Capítulo 13

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Por mais que estivesse muito cansado, Bruno não acordou na hora do almoço. Alguns minutos depois que Alberto e a mãe saíram, ele despertou.
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𝐵𝑢𝑜𝑛 𝑔𝑖𝑜𝑟𝑛𝑜, 𝑝𝑎𝑝𝑎̀! 𝐸𝑢 𝑒 𝑎 𝑚𝑎𝑚𝑚𝑎 𝑡𝑖𝑣𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑎𝑖𝑟, 𝑚𝑎𝑠 𝑛𝑜́𝑠 𝑗𝑎́ 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎𝑚𝑜𝑠! 𝐶𝑜𝑚 𝑎𝑚𝑜𝑟, 𝐴𝑙𝑏𝑒𝑟𝑡𝑜 :) _________________________________________

Assim que leu o bilhete, Bruno decidiu ir até a casa dos Visconti, resolver o problema com Filippo. Ele ainda se lembrava do caminho, e para sua sorte, a família não tinha se mudado.

A casa deles era bem grande, mas não chegava a ser uma mansão. Os Visconti já fizeram parte da nobreza italiana, mas não agradaram muito. O casarão ficava de frente a praia, em uma parte mais isolada do vilarejo. Os jardins chamavam a atenção, eram enormes e muito bonitos. Ao fundo da casa, tinha uma piscina com algumas redes e mesas.

Era realmente um lugar incrível, mas Bruno não veio admirar a casa.

- Senhor? - Um dos empregados de Filippo disse batendo na porta.

- O que você quer, Guillermo?! - Filippo falou dando um nó em sua gravata. - Eu estou atrasado, se não for urgente, você tá na rua!

- Perdão, senhor. - Guillermo entrou no quarto. - Tem um homem procurando o senhor lá fora, ele disse que era amigo de infância da sua ex-esposa.

- Hummm... Acho que é o Bruno... Escute bem, eu desconfio que ele tá escondendo alguma coisa. Prepare o meu arpão, talvez eu precise.

- Sim, senhor.

Bruno estava esperando na grande sala de estar do casarão. Ela era bem bonita, mas o que chamava a atenção, eram os quadros na parede. Eles pareciam ter sido pintados à mão, mas em nenhum deles, era possível encontrar Gabriele ou Ercole, apenas outros parentes de Filippo.

- Bruno, ma che cosa buona! O que faz aqui, amico? - O homem desceu as grandes escadas.

- Amigo? Eu não diria isso...

- Ah, per favore! Não diga isso, tenho certeza que podemos nos considerar amigos!

- Quem sabe um dia, né? Mas enfim, eu vim aqui, porque tenho um assunto importante pra tratar com você.

- Infelizmente, eu estava de saída! Preciso resolver alguns problemas, mas se você falar rápido...

- Ok, eu não vou demorar. Me contaram que a Gabriele foi morta por um monstro marinho, isso é verdade?

- Ah, foi sim... Foi um dia horrível para todos nós! Aquelas garras medonhas, e as três cabeças... Ai! Eu não gosto nem de lembrar!

- Garras, e três cabeças? Puxa, que horror! Eu não sabia que monstros marinhos tinham essas coisas!

- Mas tem! E não posso esquecer dos tentáculos, e dos olhos vermelhos e brilhantes! Gabriele lutou até o último minuto, mas não resistiu... Eu consegui salvar apenas o Ercole, mas foi um lindo sacrifício, não acha?

- É, realmente. Mas mudando de assunto, você é dono daquela grande biblioteca na parte leste de Portorosso, a tal "Libreria Visconti"?

- Óbvio que sim! Aquela biblioteca é um sucesso internacional, e meus livros também! A maioria lá, é de minha autoria, e vencedores de muitos prêmios!

- Você é um grande escritor, e muito criativo. Isso explica tudo aquilo sobre os monstros marinhos.

- QUÊ?! Eu não inventei nada, realmente aconteceu!

- É tudo invenção, sabe como eu sei? - Bruno pegou a jarra de água que estava sobre a mesa, e derramou em si mesmo.

- V... Você é... GUILLER... - Bruno tapou a boca de Filippo com a cauda, e segurou o homem fortemente.

- Eu tenho uma proposta mais interessante pra você, que me matar agora... - Bruno o soltou. - O que acha?

- O que quer de mim?!

- Eu sei que dois garotos, Luca e Alberto, humilharam o Ercole. Alberto é meu filho, e se quiser, eu te deixo matar os dois.

- Quer que eu mate seu próprio filho?!

-  E por que não? Você quase matou o seu!

- Como você sabe disso?!

- Eu não sabia, foi um chute. Mas pela sua cara, já vi que é verdade... E você matou sua própria esposa, o que diram disso em Portorosso, quando descobrirem?! 

- Você não vai contar, vai?! - O homem se desesperou.

- Isso seria o certo a se fazer, não é?

- Piedade, eu imploro! - Filippo ajoelhou-se no chão. - Por favor!!!

- Se você aceitar minha proposta, eu fico caladinho...

- Eu faço qualquer coisa!

- Ótimo. Você é o homem mais rico de toda Portorosso, então imagino que deva ter algumas peças de ouro, né?

- Ah, tá... Você quer comprar roupas melhores, não é?

- Minhas roupas estão ótimas! - Filippo revirou os olhos. - Ouro é como um veneno fortíssimo para monstros marinhos. Mata em questão de minutos, isso em adultos, imagina em crianças ou adolescentes?!

- De verdade, eu não tô entendendo... Você me revelou de graça a forma mais eficiente de se matar monstros marinhos? Por quê?

- Será que eu te contei mesmo, ou só estou te manipulando?

- Espera... Está me manipulando?!

- O que? Como descobriu?!

- Eu sou muito inteligente!

- Ou talvez, seja muito burro, e caiu no meu joguinho de psicologia reversa.

- O QUÊ?!

- É, acho que só tem um jeito de descobrir, não é? Ai, seria uma pena se durante a tal "Copa Portorosso", meu filho ingerisse ouro por acidente, que estava dentro da tigela de macarrão dele! Mas você não vai fazer isso, vai?

- Não, claro que não! Pode ficar tranquilo! - Sorriu de uma maneira maliciosa.

- Ufa, que alívio! Agora se me dá licença, tenho que ir, "amico".

- Disponha, "amico"...

Filippo poderia ser facilmente manipulável se você soubesse como usar as palavras, e Bruno sabia. Matar seu próprio filho parecia horrível, então, era melhor deixar o trabalho sujo para Filippo. Ele não sabia explicar o porquê, mas Alberto nunca o agradou, e muito menos, foi considerado um filho por ele.

Luca 2Onde histórias criam vida. Descubra agora