10. Quando eu o acordo com beijinhos

643 65 5
                                    

Quero dizer, eu não acho que ele ame toda vez que eu faço isso — todos temos dias ruins, não é? —, mas normalmente ele dá um sorriso e se aproxima de mim, se aconchegando em meu peito, em minhas asas, antes mesmo de abrir os olhos.

Quando Baz o faz, eu prossigo com os beijos (nariz, bochechas, testa, queixo) até que ele finalmente me olhe, sonolento, com aquelas irises cinzas brilhantes. Aí eu o beijo um pouco mais, só porque é bom — e porque ele consegue ser muito sexy quando acorda, com as pálpebras fracas demais para abrir mais que uma frestinha.

De manhã sua pele é menos gelada — acho que por passar a noite inteira agarrado a mim e debaixo do edredom —, mas nunca completamente quente. A sensação é tão boa em meus lábios, sob meus dedos quando o abraço (dormimos ambos apenas de cueca, de modo que há apenas pele para tocar), quando escorrego as mãos pela sua cintura, costas.

"Bom dia também", ele diz com a voz rouca, praticamente ronronando em meu ouvido, e eu tenho certeza que nunca mais quero que minhas manhãs sejam de outra forma.

Percebo agora como a cama está vazia sem ele. Tão vazia... Sem suas mãos em mim. Sem suas pernas enroladas nas minhas. Eu abraço mais forte o travesseiro dele... cheiroso... mas não tanto quanto ele... Penso em ligar, só para ouvir sua voz antes de dormir... para dizer boa noite... vou ligar... daqui um segundo...

Eu acordo com o colchão se movendo e Baz entrando sob o edredom, roubando o travesseiro dos meus braços. Resmungo. Não devo ter acordado ainda. Devo estar sonhando. Ele se aproxima. Está sem roupas — de cueca. Gelado. Muito gelado.

— Estou sonhando? — minha voz sai baixa, falhando e muito rouca. Ainda não abri os olhos.

— Desculpa, te acordei? — ele está mesmo aqui. O abraço por um momento, ele estremece.

— Sim. Vai ter que pagar por isso

— Vou?

— Uhum.

Enfim descolo as pálpebras. Ele está rosadinho, deve ter bebido algo antes de vir. Seus cabelos repousam lindamente em sua pele. Eu o empurro com jeito e rolo por cima dele, deixando todo meu peso sobre seu corpo, enfiando o rosto em seu pescoço. Cheiroso pra cacete. Como água corrente e cedro e bergamota.

— É assim que vou ter que pagar? Com você me esmagando? — ele sobe os dedos frios pelas laterais do meu torso enquanto diz.

— Sim. Sinta minha fúria — Baz ri.

— Estou sentindo sua ereção matinal.

— Que bom. Sinta mesmo — Baz ri mais, fazendo nossos corpos chacoalharem um pouquinho.

Eu saio de cima e o puxo para mim outra vez, retornando à posição anterior (de lado, de frente para ele), fechando a asa em suas costas. Minha cauda se enrola em sua panturrilha. Sua coxa se enfia no meio das minhas.

— É horrível dormir sem seu calor, agora que estou acostumado — Baz fala perto da minha boca. Seu nariz tocando no meu, seu hálito cheirando a creme dental (o meu deve estar terrível; ele nunca parece se importar). Acaricio sua bochecha.

— Senti sua falta também — me cai a ficha de que já é outro dia. — Que horas são? Não achei que você fosse voltar tão cedo.

— Saberia se tivesse visto minhas mensagens ontem — ele retruca, com a sobrancelha erguida, mas não está brigando de verdade.

— Desculpa. Cheguei cansado do jantar na minha avó, só me joguei na cama e dormi. Ia te ligar, mas capotei. — A expressão de Baz muda, seus olhos varrem meu rosto. — O que foi? Eu não-

a lista do Baz, por Simon SnowOnde histórias criam vida. Descubra agora