𝐶𝐴𝑃𝐼𝑇𝑈𝐿𝑂 16

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Ava Sharpe Point Of View

Não havia como negar que eu amava aquela loucura. Ria de todos eles e da dinâmica maravilhosa que acontecia ali.

Senti uma pitada de inveja de Sara por ter uma família tão linda, e de repente a saudade dos meus pais me atingiu em cheio.

Perdi a concentração no que os Lance's diziam por um momento.

Não em lamentações, mas apenas no desejo de ter Pamela e Randy ainda comigo, para que eu pudesse apresentar Sara a eles.

Tinha certeza que se dariam bem.
Então me peguei imaginando se eu teria a conhecido caso meus pais não tivessem falecido. No final das contas, foi por isso que tomei aquele rumo, foi dessa forma que ela entrou na minha vida.

Eu não sabia a resposta para aquela pergunta.
Foi só quando o ambiente ficou estranhamente silencioso de repente que despertei, vendo-os outra vez à minha frente.

Quentin olhava com uma expressão satisfeita para Sara, e Ray parecia orgulhoso com alguma coisa ou alguém. Dinah estava agindo discretamente, embora eu não entendesse do que exatamente se tratava sua discrição, dobrando guardanapos a sua frente e sorrindo um pouco boba.

Ray também lançava olhares estranhos para Sara, e Laurel, como sempre diferente dos outros, olhava diretamente para mim, com um sorriso e um olhar provocativos.

Eu havia perdido alguma coisa, mas não sabia o quê.

- Anel bonito, Ava.

As palavras da irmã caçula de Sara tiveram o efeito que ela certamente queria. Se fosse possível alguém morrer de vergonha, meu cadáver já estaria frio. Deixei que minha mão fosse parar embaixo da mesa, escondendo o foco da atenção de todos ali.

Eu estava prestes a responder alguma coisa, algo como "Hum... É... Anh..." mas graças a Deus fui interrompida por uma voz alta e grave. Eu sequer sabia de onde ela tinha vindo, mas a obedeci imediatamente.

- Saiam da minha cozinha! AGORA! Preciso cozinhar!

Não só eu, mas todos que estavam sentados pularam de suas cadeiras com o susto. Só quando estava quase na porta que notei que a ordem havia vindo de uma mulher gordinha e idosa, provavelmente a cozinheira, alguém que constatei não ter um dos melhores humores.

Mas Dinah ainda sorria ao seu lado, então talvez ela fosse sempre daquela forma "efusiva".

Deixamos que ela trabalhasse.
Fiz menção de ir para o quarto e passar o resto do dia escondida ali - meu rosto ainda fervia de vergonha. Mas Sara me arrastou para a sala de estar, agora vazia, e nos jogamos no sofá de frente para a lareira acesa - ela sentada e eu deitada em seu colo.

Ficamos em silêncio. A casa estava mais fria que a noite anterior. Ray se juntou a nós um pouco depois, agora vestindo roupas próprias para o inverno.

- Então, vocês ficam aqui até amanhã? - Ele perguntou, e pela primeira vez o que ouvi saindo de sua boca não era uma piada.

- Sim. Vamos embora às 13h amanhã. - Sara respondeu, mexendo de forma despreocupada nos meus cabelos, e eu comecei a sentir sono outra vez.

Eles se calaram outra vez. Senti os dedos dela se moverem de novo nos meus cabelos. Minhas
pálpebras, a essa altura, já pesavam algumas toneladas, e cada piscada parecia uma eternidade. O fogo dançava calmamente diante de meus olhos, o calor da sala era reconfortante. Tudo ali estava me embalando.

𖠇𝑴𝒚 𝒔𝒘𝒆𝒆𝒕 𝒑𝒓𝒐𝒔𝒕𝒊𝒕𝒖𝒕𝒆 - 𝑨𝒗𝒂𝒍𝒂𝒏𝒄𝒆𖠇 IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora