𝐶𝐴𝑃𝐼𝑇𝑈𝐿𝑂 7

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Voltei com a segunda parte quem amou?? Espero que apreciem muito e não esqueçam de comentar e votar 😌

Boa leitura!

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Ava Sharpe Point Of View

Caminhei devagar pela rua, enquanto tentava me lembrar do caminho para onde estava indo.

Antigamente eu teria rezado para que ninguém me visse sair do prédio ou que as calçadas estivessem desertas àquela hora, mas hoje eu não me importava.

Eu simplesmente não pensava em nada, e enquanto caminhava despreocupada pela calçada, minha cabeça parecia estar estranhamente vazia.

Vazia de uma forma que eu nunca havia sentido, como se meu cérebro de repente tivesse parado de querer pensar e agir de forma automática.

Por um lado, era bom. Não pensar fazia com que eu não me lamentasse e não sofresse.

Algum tempo depois, só Deus poderia dizer quanto, finalmente cheguei a rua que eu conhecia.

Aquele lugar era o lugar em que eu tinha passado muito tempo trabalhando antes de Megan me achar e me levar para o The Hills.

Nada havia mudado.

As calçadas ainda eram sujas, fruto do final de um dia tumultuado e cheio. Aquela via comportava multidões durante o dia, que corriam de um lado para o outro e deixavam ali suas marcas. As paredes eram escuras, e todas as lojas de pequeno porte agora se encontravam fechadas com portas de ferro.

Aberto, só alguns bordéis baratos e apertados, que piscavam uma irritante luz vermelha.

Nas portas abertas, podia-se ver alguns casais sem nenhum pudor ou classe. A rua não era muito movimentada, mas vez ou outra surgiam clientes que chegavam em seus carros e escolhiam suas acompanhantes, enquanto os que estavam em pé aproveitavam a noite ali mesmo.

Espalhadas pelas calçadas, ao longo de todo o comprimento da rua, podiam ser vistas mulheres e dos mais variados tipos. Alguns conversavam entre si, enquanto bebiam e gargalhavam de qualquer coisa.

Outras esperavam sozinhas, fumando um cigarro após o outro. Todas usavam roupas vulgares e apertadas, e algumas até ousavam nas transparências.

Aquele panorama abalou um pouco as estruturas do meu muro de indiferença recém adquirido.
Lembrar daquele lugar era uma coisa, mas vê-lo novamente nas mesmas condições e estar a reviver tudo outra vez era outra.

Algo com o qual talvez eu não conseguisse lidar.

Encostei em uma das paredes com falta de ar, tentando mais do que tudo não pensar em nada.
Tentei inspirar e expirar o ar lentamente e pausadamente, para oxigenar bem o cérebro e me acalmar. Procurei na bolsa pequena que carregava algum calmante, mas não havia nada de útil ali.

Tentei ignorar as duas mulheres que riam de mim a pouco mais de três metros enquanto caminhava para uma pilastra próxima.

Ao chegar, encostei meu corpo ali e fechei os olhos, numa tentativa desesperada de não entrar em pânico.

Eu podia sentir a vontade de chorar me tomar aos poucos, e eu sabia que se me permitisse derramar a primeira lágrima, as outras seriam impossíveis de segurar.

Assim, a única coisa na qual eu me controlava era na força hercúlea que fazia para desmanchar o nó precedente ao choro na garganta, falando comigo mesma coisas do tipo ''não seja tão ridícula'' ou ''é melhor você deixar de frescura antes que seja despejada.''

𖠇𝑴𝒚 𝒔𝒘𝒆𝒆𝒕 𝒑𝒓𝒐𝒔𝒕𝒊𝒕𝒖𝒕𝒆 - 𝑨𝒗𝒂𝒍𝒂𝒏𝒄𝒆𖠇 IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora