24- Eu quero ele....

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Eu quero ele...

P.O.V Tom

Acordei como se tivesse batido com a cabeça. Essa mesma doía como se até o barulho do meu próprio coração me incomodasse.
Ressaca de sexo existe?
Finalmente parei de pensar merda, e decidi levantar. Devia ser tarde, e meu gatinho ultimamente vêm andando tão fraquinho... Acho que devo fazer o mesmo comer mais.
Antes mesmo de virar para o lado e conferir o sono do Castanho - nem tão castanho assim - peguei o celular, conferindo que já se passavam das duas da tarde. Não lembro de ter ido dormir tão tarde pra acordar há essas horas, mas acho que minha preguiça tá muito grande esses dias. Pelo menos tenho meu gatinho comigo.
Sorri com o pensamento ainda de olhos fechados, que nem reparei ter fechado depois de ter visto às horas. Virei - me para o lado, como se fosse abraçar o corpo que provavelmente estava adormecido tão sonolento quanto o meu. Mas ao contrário disso, apenas encontrei o vazio. Tateei ao redor da cama inutilmente. Abri os olhos num sobressalto e olhei bem o lado da cama.
Vazio.
Suspirei. Porra Tom você tem que ser menos possessivo cara. Tu nem pediu o rapaz em namoro, já surta só porque acordou sem ele ao seu lado.
Sorri fechado. É, realmente Harry tinha aquele efeito sobre mim.
Levantei calmamente e fui em direção ao banheiro. Mal joguei um pouco de água na cara, ouvi meu celular apitar, anunciando a chamada de alguém, e revirei os olhos. Ninguém merecia ouvir a voz de uma daquelas cinco pessoas lindas - pra não dizer o contrário - em plena manhã. Mas como a escolha não é nossa, corri para atender.
Me joguei novamente na cama, e atendi o maldito telefone, sem nem olhar o número nem o nome do ser, mas descobri assim que ouvi sua voz.
" T-Tom... " A voz de Lucius saiu como em um fio, o que até me surpreendeu. Lucius não usava aquele tom de voz. Nunca, nunca.
"O que houve?" Perguntei sem me alarmar muito. Provavelmente ele queria me ameaçar por estar com saudades da gente. Falando em nós... Meu gatinho ainda não apareceu... Será que ele foi ao banheiro?
"Liga a Televisão... " Disse tentando se manter calmo, sendo que, só por sua voz eu conseguia ver claramente seu desespero. "Não surta.." Foi a última coisa que disse antes de encerrar a chamada.
Fiquei algum tempo sem entender, mas desci da cama, enfiei o celular no bolso da calça de moletom que vestia e logo me encaminhei para a sala, no primeiro andar, afinal, lá era o único local da casa que continha TV. É uma casa boa, mas sem luxos desnecessários.
Liguei a mesma usando um controle que estava por sobre a mesinha de centro, me jogando no sofá bonito logo após. A TV ligou, e em todos seus canais, continham um nome em comum em todas as notícias.
Harry Potter.
Meu coração se apertou, e meus olhos arregalaram - se. O que houve pelo amor de tudo que é mais sagrado?
Aumentei o volume o máximo que eu conseguia e tentei me focar no que a mulher de aparências ocidentais falava. Ela estava séria, mas seu semblante era feliz.
" Hoje, véspera de Natal, um milagre aconteceu, e todos de Londres estamos muito felizes, mesmo que surpresos. Harry Potter, filho da vítima morta pelo suposto assassino "Tom Riddle", confessou o homicídio da própria mãe. Estamos todos chocados, como um garoto Híbrido considerado tão doce foi capaz de uma atrocidade dessas? Nunca vamos entender essa vida. Enfim, pedimos perdão ao antigo acusado, afinal, a culpa não foi dele. Então, vejam ao vivo nosso repórter tentando falar algo com o culpado. "
Logo após a mulher terminar de falar, vi a imagem cansada de Harry aparecer na Televisão. Seu rosto estava abatido, seus cabelos totalmente esbranquiçados, em volta de seus olhos se via as olheiras profundas que já estavam roxas. Suas orelhinhas abaixadas, e pele tão pálida quanto a minha, e certamente, mais.
Estava sendo segurado por duas policiais mulheres que seguravam - lhe os braços como forma de que o garoto não caísse, já que se via bem que ele não tinha condições de andar.
A câmera de próximo do rapaz e logo o rapaz citado pela jornalista anterior como repórter, chamou a atenção do esbranquiçado, com palavras que não me dei nem o trabalho de entender, tamanho meu nervosismo.
Meu coração só faltou saltar da boca quando o garoto abriu a sua própria na intenção de falar, e depois de algum tempo tentando, conseguiu, mas apenas uma palavra.
"perdão"
E logo foi levado - arrastado - pelas mulheres para dentro daqueles muros altos.
Eu estava pasmo.
Não. Eu estava descrente.
Estava desesperado.
Subi os degraus da escada para o segundo andar - com algum risco de cair, pela correria - e adentrei meu "próprio" quarto. Baguncei toda a cama, como se fosse acabar encontrando Harry deitado ali. Mexendo suas orelhinhas castanhas de vez em quando, enquanto o peito ia de cima a baixo, num ressonar tão fofo, pelo menos para mim. Mas lá permanecia vazio e tão incompleto.
Por que Harry tinha feito aquilo? O que ele tinha na droga de cabeça dele? O que porra ele estava pensando? Por que tão egoísta?
Minha mão só faltava arrancar os fios negros da minha cabeça, e eu ainda estava tão em choque, que não conseguia derramar uma lágrima sequer.
Por que ele fez aquilo comigo?
Olhando os lençóis recém jogados no chão, vi uma espécie de papel emaranhado entre os panos. Me abaixei para pegar, e vi que ele era da cor vermelha, e estava bem dobrado, como se alguém tivesse tido o maior trabalho em fazê - lo. Assim que aproximei - o de meu rosto, senti o cheiro de Harry, e ali, arregalei os olhos e tratei de me apressar em abrir o papel.

