9. Quando eu compro batatas chips pra ele

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Baz costumava comer batatas chips sabor sal e vinagre em nosso quarto em Watford (nunca quando eu estava olhando). Ele jogava todas as migalhas entre nossas camas e achava que eu não percebia — aparentemente, só não fui capaz de perceber o que sentia por ele.

Teve esse dia que eu estava no mercado sozinho e acabei passando pela sessão de porcarias: lá estavam os pacotes da mesma batata. Eu nem sabia se Baz ainda gostava delas, mas comprei mesmo assim, mais pela piada do que qualquer outra coisa (e eu comeria de bom grado se ele não quisesse).


— Merlin, você lembra! — Baz sorri quando vê a embalagem reluzente que lhe ofereço, seus olhos brilhando.

Ele estava digitando no celular quando cheguei, sentado no sofá azul-marinho da sala (Penny o tinha deixado cor-de-rosa uma vez, tentando me lançar um feitiço, mas Basil desfez isso mais tarde). As pernas longas dele estão esticadas sobre a mesinha de centro que compramos recentemente.

— Ainda são suas preferidas?

— Definitivamente — Baz vai logo abrindo e comendo, sem cerimônias.

Sento ao lado dele e pego suas coxas, puxando suas pernas para o meu colo. O assisto por um momento.

— Você, por acaso, planeja dividir comigo?

— A única coisa que eu planejo é derrotar você, Snow — ele dispara, mas já me estendendo o pacote. Eu o recuso, sorrindo.

— Pode ficar — Baz lambe os dedos (coisa que ele raramente faz) e ainda assim consegue não ser deselegante. Ele me encara como se dissesse "quem é você e o que fez com meu namorado?". — Vai precisar de energia se quer me derrotar — meu tom de voz é mais sacana do que eu mesmo estava esperando. Os olhos dele cintilam.

— Isso, por acaso, é um desafio?

— Uhum — ainda estou sorrindo para ele.

— Me deixe só terminar minhas batatas, gatinho.

E ele acabou comigo ali mesmo, no sofá.


A segunda vez que eu lhe trouxe um pacote dessas batatas foi num dia ruim — ele estava chateado, depois de encontrar o pai. Assim que viu o que eu tinha em mãos, Baz deu um sorriso, e eu sei que foi porque lembrou do que houve da primeira vez. Ele me beijou a bochecha e agradeceu. Nesse dia, comemos as batatas juntos, enquanto Baz conversava comigo sobre a homofobia do pai.

Na terceira vez, eu tinha voltado do trabalho e estava esperando ele chegar da faculdade. Baz tinha passado os últimos dias focado num trabalho complicado para a disciplina de um professor chato e eu queria, sei lá, fazer algo para animá-lo. Ele me deu um abraço tão gostoso (e alguns beijos igualmente gostosos) quando lhe entreguei a embalagem.

Penso que podia ter comprado um pacote para quando ele chegasse de Oxford, mas agora é tarde.


***

NOTAS:

Há uma fanfic no meu perfil que tem relação com esse tópico da lista! O título é "Batatas com sal e vinagre".

a lista do Baz, por Simon SnowOnde histórias criam vida. Descubra agora