𝐶𝐴𝑃𝐼𝑇𝑈𝐿𝑂 25

855 39 7
                                    

Maratona 2/4

Boa leitura!

▲───────◇◆◇───────




Ava Sharpe Point Of View

Havia apenas duas malas no quarto: Uma minha e outra de Sara.

As restantes permaneceram exatamente onde estiveram a noite anterior toda: Ao pé da escada.

Arrumaríamos os armários depois.

- Bom dia! - Ela me recebeu com uma voz entusiasmada na cozinha, preparando algumas torradas enquanto passeava de lá para cá com um pano de prato estrategicamente dobrado sobre o ombro, dando aquele ar de cozinheira caseira.

- Bom dia. - Respondi ainda sonolenta, mas ao sair do corredor forrado por um carpete creme (assim como o restante da casa) e entrar na cozinha, com piso de tábua corrida, o atrito entre minha meia e o chão não foi o suficiente para me manter equilibrada.

Escorreguei um pouco, patinando de forma idiota enquanto tentava restabelecer o equilíbrio e não cair. Quando consegui, me segurando na porta, olhei-a outra vez. Ela estava mais branca que o normal, uma das mãos estendidas com um pote de mel no ar e os olhos tão arregalados que quase saltavam das órbitas.

Sara  me encarava estática, falando lentamente, em choque.

- Não... Caia...

Achei engraçado o fato de ela conseguir pronunciar aquelas palavras sem aparentemente mover nenhum músculo.

- Não caí.

- Quase caiu...

- Então... '' Quase.''

Fiz menção de caminhar ao seu encontro, mas ela gritou meu nome  num tom estranho e agudo.

- Porra, não me assusta assim! - Falei, querendo dar um tapa nela.

- Não... Se... Mova! - Ela falou, como se eu estivesse prestes a entrar em um campo de guerra cheio de minas terrestres. Esperei até que ela viesse até mim, me levando para fora da cozinha de volta ao carpete fofo do corredor. Ela suspirou.

- Espera aqui. Pelo amor de Deus, não entre nessa cozinha.

Sara subiu de dois em dois degraus e eu esperei, já rindo sozinha de todo aquele drama. Quando ela voltou, trazia nas mãos duas pantufas rosa-chiclete.

- Calce isso. É emborrachado embaixo.

Eu calcei sem objeções, mas só porque estava com fome. Em situações normais, debater com Sara sobre seus cuidados exagerados era divertido.

- No final dessa gravidez você vai estar grisalha, mais ansiosa e estressada.

- Só, pelo amor de todos os santos, não se machuque.

- Ok. Posso descer pelo corrimão da escada?

Ela me encarou chocada, como se eu tivesse acabado de admitir que usava drogas.

- Estou brincando. - Falei, já com medo que ela tivesse ataques convulsivos de pânico. Não tinha como negar que eu me divertia com os exageros dela, embora isso fosse cruel. Ela realmente sofria com medo de que algo acontecesse comigo e, consequentemente, à sua filha, mas suas ideias de proteção eram tão absurdas que chegavam a ser engraçadas.

Tomamos o café da manhã preparado por Sara bem devagar. Eu queria ver tudo outra vez, cada pequeno detalhe daquela casa agora na luz do dia, mas sabia que teria tempo de sobra para isso depois. Por isso, aproveitei os pães integrais, as geleias, os sucos e tudo mais que estava à minha disposição.

𖠇𝑴𝒚 𝒔𝒘𝒆𝒆𝒕 𝒑𝒓𝒐𝒔𝒕𝒊𝒕𝒖𝒕𝒆 - 𝑨𝒗𝒂𝒍𝒂𝒏𝒄𝒆𖠇 IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora