𝐶𝐴𝑃𝐼𝑇𝑈𝐿𝑂 13

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Ava Sharpe Point Of View


Eu praticamente não havia dormido aquela noite, ansiosa pela iminente viagem surpresa a qual não só me faria viajar de avião pela primeira vez, mas também conheceria a família de Sara; esse sim o fato que me preocupava.

Eles devem ser legais.

Eu repetia isso como um mantra dentro da minha cabeça, enquanto assistia  Sara dormir. Ela estava
mergulhada em um sono profundo, mas notei em alguns momentos que ela sonhava. Na maioria das vezes, dizia coisas incompreensíveis, mas quando seu rosto se contorcia em uma expressão de tristeza ou desagrado, ela instintivamente me trazia mais para perto de seu corpo, me apertando com tanta força que eu chegava a duvidar se ela estava mesmo inconsciente.

Me perguntei se ela estaria tendo algum tipo de pesadelo comigo.

Lembrei de todos os que eu havia tido com ela. Felizmente, a insônia trabalhou nisso, me deixando alerta quase a noite toda e impedindo que meus medos viessem me atormentar na forma de sonhos outra vez.

Eram 5h da manhã quando vi o relógio pela última vez e consegui relaxar nos braços de Sara.

Acordei às 10:15h sentindo um pouco de frio. Estava sozinha e com dor de cabeça, por isso tentei dormir mais um pouco, tarefa que se mostrou impossível, já que minha ansiedade não me deixava relaxar.

Tomei um banho quente e demorado, enquanto traçava planos para o resto do meu dia, pelo menos até Sara voltar do trabalho,entrei já no quarto com o intuito de começar a separar algumas roupas para nossa viagem de Natal.

Encontrei três malas grandes e discretas enfileiradas perto da parede, então me perguntei se Sara realmente achava
que eu levaria tanta coisa assim.

Ignorando as restantes, separei uma única mala para a viagem.
Escolhi as roupas mais novas por uma série de motivos. Primeiro, eram mais bonitas. Segundo, não havia riscos em fazer com que ela ou eu lembrarmos de coisas desagradáveis. Terceiro, eram muito mais elegantes do que minhas antigas peças e provavelmente seria mais apropriado me vestir dessa forma perto da família de Sara.

Mesmo assim, não deixei de colocar alguns casacos velhos e calças de moletom confortáveis, já que não fazia ideia do quão frias as noites de Londres eram.

Me perguntei se seria de bom tom arrumar as malas de Sara também, já que não sabia a que horas ela voltaria para casa, mas logo desisti da ideia porque, além de poder deixá-la desconfortável comigo tentando mexer em coisas que eram de sua responsabilidade, eu não fazia ideia de que tipos de roupas ela queria levar.

Peguei o presente ainda embrulhado e guardei na bolsa, com medo de deixasse para depois, esquecesse de levá-lo comigo. Coloquei na mala alguns sapatos, meias, peças para inverno como luvas, cachecol e touca, além de roupas íntimas. Lembrei que tinha dois vidros de perfume, mas ambos eram fortes demais. Um, inclusive, era o mesmo perfume que havia usado na noite em que nós nos reencontramos, então imaginei que Sara simplesmente odiasse.

Como única saída, empacotei junto com o restante das coisas meu creme para hematomas – que eu sabia que não a desagradaria- e fechei o zíper.

Demorei mais do que imaginava.
Olhei para o relógio, que marcava 12:30h, então pensei no que fazer para o almoço. Como estava sozinha, qualquer coisa congelada estaria de bom tamanho. Preparei no micro-ondas uma lasanha a bolonhesa e comi, tentando não pensar em nada relacionado a viagem e em tudo que poderia dar errado nela.

𖠇𝑴𝒚 𝒔𝒘𝒆𝒆𝒕 𝒑𝒓𝒐𝒔𝒕𝒊𝒕𝒖𝒕𝒆 - 𝑨𝒗𝒂𝒍𝒂𝒏𝒄𝒆𖠇 IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora