proibido se apaixonar (romance gay)

Capítulo 26

– Julian

No rescaldo de um sábado à noite efervescente, o domingo trouxe consigo uma quietude inesperada. Lá estava eu, recluso em meu próprio lar, não por ressaca — pois pouco havia bebido — mas sim por uma exaustão que se apossara de mim, fruto da novidade que era frequentar ambientes tão agitados. Meu corpo, desacostumado, reagia à sua maneira, exigindo repouso.

A ausência de motivação para sair era palpável, ainda mais com a mensagem de Carol, informando que não nos veríamos; ela estava fora do Rio de Janeiro. Uma pena, realmente. Havia uma curiosidade genuína em saber como ela estava, pessoalmente, após a noite em que bebeu por mim e por Thomas — uma noite que nos incumbiu de garantir sua chegada segura em casa. Felizmente, ela não chegou ao ponto de vomitar, mas a embriaguez era evidente.

Após assegurarmos que Carol estava segura em seu lar, Thomas e eu decidimos que era hora de partir. O relógio já marcava quase cinco da manhã quando, por sorte, conseguimos uma carona com o Alemão. Ele, assim como nós, havia se encarregado de levar Henrique e Victor para casa. Ao chegarmos, encontramos os três: Alemão, exausto na poltrona após carregar os outros dois nas costas, e Henrique e Victor, cada um entregue ao seu sofá, lutando contra o sono induzido pelo álcool. Entre eles, Alemão era o mais sóbrio, apesar de também ter bebido.

A viagem de volta foi segura, graças à prudência do Alemão, que, sem pressa e respeitando as leis de trânsito, fez questão de deixar Thomas em casa antes de me levar. Conversamos sobre assuntos diversos, o que tornou o ambiente no carro agradavelmente tranquilo. Ao me despedir, agradeci-lhe profundamente, mas ele, humilde, disse que não havia necessidade de agradecimentos — era o mínimo que poderia fazer, já que Henrique não estava em condições de cuidar de Carol.

Enfrentei então a última verdade da noite: minha própria casa. Abri a porta com o máximo silêncio possível, tentando não causar alarde, mas foi em vão. Fui surpreendido por meu pai, em sua roupa de dormir, na sala, ostentando uma expressão nada contente. Ele questionou a hora tardia de minha chegada, entre outras coisas. Com alguma dificuldade, consegui convencê-lo de que não estava bêbado, apenas consciente e atrasado porque havia prometido levar uma amiga em segurança para casa — referindo-me a Carol, embora meu pai não conhecesse minhas amizades.

Após uma reprimenda quase certa, finalmente pude me retirar para o quarto. Um banho quente ajudou a dissipar o cansaço acumulado, e vesti minha roupa de dormir. Já era quase dia quando me deitei, e a luz que começava a surgir no horizonte me fez refletir sobre a loucura daquela noite. Fechei rapidamente a cortina, bloqueando qualquer vestígio de luz, e me entreguei ao sono, pronto para encerrar o capítulo daquela aventura noturna.

Era mais uma segunda-feira, 9 da manhã, e eu ainda estava suspenso da escola. Era meu último dia de suspensão, e lá estava eu, ajudando minha mãe a carregar sua mala de viagem até o porta-malas do carro. Meus pais estavam de partida para a Suíça, uma viagem de trabalho que significava que eu ficaria sozinho por um tempo. Ter a casa só para mim não era uma má ideia; já havia me acostumado com essas viagens frequentes deles.

– Tem certeza que não quer ir com a gente? – Perguntou minha mãe, enquanto acomodava cuidadosamente sua bagagem no carro.

– Lembra que eu ainda tenho escola? – Respondi, provocando um semblante triste nela.

A desculpa da escola era perfeita. Mesmo suspenso, ainda servia para alguma coisa. Eu sabia como eram essas viagens de trabalho: eles organizariam um evento de moda e apresentariam suas coleções de grife para o mundo. E eu queria distância disso, para não ter que aparecer em fotos de jornalistas ou responder perguntas sobre minha vida e a dos meus pais.