8. Quando eu faço massagem nos seus pés

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Eu, particularmente, gosto quando Baz massageia minhas costas (ou minha cauda), quando ele senta sobre minhas coxas na cama e pressiona minha pele com suas mãos geladas. Os meus ombros, entre minhas asas abertas — às vezes nem elas escapam, o que é bem gostoso; graças a Baz descobri pontos delas que ainda não conhecia, músculos que relaxam sob os dedos longos dele.

Baz prefere receber massagem nos pés. Aprendi isso no dia em que fomos comprar a mesa de jantar na Ikea, poucos meses atrás.


Chegamos em casa e Baz foi direto para o banho. Eu fiquei fazendo sanduíches e chá. Escolhemos uma mesa redonda, de madeira, e quatro cadeiras combinando, com um estofado legal. Não é como se fossemos receber tanta gente de uma vez para um jantar. E, bom, ele é um mago, afinal de contas — a maioria das pessoas que conhecemos faz magia, eles que consigam seus assentos.

— Meu celular tá com você? — ele questiona, vindo para sala, onde o estou esperando. Está vestindo uma camiseta e calças de pijama, automaticamente quero abraçá-lo.

— Não sei — checo os bolsos do meu jeans. — Ah, tá sim. Quando foi que veio parar aqui? Sua calça não tinha bolso? — digo, devolvendo a ele.

— Aquela hora que decidimos as cadeiras e você me abraçou. Estava na minha mão e coloquei aí pra te abraçar direito — Baz senta no sofá, longe o suficiente para colocar os pés sobre minhas coxas.

— Ah, eu nem percebi.

Nos servimos de chá e comemos os sanduíches, ainda falando sobre as compras. Aproveitamos para trazer mais um jogo de lençol e fronhas — ele me disse para escolher, então peguei um com estampa de triângulos dourados.

— Merda, a gente esqueceu de comprar os potes de vidro! — digo.

— Sabia que estávamos esquecendo algo. Tudo bem, voltamos outro dia.

— Dá pra ir amanhã — ele solta um gemido, fazendo careta.

— Amanhã não. Meus pés precisam se recuperar de hoje.

— O que aconteceu? Você se machucou? — olho os pés dele apoiados no meu colo.

— Não. Não aconteceu nada. Só estão doendo um pouco, do tanto que andamos — realmente, foram horas de indecisão até escolhermos as cadeiras. Paramos para almoçar. Tomamos sorvete...

Eu termino de enfiar o sanduíche na boca e limpo os dedos melecados de manteiga e geléia na minha calça. Os pés dele são extremamente gelados, sempre. Agora não estão diferentes.

— Outro dia então — concordo, após engolir.

Me ajeito no sofá, dobrando uma das pernas sobre o assento, virando um pouco mais na direção dele. Mantenho um padrão de movimentos circulares com meus dedos num pé, depois no outro.

— Não tenho ideia do que estou fazendo — confesso. Baz ri soltando ar pelo nariz.

— Está gostoso.

— Mesmo?

— Sim. Suas mãos são tão quentinhas.


Repeti isso mais algumas vezes — na última usei um hidratante cheiroso que Baz tem. Quero fazer isso sempre. Quero fazer tanta coisa por ele. Para ele. Por nós. Às vezes quero fazer tudo de uma vez, o desespero toma conta de mim.

Mas eu lembro de respirar. Lembro que temos tempo. Dia após dia. Hora após hora. Minuto após minuto. Segundo após segundo.

Eu não vou embora, eu quero ficar.

Baz também não vai. Ele me ama.

Eu o amo tanto.

Eu confio nele de olhos fechados.

a lista do Baz, por Simon SnowOnde histórias criam vida. Descubra agora