30- Minha solução morena.

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Minha solução morena.

• P.O.V  Tom

Meu olhar se alternava, entre a porta de saída daquela casa que em meus sonhos, era o lar de tantas boas lembranças que seriam construídas pouco à pouco, mas que na realidade, possivelmente foi o lar lembranças que não se vale a pena lembrar, e entre o garoto, encolhido no sofá, com o rosto confuso e pedinte, e um pouco mais inchado que o normal pelo choro anterior.

Eu poderia sim ir embora. Era minha a escolha. Acho que depois da nossa última conversa, não teria mais ressentimentos, cada um ia viver sua vida, e eu tentaria ser uma pessoa melhor como antes não era.
Ou eu podia ficar, tirar o moreno daquela prisão em que ele mesmo se deixou prender, e fazê - lo conhecer um novo mundo, um em que o amor não iria ferir seus sentimentos, e ele poderia ser alguém feliz. Mas o que mais me fazia ficar em dúvida era...

Será que eu sou capaz disso?

Eu posso não lembrar, eu posso achar que nunca faria algo assim com alguém, e até posso pensar que aquele Tom que ele conheceu não é a mesma pessoa que está de frente pra si agora.
Mas... E se eu for?

E se eu aos poucos começar a lembrar de tudo, e voltar a ser aquela pessoa? Eu acho que aí, nem um coma de um milhão de anos me faria esquecer e perdoar a mim mesmo, se fizesse tudo errado pela segunda vez.

E eu não sei se eu seria capaz de fazê - lo feliz. Provavelmente não...

Depois de algum tempo, e eu não sei quanto, ergo meu olhar, mesmo sem olhar nos olhos verdes do menor, pois ali eu poderia ceder, porque capaz que eu consiga deixá -lo se olhasse em seus olhos e visse o quão ele precisa de mim.
Decido por fim, deixá - lo livre.

De mim, e de todo o mal que lhe causei, apesar de não lembrar, sei o que fiz. Eu também não conseguiria ficar com o Harry do meu sonho, sabendo que fiz algo assim. Se eu não sou capaz de ajudar, eu também não posso atrapalhar.

Talvez meu erro seja ser um covarde.

— É... — Finalmente respondo sua pergunta, percebendo que chamei sua atenção pra mim, mesmo sem olhar - lhe nos olhos. — Eu deveria. — Respondo, e não espero sua reação, simplesmente ando em passos lentos até a porta, pra fazer o que eu sempre faço em situações como essa, fugir.

— Por que? — Ele chama minha atenção, com a voz em tom alto, mesmo que um pouco falhada, quando já me encontro em frente à porta de saída, e acabo congelando no local. — Por que você deveria ir embora? — O moreno volta a perguntar, e após um suspiro, me viro para sua direção, vendo o garoto em pé, olhando - me confuso. Acabei cruzando nossos olhares, e foi mais do que difícil resistir ali. Eu devia ir embora o mais rápido possível.

— Porque você não merece isso. — Respondo o que vem na minha cabeça na hora, e percebo sua expressão confusa se tornar ainda maior.

— E porque não? — Volta a fazer perguntas. —  Você mesmo disse que você não é ele, então porque tem que me deixar também? — Sua voz era calma, e não havia traços de que iria chorar em seu semblante,  não aparentes, apenas parecia cansado demais para tal ato.

— Eu não estou te deixando. — Respondi decidido, tentando ao máximo não olhar para seus olhos. Eu estava com medo agora, não dele, mas sim de mim. De não conseguir deixar minhas barreiras covardes me afastarem dessa vez.

— Acho que eu estou louco então, porque pra mim quando alguém sai pela porta, essa pessoa está indo embora. — Falou com sarcasmo em seu tom de voz, mas ainda assim não parecia agressivo pra mim, só estava atrás de respostas.

— Eu estou te livrando. — Finalizei e já me virei de costas, segurando a maçaneta da porta na intenção de correr dali.

— Você não pode livrar alguém que não quer ser liberto. — Disse como se fosse óbvio, mas logo continuou. — E você pode dizer que está fazendo qualquer coisa, mas pra mim, você está fugindo. — Respondeu simplesmente e eu parei, a porta meio aberta, e metade do meu corpo pra fora desta. Eu realmente sabia que estava fugindo. Mas ouvir de sua boca... Realmente me doeu mais do que parecia que iria doer.

Hybrid- Tomarry ( Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora