#welcometowarriors
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A viatura salta ao passar por outro desnível, me obrigando a segurar a alça de segurança com mais força. Acompanho as ruas passarem como um borrão cinzento quando adentramos o círculo interno e o som de uma explosão reverbera pela lataria do carro, próximo demais para ser considerado uma afronta. Jaehyun se posiciona contra a porta corrediça enquanto nos preparamos para entrar naquele cenário caótico e aproveito para checar a trava da arma mais uma vez. Espero não precisar usá-la, uma esperança ingênua, quase estúpida.
Volto o olhar para Donghae, nosso capitão, e ouço suas instruções com cuidado, assentindo quando necessário. Tenho meu escudo metálico firme no antebraço, ainda o modelo antigo e pesado que já deveria ter sido trocado há mais de dois anos. Nem tudo é incrível no departamento de polícia, na verdade, poucas coisas são como eu cresci imaginando.
– Unidade Delta acaba de chegar ao flanco esquerdo do protesto, aguardando ordens. – a voz severa do capitão ecoa pelo ambiente e se repete no intercomunicador que mantém o contato entre nós e o centro de comando.
– Há manifestantes no interior do prédio dos Conway, contenha o avanço deles, capitão.
– Senhor, nossa missão é escoltar os alunos do primário para a zona verde, posso enviar metade da unidade para o prédio e reunir força total depois que a missão for concluída.
– Negativo. Resguarde o banco primeiro.
O capitão mantém a expressão concentrada, sem deixar transparecer suas verdadeiras emoções ao escutar aquilo. Eu sei o que está pensando, contudo. Foi ele quem me treinou como soldado, um período particularmente difícil onde presenciei cenas absurdas que se fossem divulgadas ao público em geral trariam muita dor de cabeça aos diretores. Donghae era o tenente que exigia sangue e suor para moldar os melhores alunos da academia e isso faz com que ele seja respeitado até mesmo por seus desafetos, o que não é o meu caso.
Embora exija o impossível de nós, ele não se vale de abuso e crueldade como seus outros colegas. Seus limites morais são concretos mesmo que as intenções não pareçam tão claras e acho que, de certa forma, seu código acabou influenciando na construção do meu próprio.
– Compreendido?
– Compreendido, senhor. – ele responde entredentes, sua mandíbula está travada assim como a minha, a fim de que nenhum esboço de opinião escape de sua mente.
Já escutei muitas histórias de que, antigamente, as coisas eram muito piores que hoje, mas não consigo acreditar. Como poderia ser pior que um Estado à beira do colapso onde a maioria da população não tinha certeza se o salário cobriria o mês inteiro? Onde as forças armadas sustentadas pelos impostos altíssimos se preocupavam mais com instituições privadas que com a segurança de crianças? Se as coisas eram mesmo piores que hoje, então eu não tenho a mínima ideia de como as pessoas sobreviveram para contar tantas histórias.
– Atenção, eu quero Yves na minha ala direita, Jaehyun na retaguarda e Momo como ponta. Quando colocarem os pés para fora, tratem de manter a formação até nova ordem. Vamos começar com o procedimento padrão.
Respiramos fundo, habituados com o modus operandi do capitão. Apesar de engessar nossas posições, ele sempre faz questão de dizê-las em voz alta.
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warriors
Hayran KurguLong!fic | ação | sci-fi | fantasia Num mundo futurístico em que as pessoas buscam sair de suas realidades a todo momento de diferentes maneiras, uma pessoa desconhecida cria um jogo que lança todos à beira do inesperado. Os perigos rondam por toda...