A sacerdotisa.

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Andrey os teletransportou para uma casa aconchegante bem no meio de uma cidade movimentada.
Nix quis saber onde estavam e ele a informou que estavam no centro de Grimmuel, onde a busca da primeira pedra começaria, eles teriam que procurar a sacerdotisa para poder ler os pergaminhos, que hipoteticamente, lhe dariam a localização da primeira pedra, Andrey lhe indicou um quarto com banheiro e disse:

– Se precisar usar antes de sairmos, fique à vontade.

Ela entrou no quarto e algo em uma cadeira chamou sua atenção, lá estava sua mochila e as roupas que deixou para secar ao sol, cuidadosamente dobradas, nem imaginava como aquilo funcionava, pois quando se teletransportaram só ela estava nos braços de Andrey. Dando de ombros, deixou para lá, afinal era muita informação para absorver.
Foi ao banheiro e jogou água fria no rosto, para tentar esquecer o calor que sentiu, quando Andrey a abraçou, ela fechou os olhos e mesmo ali, pôde sentir o cheiro dele, aquele cheiro de hortelã que a enebriava e o seu corpo quente, junto ao seu, quando ele a abraçou, a vontade de emarenhar as mãos em seu cabelo, sentir a sua boca sobre a dela e se perder nos pecados daquele corpo, foram quase demais para sua sanidade, ainda bem que enquanto viajavam entre o espaço tempo o medo lhe sobrepujou o desejo; mas agora ali, sozinha ainda, podia sentir todo o poder daquela atração absurda. Embora ela amenizasse as vezes, a grande verdade é que ela sempre estava lá a espreita, só aguardando o momento certo de se manifestar e isso a apavorava, mais que tudo, pois com o juramento que fez, não podia de forma alguma estar se sentindo tão atraída por Andrey, precisava se concentrar unicamente em quebrar a maldição e cumprir com sua promessa, porém cada momento próximo à Andrey provava que esse juramento talvez tivesse sido o pior erro de sua vida.
Nix balançou a cabeça negativamente, sem querer aceitar o caos em que sua vida se tornará, até pouco tempo sua única certeza era que amava seu lobo negro e seu maior sonho era conseguir tocá-lo agora seu maior desejo era ser tocada por Andrey de forma nada respeitável; como chegará a esse ponto de promiscuidade, desistindo de seus pensamentos conflitantes, levantou o rosto e olhou no espelho e um reflexo em seu pescoço chamou sua atenção, a corrente com pingente que fora entregue com ela no orfanato, com certeza Andrey a tinha colocado em seu pescoço, só não sabia quando, o calor de seu amuleto lhe trouxe uma sensação de calma, ela procurou por um elástico na mochila e amarrou os cabelos em um rabo de cavalo, e saiu. Andrey estava na sala, olhando pela janela, aparentemente perdido em pensamentos também  –  Ela o chamou e ele a olhou com uma intensidade arrasadora. A observou por um momento e disse:

– Vamos agora.

Então, os dois saíram pela cidade barulhenta de Grimmuel, lá parecia com as cidades medievais dos filmes de época, havia carroças, teatros de rua com fantoches, mulheres buscando água em um poço, e muitos mercadores vendendo de tudo um pouco. Fazia Nix se sentir em um mundo paralelo, era encantador e assustador ao mesmo tempo. Logo, ela chamou por Andrey que diminuiu o passo para a acompanhar, pois desde que haviam saído da casa, ele andava com uma expressão estranha, à sua frente.

– Fale. – Disse ele, respondendo ao chamado de dela.

– Você disse que aqui é a cidade de Grimmuel, mas parece uma daqueles vilas de filme, a casa em que estávamos era moderna, mas aqui, tudo parece antigo.

– Essa casa fica aqui na cidade, mas em um espaço tempo diferente, ninguém a vê. Grimmuel vive sempre nesse espaço tempo e do modo que você os vê, eles não evoluem para o futuro, pois não querem. Aqui, seus desejos são ordens e se tornam realidade.
Espantada, ela perguntou:

– Desejos de qualquer um que esteja aqui?!

– Não, apenas de quem nasceu aqui. – Ele respondeu.

– Entendi, onde vamos agora? – Perguntou ela – Ao templo para falar com a sacerdotisa Marílis, ela tem muitos pergaminhos que podem ou não nos ajudar a encontrar a primeira pedra tudo depende dela nos dar acesso aos registros ocultos nos pergaminhos, e Marílis tende a ser uma guardiã bem obstinada quando se trata de deixar alguém se aproximar desses pergaminhos raros.

A Deusa do loboOnde histórias criam vida. Descubra agora