Capítulo 16

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Com a revelação de seu parentesco com Ercole, Luca não conseguia pensar em outra coisa. Durante o café da manhã, Daniela percebeu que o filho estava pensativo, e sem reação.

- As algas estão ruins, Luca? - Perguntou a mãe do menino.

- Desculpa, disse alguma coisa, mãe?

- Você tá tão quietinho hoje, aconteceu alguma coisa?

- Sim, algumas coisas...

- Sabe que pode me contar o que quiser, né?

- Sei, sim. Eu encontrei a Bianca Branzino ontem, e eu ainda não sei lidar com as provocações dela... E além disso, descobri que o Ercole é meu parente, olha que maravilha!

- A parte da Bianca eu entendi, mas o Ercole?! Ele não é humano?

- A vovó me contou sobre a Gabriele.

- Contou?...

- Sim, e a Gabriele, é a mãe biológica do Ercole, então, ele é nosso parente.

- Quê?! Como você sabe?! Fez teste de DNA?! Porque isso é ridículo!

- Por mais que ele seja ruim, é nossa família, né?

- Família tem limite, Luca. Não pode considerar pessoas ruins como sua família, apenas como parentes. Parentes compartilham o mesmo DNA, que não passa disso: moléculas idiotas. Família compartilha amor, que vai muito mais além de um sentimento. Amor transforma o mundo, Luca. O ódio, atrasa.

- Então, posso considerar o Alberto e a Giulia, minha família?

- Claro que pode. Vocês não precisam ter o mesmo DNA pra serem família, precisam apenas se amar como uma. E além do mais, você e o Alberto vão casar um dia, não é? E por falar nisso, qual sobrenome vão escolher? Porque bom, são dois homens, né?

- Eu não tinha pensado nisso... Não sei se nós vamos casar.

- E porque não casariam? São um belo casal, deveriam ficar juntos pra sempre.

- Nem todos os casais ficam juntos pra sempre...

- Luca, o que aconteceu?

- Eu sou um covarde, mãe!

- Você só acha isso, por culpa da Bianca!

- Não é só a Bianca! Todo mundo sabe que eu tenho medo até da minha própria sombra, o Alberto não deveria namorar alguém assim, e você não deveria me chamar de filho... - O menino abaixou a cabeça.

- Luca, isso não é verdade! Humanos tem medo de tudo o que é diferente, por isso segregaram os monstros marinhos, e matavam todos que encontravam pela frente! Tínhamos medo de ser quem somos, e vivíamos escondidos! Mas aí, você mudou isso! Foi corajoso o suficiente pra enfrentá-los, e dizer: "Sim, sou um monstro marinho, e me orgulho disso!", tem noção do quão incrível foi?! Graças a você, não temos mais que nos esconder! E daí que a Bianca ou o peixe gato não te acham corajoso?! Se hoje temos de volta o direito de existir, é graças a você!

Aquela conversa, era exatamente o que Luca precisava ouvir. Ele ainda tinha medo, mas foi corajoso o suficiente para seguir seus sonhos. E além disso, ele tinha sua família para apoiá-lo e lhe dar confiança.

- Eu consegui fazer o que sempre tive medo de tentar, e eu me saí bem! Se a Bianca ou o Ercole não valorizam isso, eu vou valorizar! Aquilo foi muito importante, e eu não posso me deixar levar por opiniões maldosas, né? Vou fazer o que a vovó disse: Responder a altura! A partir de hoje, eu, Luca Paguro, nunca mais vou duvidar do meu potencial, e nunca vou esquecer o que eu fiz na Copa Portorosso!

Luca 2Onde histórias criam vida. Descubra agora