capítulo 8

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- Julian

A luz da manhã mal tinha tocado o céu, e eu já estava em pé de guerra com meu pai. Era o nosso ritual diário, uma dança cansativa de vontades contrárias.

- Pai, pode esquecer. Eu não vou estudar naquela escola, de jeito nenhum. - Falei, com um suspiro pesado e os olhos girando em desdém.

Ele me encarou, a fúria desenhando linhas profundas em seu rosto.

- Julian, eu já disse que você vai e pronto final. Eu estou pagando, então não há discussão - Retrucou ele, com a voz elevada pela raiva.

Eu me levantei, enfrentando-o com toda a força da minha juventude.

- Pai, eu simplesmente não ligo se você está pagando ou não. Quem vai estudar sou eu, quem vai à escola sou EU, e não você. Então eu tenho o direito de escolher onde estudar. Estamos entendidos? - desafiei.

Ele se levantou, sua presença como uma tempestade prestes a estourar.

- JULIAN, vou repetir mais uma vez. VOCÊ vai estudar naquela escola, querendo ou não. Eu pago por tudo nesta casa, tudo o que você tem é graças ao meu esforço. Então, se eu digo que você vai estudar lá, é porque você vai. Não quero mais ouvir nenhuma palavra sobre isso - Declarou ele, finalizando a discussão.

Minha mãe, sempre a mediadora, segurou minha mão, buscando acalmar as águas.

- Filho, me diz por que você não quer estudar lá? É um dos melhores colégios do Rio de Janeiro, e você não estará sozinho. Terá a companhia dos seus primos Luke e Thomas - Falou ela, com uma voz suave.

Eu olhei para ela, a frustração borbulhando dentro de mim.

- Mãe, aquela escola é um ninho de gente mimada e arrogante. Patricinhas e mauricinhos que se acham melhores que os outros só porque seus pais são ricos ou famosos - Expliquei, com amargura na voz.

Ela me encarou, seus olhos buscando os meus.

- Não é totalmente verdade. Também tem alunos bolsistas lá, pessoas que ganharam uma chance de estudar por mérito - Argumentou ela.

Meu pai, terminando seu café, lançou um olhar final.

- E é só por isso que você não quer estudar lá? Julian, você é um ALBUQUERQUE, filho de um dos empresários mais importantes do Rio. Ninguém vai te esnobar ou te humilhar por isso - Falou ele, com uma certeza que só os pais têm.

A conversa com meu pai já estava se tornando um disco riscado, sempre a mesma música cansativa. Eu cruzei os braços, firme na minha posição.

- Pai, não vamos começar com isso de novo. O senhor sabe que eu não me defino pelo sobrenome Albuquerque. Eu nunca humilharia ninguém por causa disso, e além do mais, ninguém precisa saber que sou seu filho - Falei, tentando manter a calma.

Ele me lançou um olhar rápido e se despediu, a pressa evidente em sua voz.

- Sua vida pessoal pode não ser da conta de ninguém, mas isso não muda o fato de que sua mãe vai te matricular hoje. Agora, preciso ir, ou vou me atrasar - Falou ele, já se afastando.

proibido se apaixonar (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora