- Henrique
O despertador insistia em me arrancar do mundo dos sonhos, mas eu resistia, abrindo os olhos com relutância. A luz do dia era um inimigo que eu tentava bloquear com a coberta, mas o sono já estava fugindo, escapando como areia entre os dedos.
Ignorava os chamados e as batidas na porta, até que a voz da minha mãe atravessou a barreira da minha indiferença.
- Henrique, não vou repetir, levanta logo ou vai se atrasar pra escola! - Ela gritava, e eu sabia que não tinha escapatória.
Resmungando, me sentei na cama, ainda preso na teia do sono.
- Já tô de pé, mãe - Respondi, só pra ela me deixar em paz.
O celular piscava com as lembranças da noite anterior, e um sorriso malicioso brotou nos meus lábios ao pensar na reação do Julian hoje. Aquele sorriso foi o empurrão que eu precisava para sair da cama.
O banho foi um ritual lento, quase como se cada gota me ajudasse a despertar. O uniforme, o tênis, o relógio, tudo parecia parte de uma armadura escolar que eu vestia sem vontade. O espelho refletia um rosto que mais parecia saído de um filme de terror - olheiras profundas e um ar de quem perdeu a luta contra o sono.
Desci para a cozinha, onde minha mãe já preparava o café com aquele ar maternal que só as mães têm.
- Bom dia, meu amor - Falou ela, e eu não pude deixar de retribuir.
- Bom dia, mãe. Carol já desceu? - Perguntei, já mordiscando um pedaço de pão.
- Sua irmã saiu cedo, pegou o ônibus - Ela informou, sentando-se à mesa.
O café da manhã foi rápido, e logo eu estava de volta ao quarto, pegando a mochila e me despedindo com um beijo na bochecha da minha mãe. O carro já me esperava, e eu descia a comunidade com o vidro abaixado, cumprimentando a todos com um aceno ou uma buzinada. Não demorou até chegar na casa do Victor, que já me esperava, pronto para mais um dia de rotina escolar.
- Milagre hoje você chega mais cedo! - Ele falou colocando o cinto, enquanto dou partida
- É, hoje eu tinha que chegar mais cedo mesmo - Falei, esboçando um sorriso enquanto ligava o carro.
- E qual é a razão dessa pressa toda? - Victor perguntou, fazendo aspas com os dedos no ar.
- Dá uma olhada no porta-luvas - Sugeri, e ele abriu rapidamente.
- Ué, de quem é esse iPhone? - Ele me questiona, com um olhar de curiosidade.
- Que tal tentar adivinhar? - Provoquei, e ele me olhou, surpreso.
- Não me diga que é do Julian? Como foi parar aí, ele esqueceu no carro? - Victor disparou uma série de perguntas.
- Foi simples. Quando estava levando ele pra casa, começamos uma discussão boba, ele disse algo que me irritou, então parei num posto e pedi pra ele pagar o frentista. Aproveitei e saí com o carro, deixando ele lá. Só depois vi que o celular tinha ficado no porta-luvas - expliquei, com um sorriso malicioso.
Victor não se aguentou e começou a rir até ficar vermelho.
- Cara, ele deve estar furioso contigo - Falou ele, entre risadas.
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proibido se apaixonar (romance gay)
Roman pour AdolescentsJulian Albuquerque é um garoto marcado por cicatrizes emocionais profundas. A dor de traições passadas o levou a construir muros ao redor de seu coração, protegendo-se de futuras decepções. Ele vive em um mundo onde a bondade parece inexistente e o...