29- E agora eu tinha uma escolha.

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E agora eu tinha uma escolha.

P.O.V Tom

E lá estava eu, parado com cara de idiota mirando a porta branca do quarto a qual eu tinha sido transferido. Sem mais aparelhos ligados em minhas veias, nem nenhuma máquina. E de acordo com o médico que eu conversei, logo me será dada alta.

Eu estava até feliz que finalmente ia deixar de ver aquelas paredes tão brancas que doem na minha visão, mas por outro lado eu estava preocupado.

Na verdade, eu não sei bem, mas algo me fazia sentir mal.

Faz mais de uma semana que não vejo Harry. O Harry.

Desde o dia em que ele saiu correndo do meu antigo quarto. Também na verdade não vi mais os meus amigos. Todos meio que sumiram.

Eu passei esses dias tentando me lembrar do meu passado. Coisas como onde ficava minha casa, qual o número de celular dos garotos ou algo nem que seja sobre meu passado com Harry.

Consegui botar em minha cabeça oca finalmente que aquele é o meu Harry. Ou pelo menos o Harry que deveria ser meu.
Só ainda não consigo acreditar no quão idiota e filho da puta eu fui com o garoto. Eu lhe devo desculpas. Melhor, eu lhe devo bem mais, mas eu mal sei por onde começar. Talvez até eu nem comece.
Posso estar aparentando estar bem, mas na verdade, eu estou acabado. Passei umas duas noites dormindo direto, apenas tentando voltar ao coma. E sei o quão egoísta isso parece ser, mas não me importo.

Os médicos pensaram que era cansaço, mas não, mal sabem eles.

Você não pode me julgar.

Eu preferiria viver em um mundo onde eu não sou um babaca e que o amor da minha vida me amou e já se foi, e tenho todos os meus amigos comigo, do que em um mundo em que eu sou um babaca filho da puta que maltrata e acaba com o psicológico da pessoa que supostamente amo e todos meus amigos tenham receio de estar ao meu lado.

Mesmo que agora eu já tenha aceitado que pra lá eu não vou mais voltar, infelizmente.

Nunca mais vou ver a pessoa que amo.
Mesmo que eu tenha a chance de consertar as coisas agora...

O que eu estou pensando? Não. Se eu não me perdoaria por um terço do que eu fiz, Harry também não irá. Se bem que, ele não deve perdoar mesmo.

Torço os dedos nervosamente enquanto direciono meu olhar agora ao chão. Acho que já estou ficando incomodado com a claridade de tudo aqui.

Eu poderia dar uma volta, não? Eu praticamente não tenho mais nada, nenhuma sequela restante. Realmente como mágica. Um dia eu tô em coma, e já no outro eu estou acordado e bem, aparentemente. Uma volta não ia me fazer tanto mal...

Me levanto e vou em direção a porta, minhas pernas apesar de fracas por terem ficado algum tempo sem ser movimentadas, até que estavam se saindo bem e eu não estava mancando muito.

Saio do quarto, dando de cara com o corredor branco de lá, e opto por seguir reto, sem quase noção alguma de por onde seguir, mas o que importa é a esperança.

Depois de algum tempo andando, acabo me encontrando com uma possível empregada do local, uma senhora aparentemente com seus quarenta e poucos anos. Ela sorri e se aproxima.

— Olá Senhor, o que faz fora da cama? — Perguntou percebendo que eu era um paciente pelas roupas que usava.

— Ah, eu... — Penso, mas nem eu sabia o que estava fazendo, só achei que queria sair um pouco. — Não sei, eu fiquei entediado e quis sair...

— Você tem permissão para sair Senhor...? — Perguntou novamente como se perguntasse meu nome com uma expressão duvidosa.

— Tom. — Respondo e sorrio pequeno. — E... Tenho permissão sim. — Falei fingindo uma certeza que eu realmente não tinha.

Hybrid- Tomarry ( Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora