capítulo 6: Vigília noturna.

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Assim que terminada a luta todos ficaram abismados com o que tinha acabado de acontecer.
Como é que David, o moreno mais durão do bairro, poderia ser derrotado por alguém tão fraco como Chris. Não poderia ser verdade, não, eu...
- ... Eu me recuso a acreditar nisso! - disse Pierre partindo desesperado para para cima de Chris com uma faca de verdade.
- Eu não vou deixar você mandar em mim! - gritou enquanto tentava golpea-lo.
Tendo de se defender de uma faca grande como aquela, Chris recuou por um instante, mas na mesma hora se lembrou que Pierre não passava de um mal educado.
Depois de virem estes pensamentos, veio também a lembrança de uma técnica para luta punho contra faça.
Era mais ou menos, ao lutar contra alguém com uma faca, recue para o lado e segure o braço da pessoa bem forte enquanto lhe dá uma rasteira de costas.
Quando ela cair, segure suas pernas com seu corpo e pressione a cabeça da pessoa de lado enquanto aperta seu pulso, o que fará ela largar a faca.
Assim que fez isso, Chris derrubou Pierre no chão. Depois pegou a faca e feriu Pierre com um pequeno corte que ia de seu ombro esquerdo até seu quadril direito numa profundidade muito baixa, mas o suficiente para deixar uma cicatriz para toda a vida.
Tentaram impedir mas foram detidos surpreendentemente por David que a essa altura já havia se recuperado da luta. Sabendo que agora deveria proteger a Chris pelo resto da vida, como era homem de palavra, David impediu seus companheiros mesmo sabendo que Pierre iria sofrer bastante.
Ao terminar de fazer a linha, Chris disse que ele faria a janta enquanto os outros cuidavam de Pierre.
Depois de enrolado em tiras da própria camisa, Pierre recebeu a notícia de que ele e Chris seriam os vigias da noite.
A refeição foi uma sopa, uma deliciosa sopa de carne com legumes tão boa, que até apagou o medo e a dor causados pelos acontecimentos das últimas horas. Nada mau pro primeiro dia, - pensou Chris. -, se todos tivessem a idéia de me depor em grupo eu já estava morto. -
Assim que todos terminaram de jantar foram logo indo para suas cabanas deixando só Chris e Pierre do lado de fora vigiando.
- Boa noite - disse José. -
- Como assim boa noite? - disse Chris. - Vocês não vão tomar banho? -
Ao se lembrarem do banho, todos se surpreenderam com a idéia de que teriam de tomar banho sem um banheiro, e neste frio somente com a água do campo. Embora todos relutantes, viram que não teriam escolha no momento em que seus intestinos pediram serem esvaziados. Ou seja sem papel higiênico só restava ou água ou folhas.
- Não se esqueçam de cavar primeiro. - disse Chris para eles que estavam entrando dentro dos matos para esvaziar. - E não contaminem a água. - completou.
Enquanto todos se banhavam, Chris atentou para uma planta que balançava metros fora das terras recebidas.
Mesmo com a luz da lua, era possível reconhecer que planta era aquela, era uma planta tão importante quanto o fogo que possuía.
Sem ligar para vigília alguma, pegou uma das tochas e acendeu no fogo e foi na direção da planta, se é que podia se chamar de planta um pé de bambu de dez metros de altura.
Quando chegou, foi imediatamente espantando os insetos e outros animais que lá estavam e cortou com um facão de aço mesmo, um galho da espessura de dois dedos e de dois metros de comprimento.
Voltou para o acampamento sem que percebessem e começou a amarrar bem esticado um cipó que espalha pelo chão criando assim um arco, fraco mas forte para caçar patos.
Depois, procurou perto dali varas para fazer flechas e as encontrando, fez elas endurecendo elas no fogo. Com o arco completo em mãos, só precisava treinar e ajustar a pressão da corda de acordo com a força e energia necessária para ter uma flecha precisa.
Quando finalmente terminou de treinar com todas as cinco flechas, tinha a capacidade de acertar um arco a cinquenta metros de distância e uma flecha em parábola disparada em potência máxima ia em até 150 metros e numa velocidade média de 137 km por hora.
Depois de banhados e trocados, todos exceto Pierre cujo ferimento ardia devido o contato com a água, deram Boa noite e foram dormir.
Depois de alguns momentos de silêncio, Pierre puxou conversa com Chris, falando de tudo o que poderiam fazer e depois de desilusões sobre algumas coisas e confirmações sobre outras Pierre havia esquecido sua dor nas costas de tão boa que estava a conversa.
Chris havia se desculpado com Pierre pelo corte de maneira rude, pois sabia que se fosse mole não lhe respeitariam.
Enquanto conversavam, Chris percebeu novamente a movimentação estranha de outrora, e pediu para que Pierre ficasse calado e alerta. Pierre obedeceu prontamente, e prestaram atenção na direção em que vinha o barulho, 500 metros à frente, na beira do campo, uma sucuri de quatro metros estava indo em direção a um filhote de porco do mato, que assustado guinchava por socorro.
No momento em que, apesar do perigo, iam ajudar, um porco selvagem de três metros, claramente o líder dos outros, chegou com estrondo para defender seu filhote. Pesando mais de trezentos quilos, foi logo atacando a cobra com suas presas que escapavam da mandíbula.
Depois de pisotear bastante em sua cabeça, o porco começou a estraçalhar a cobra com a própria boca.
Assistindo surpresos, Pierre e Chris estavam completamente apreensivos.
Pierre porque estava esperando a cobra devorar o porco e achava que era fácil combater um porco sozinho com ferramentas.
Chris porque antes estava pensando em caçar e/ou domesticar os animais selvagens daquela região.
Mas diante de um porco selvagem capaz de destruir uma cobra forte o suficiente para amassar um homem, os dois temeram pela vida.
Quando o porco terminou de destruir a cobra, Chris chamou Pierre dizendo:
- Sabe, como não temos cachorros, vamos ter de conviver pacientemente com estes animais para que eles sejam nossos animais. Acho bom se a gente desse comida ou alguma ajuda para eles continuarem a nos defender. -
Diante da confirmação, Chris foi vigiar do outro lado. Não ia demorar amanhecer, enquanto o tempo passava, Chris buscava mais lenha para o fogo. Quando parou para descansar nem meia hora depois a aurora despontava no horizonte. Esperou os porcos irem embora para deixar Pierre vigiando enquanto banhava.
Tinham um longo dia pela frente.

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