."

O que ela queria? Despedi-me das outras mulheres à mesa e saí. Indo de encontro quase imediato a Pierce.

— Você veio. — Ela pareceu surpresa.

Eu sorri, simpaticamente.

— Claro que sim.

— E então, quer ver o que é uma festa de verdade? — Ela me perguntou, debochada. — Garanto que não irá se arrepender.

Assenti, perdendo-me no tom azul-acinzentado de seus olhos. A oferta era inegável. Ou parecia ser.

— Ótimo! — Ela apossou-se de minha mão. — Vamos.

Eu não deveria aceitar sair dali com ela assim, o problema é que eu queria muito.

— Onde estamos indo?

— Terceira classe.

(...)

Para minha surpresa, Quinn estava com Samuel no espaço festeiro da terceira classe há muito tempo, se divertindo, por isso não comparecera à mesa de jantar. Aquela música agitada que tocavam tinha um toque irlandês, eu diria. Brittany localizava-se dançando com uma menininha, perante a mesa em que eu estava acomodada.

Um homem estava falando comigo, mas em outra língua.

Não entendia.

E ele insistia.

— Eu não consigo te entender. — Confessei. — Desculpa...

Sorri, olhando ao redor quando ele saiu e alcancei meu copo, para dar outro gole naquela bebida ácida. À medida que assistia Brittany aos pulos, Quinn surgiu de algum canto e se pôs na cadeira à minha frente. Por uns segundos, ficou quieta.

— Que foi? — Eu ri. — Está muda?

— Não, é só que... O Sam é tão legal, Sant!

Era bom ver Quinn feliz outra vez, com uma animação genuína nos olhos.

— Sam, é? — Esbocei um sorriso indiscreto, pondo as mãos sobre a mesa. — Quanta intimidade, Lucy. E aquela história sobre sonhos inapropriados, hein? Não vale para você?

— O que?! Não Santana, você não entende...

— Entender o que?

— Olha... Eu... Eu...

— Você?

Ela desviou o olhar, emburrada.

— Apenas... Não comente com ninguém que eu estava por aqui, sim? Nem sobre Samuel... Ou nada.

— Eu nunca faria isso Quinnie, você sabe muito bem. Agora mesmo estamos em nossos quartos dormindo. Esqueceu?

— É... Eu sei que não faria... Mesmo assim, obrigada. — Ela levantou e correu para me dar um beijo na bochecha. — Tchau!

— Já? — Ri, vendo-a sair. — Tchau...

A melodia acabou e eu olhei para Brittany, e ela para mim, enquanto falava com a garotinha que dançava até então.

— Vou dançar com aquela moça agora, tudo bem?

A garota concordou e loira me chamou, articulando com uma mão.

Abril, 1912 - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora