𝐶𝐴𝑃𝐼𝑇𝑈𝐿𝑂 11

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Ava Sharpe Point Of View

Ava... acorde...

De repente, tudo que eu conseguia ver era seu rosto, um pouco longe, mas seus olhos verdes muito próximos. Fui voltando à realidade lentamente, sua presença tomando forma diante de mim.

Era ela.

Suas mãos passando suavemente por entre meus cabelos. Seu perfume me trazendo de volta à consciência mais depressa.

Depois de um breve momento, consegui me situar, e lá estava eu, de volta ao quarto de Sara, deitada em sua cama, coberta por muitos dos lençóis embolados. Ela estava ajoelhada, arrumada e perfumada com um tipo de blazer cinza claro, muito próxima ao meu rosto. Mais próxima do que o necessário.

- Desculpa lhe acordar tão cedo, minha querida. É que eu tenho que ir trabalhar....

Ava ....

Minha querida...

Foi tudo que eu consegui prestar atenção.

Pisquei os olhos algumas vezes, atordoada por causa do sono, mas com um alívio imenso em estar fora do meu pesadelo.

Que horas deveriam ser?

- E você vai ter que ficar aqui... sozinha.

Ela não tirou os olhos de mim. Também não se moveu um centímetro sequer, ou parou de me tocar. Mas eu podia ver que alguma coisa a incomodava.

- Você... vai ficar? Promete que não vai embora?

Medo.

De novo, ela estava com medo de que eu a deixasse. De novo, ela considerava essa possibilidade, e me perguntei o motivo pelo qual eu mesma já estava começando a esquecer dela.

- Eu vou ficar.

Ela continuou me encarando, como quem quisesse buscar nas minhas palavras alguma pista de que aquilo era mentira. Pisquei algumas vezes para tornar meu olhar mais firme, até que ela finalmente pareceu acreditar em mim.

- Esta é a sua casa.

Não respondi, mas ela não pareceu se incomodar.

- Deixei o número do meu celular anotado, está em cima do criado mudo do quarto de hóspedes. Qualquer coisa que você quiser, ligue pra mim. E fique a vontade. Vou estar de volta à noite.

- Ok. – Respondi, olhando diretamente nos olhos dela.

Permanecemos em silêncio por um bom tempo, e pela primeira vez em muito tempo aquele silêncio não era desconfortável. Não era um silêncio carregado de desconfianças, segredos ou perguntas caladas.

Era apenas aquilo.

Como se fosse a atitude mais natural do mundo, Sara curvou-se um pouco para baixo e me beijou delicadamente nos lábios. Eu poderia protestar por ter acabado de acordar, mas me deixei levar pela sensação de ter seus lábios tocando com tanta suavidade os meus, em um ato singelo, mas com um significado tão grande que fez com que as batidas do meu coração perdessem o ritmo.

- Até logo.

- Hhhmm... – Foi a minha resposta.

Ela saiu, me deixando sozinha naquele quarto imenso, eu fiquei ali, completamente derretida e apaixonada por ela.

Merda.

Fiquei um longo tempo me espreguiçando e ronronando feito gato nos lençóis amassados, não sabendo se queria sentir o cheiro do corpo dela ali ou o cheiro do perfume que agora estava suspenso no ar.

𖠇𝑴𝒚 𝒔𝒘𝒆𝒆𝒕 𝒑𝒓𝒐𝒔𝒕𝒊𝒕𝒖𝒕𝒆 - 𝑨𝒗𝒂𝒍𝒂𝒏𝒄𝒆𖠇 IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora