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Pov Sn

Acho que vi John apenas 2 vezes na vida, apenas por ligação, quando éramos kids, não faço a menor ideia de como ele está hoje em dia, o que me dá um pouco de medo. Pelo que o meu pai me disse, meu tio está desaparecido, ele falou morto na verdade, mas pediu para eu não entrar em detalhes com meu primo. Enfim, isso tudo não passa de uma fachada do meu pai para viajar sozinho, vai me fazer mudar de país para fingir que está lá, presente, cuidando do John para que o conselho tutelar não o leve dali.

- Sn vem cá – meu pai diz com calma, porém num tom que não me agrada

Desço as escadas de pressa para ver o motivo do chamado, minha casa não é nada grande, apenas dois andares, o primeiro se limita em uma cozinha bem caída e uma sala com um sofá velho, meu pai não ousou tocar nossa casa desde a saída da minha mãe. A casa não era exatamente feia, apenas pequena e mau decorada.

- já arrumou suas coisas meu amor ?

Odeio quando ele me chama assim, está apenas me tratando bem porque estou fazendo um favor a ele, de qualquer modo respondo seca:

- Sim

- Obrigado por fazer isso sn, é lindo ver que faz de tudo pela familia, e modéstia parte, puxou de mim - Ele fala em tom brincalhão, o que me irrita profundamente, como ele ousa falar de familia depois de literalmente me enviar para outro país para viver sua vidinha de merda viajando? meio hipócrita não? A minha sorte é ter feito um cursinho de inglês, não que eu seja super fluente nem nada, mas se dependesse do meu pai e sua consideração, eu iria morar em outro país sem nem saber falar uma palavra.

- Ah - É tudo que consigo dizer, não quero arrumar outra discussão, quero dar logo um fora daqui e não ver mais meu pai. Apesar de pensar isso tudo, sei que só estou transformando minha tristeza em raiva. Sinto um nó na minha garganta então subo correndo, não quero que ele me veja chorando, ele não merece meu afeto, está simplesmente me abandonando para viver seu "sonho".

• • •

Para a minha surpresa, meu pai não vai "conseguir" me levar ao aeroporto.

- tchau filha, te amo

Apesar do meu orgulho e vontade de não falar "te amo" de volta, sei que esse vai ser nosso ultimo momento juntos até vê-lo novamente, o que eu acho que vai demorar um bom tempo. Bom, pelo menos até John completar 18 anos.

- te amo

Eu parto para o Uber já me esperando do lado de fora da minha velha casa, já fazia tempo que não a via como um lar. Passo o caminho do aeroporto chorando, não apenas pelo meu pai, mas também pelos meus amigos, estou deixando todos eles. Sempre me dei bem na escola, nunca fui a garota mais popular, mas sempre fui amiga dos populares, tinha muitas amizades e tenho a incrível capacidade da considerar muito todos que estão em minha volta.

Eu fiz uma festa em casa, um dia que meu pai não estava, para me despedir dos meus amigos, a festa foi uma loucura, mas não é o suficiente para acabar com minha dor, por sorte, sei que posso mandar mensagem a eles quando quiser.

• • •

O avião atrasou, o que me deu tempo para me tranquilizar e até ficar ansiosa, aliás e estou me mudando para uma ilha linda, e isso com certeza é uma experiência única. Eu amo experiências únicas, mesmo que sejam ruins, sempre digo que é "história para contar", essa é minha desculpa para fazer o que eu quiser, e é muito reconfortante também.

Aterrissando nos Estados Unidos, tenho que pegar uma balsa, conversei com meu primo e ele me disse que estará lá logo que chegar, ele parece legal, gostaria que estivéssemos nós encontrando em outras circunstâncias, mas isso é o que tem para hoje.

Acabei de avistar um cara com um placar escrito sn, tá escrito errado, mas sei que é para mim pois ele está em frente a uma vã, assim como John disse que estaria.

- John? digo perguntando, ele não faz ideia de como eu sou, nem eu dele, então espero que eu seja a única "sn" da cidade, ele assente com a cabeça, com uma expressão de surpresa e confuso – você esta tão diferente do que me lembrava. Digo, abraçando-o, não tenho certeza se é a melhor opção, mas de onde eu venho, é assim que fazemos

- Sn? Ele me pergunta depois do abraço, digo que sim com a cabeça – você também mudou bastante – noto que se esforça para abrir o melhor sorriso amarelo que tem, então me recordo de que estou aqui pois seu pai desapareceu – precisa de ajuda? Ele me pergunta apontando para as malas e eu digo que sim

- Queria que estivesse aqui por outro motivo, como você tá?

- Estou bem - Ele diz entrando no carro

O caminho até sua casa foi tranquilo e esquisito ao mesmo tempo, ambos tentamos puxar assunto, mas acabávamos em um silencio constrangedor. Quando chegamos a sua casa, vejo que é melhor do que esperava, já sabia que era um local bem humilde, me recordo de algumas lembranças do meu pai descrevendo o local.

- Sn, meus amigos estão vindo para cá, vamos dar uma volta, se quiser pode vir.

- Obrigada – digo sorrindo – mas acho que vou ficar e arrumar minhas coisas, aliás, onde posso dormir?

- Assim – ele diz coçando a cabeça, procurando as melhores palavras – você pode dormir na sala? só tem dois quartos e não quero tirar as coisas do meu pai do quarto

- Ah, claro – digo, tentando não transparecer meu descontentamento, ele estava passando por um momento difícil, e dormir umas semanas na sala não ia me matar.

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  Tomo um susto quando a porta se abre e me deparo com um garoto loiro dos olhos azuis, ele me encara confuso e me mede dos pés a cabeça

- John B, você não me avisou que sua prima tinha chegado – ele diz sem parar de me encarar

- sn certo? diz uma garota linda, enquanto dava uma cotovelada no loiro, acho que percebeu meu incomodo quando abriu o maior sorriso para falar comigo

- isso – digo, tirando minha cara de brava e sorrindo para ela – você é a ?

- Kiara, esse é o JJ e o Pope está la fora conversando com John B e Sarah

- Você é de onde? JJ me questiona, com um tom bem indiferente em sua voz

Percebo que a Kiara o encara, provavelmente porque é meio rude me perguntar isso logo de cara pois está insinuando que tenho um sotaque. Olho a Kiara sorrindo, mostrando que não me importo com a pergunta, realmente não ligo, sei que tenho sotaque, e respondo:

- Brasil

Antes que eles tenham tempo de acrescentar algum comentário, Sarah, John e Pope entram.

Começamos a conversar, me perguntei diversas vezes que horas JJ, Pope e Sarah iam embora até entender que iam dormir ali. Infelizmente Kie, a que mais gostei, foi embora pois seu pai ligou.

- Bom, vamos deitar - pronunciou Sarah, levantando e puxando a mão de John B.

Pope deve ter notado minha expressão de surpresa pois disse ao meu ouvido:

- Eles namoram

- Ah, não sabia – respondo

Life in Outer Banks - S \ nOnde histórias criam vida. Descubra agora