Capítulo 3

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"Então, sabe, tem uma questão rodando a minha cabeça - Ele diz assim que saímos do seu carro e paramos em dente ao meu prédio - "Se, só se, por um acaso nós precisemos nos beijar não vai ser estranho?" - Até poderia dizer que ele parecia nervoso ao me questionar, mas convenhamos, mesmo sendo adultos essa não é uma pergunta muito normal a se fazer - "Não vai parecer meio travado?"

Paro de andar e fiquei em sua frente, o olhar dele desce até o meu.

"Acha que deveríamos ver isso antes de acontecer de fato?" - Pergunto enquanto passo a mão sobre seu suéter, fingindo limpar algo sobre seu peito e seu rosto abaixa lentamente até mim.

"Talvez" - Sua voz é quase um sussurro e me vejo quase compelida a me aproximar mais quando sua mão vai até minha cintura e lhe aperta.

Mas ao invés disso , sorri largo e me afasto dele perdendo seu toque.

"É uma boa ideia, Hastings" - Digo - "Antes do nosso final de semana, que tal?"

"Amanhã?" - ele pergunta parece levemente atordoado quando me vê longe.

"Não, talvez, garanto que vai saber quando eu beijá-lo" - Respondo alcançando a porta e então me viro uma última vez - "Obrigado pelo jantar, te vejo amanhã"

Antes de qualquer resposta entro o deixando fora. Não olho para trás enquanto caminho até o elevador e aperto para o quinto andar e observo as portas fecharem, encosto minhas costas e então vejo meu reflexo no grande espelho. Bochechas coradas, sorriso largo e meu coração acelerado, fazia tempo desde que eu tinha me divertido tanto em um encontro.

Mesmo que esse encontro fosse falso, sei que nossa conversa e a diversão foi real, foi possível sentir que estávamos nos conhecendo. Anthony não era um babaca, isso eu sei reconhecer, nossos maiores problemas sempre foram as implicâncias, rivalidade e discussões acaloradas nas reuniões.

Assim que as portas do elevador se abrem, caminho até a porta do meu apartamento e abri, logo a fechando atrás de mim e encarando o buquê de peônias que havia trazido comigo depois do trabalho. Reparei no cartão acima, havia o ignorado mais cedo e não tinha tido tempo de ler, quando abro quase engasgo.

"Fiquei sabendo que gosta de Peônias, acho que é um bom jeito de começar um relacionamento e você? Seja minha namorada falsa, Lia"

Ele realmente havia feito o pedido pela manhã, como falou para Max e Lucy e eu rio descrente. Pego o celular e então digitei uma rápida mensagem: "Quando disse que havia feito o pedido achei apenas que tinha pensado rápido, não que tinha sido literal"

"Ei, eu sou um bom namorado falso! Claro que tinha um pedido, você não viu antes?"

"Não, estava com a mente ocupada demais com raiva pelo showzinho que essas flores fizeram no escritório. Só peguei o cartão agora"

"Bem, então quer dizer que levou o buquê para casa e não jogou fora, como disse que ia fazer"

Malditos dedos que não souberam o que responder, mas de que ia adiantar mentir? Já havia me entregado mesmo.

"Não se preocupe, bom saber que as guardou com você. Aliás, me deve um beijo, até seu porteiro ficou meio decepcionado"

"Não deveria estar dirigindo? Me parece muito a vontade me respondendo"

"Estou parado em um posto, abastecendo. E ainda me deve um beijo, boa tentativa"

Um Acordo VantajosoOnde histórias criam vida. Descubra agora