Olá, Tommy.

O Harry pensou muito antes de lhe escrever essa cartinha. Mas ele sabe que é a coisa certa a se fazer, então, primeiro de tudo;
O Harry sente muito.
Quando a barriguinha do Harry começou a doer, ele nem se importou. Ele sabia o que tinha, mas achou que não fosse isso. Não agora, depois de tanto tempo... Quando ele começou a ficar fraco, ele começou a suspeitar, mas decidiu ficar quieto, podia ser só uma fraqueza. O Harry não queria ver o Marvy ficar triste por algo que não era certeza... Mas quando o cabelo do Harry começou a ficar branco, ele teve que encarar a realidade. A realidade de que ele não vai durar muito mais..
Quando o Harry era bem pequenininho, a Mamãe lhe contou - lhe que um dia isso ia acontecer. O Harry está doente. Desde que nasceu. Ele não iria viver até os dez aninhos de idade, e por sorte, chegou aos dezoito. Ele até pensou que mamãe estava errada. Mas mamãe nunca errava...
Não se sinta mal Tommy, o Harry não sente dor, é mais como a sensação de sentir a vida se escorregando por entre seus dedinhos... Nunca deixe isso acontecer com você Marvy, por favor.
Tommy, se o Harry tem que partir, que seja fazendo a coisa certa, não? Perdoe ele pelo que fez, mas o Tommy merece a liberdade que lhe foi tirada sem a sua culpa. Sem a culpa de nenhum de nós.
Talvez essa seja a última noite em que o Harry e o Tom vão estar juntos, então, nunca se esqueça Tommy, o Harry lhe ama.
Mesmo, mesmo! Nunca duvide.
Uma vez você me prometeu que ficaria, como ninguém nunca tinha ficado, e cumpriu sua promessa. Mas quem quebrou, fui eu.
Perdão.

Adeus Tommy.

Ali eu não me controlei, não estava mais nem aí. Minhas lágrimas saíam pesadas e escorriam por todo meu rosto. Minhas mãos se entrelaçaram entre os meus fios de cabelo, e eu não conseguia me controlar. Nem ao menos pará - las.
Me levantei da cama - onde tinha sentado enquanto lia a carta - e comecei a andar desesperadamente pelo quarto. Parecia que ia fazer um buraco no chão.
Joguei o papel vermelho longe, e sai do quarto, desci pelas escadas o mais rápido possível, e logo lá estava eu destrancando a porta e saindo pela mesma do jeito que eu estava, sem nem trocar as roupas folgadas que coloquei como pijama ontem.
Ontem...
Sou tirado dos meus pensamentos com a buzina de um carro, e um motorista me encarando raivoso.
Porra o que eu estou fazendo? Vou acabar morrendo desse jeito.
Reverencio o homem do carro e saio em disparada para cima da calçada. Ando, ando, e ando. E em nenhum momento consigo fazer meus olhos cessarem às lágrimas. As pessoas no caminho me olham um pouco estranho mas no momento, nada nem ninguém me importa.
Minha visão ficou turva, o mundo pareceu parar para mim, e num lapso, minha visão escureceu tão rapidamente quanto voltou a clarear. Ouvi algumas vozes ao fundo e fiquei estático. Logo nessa altura do campeonato eu estou ficando louco? Não, não. Eu não posso.
Balancei a cabeça, tentando a todo custo afastar essa confusão e me manter são, mas só de imaginar o meu pequeno, naquele inferno em que vivi, não conseguia me acalmar.
Me apoiei no muro de uma casa qualquer, quando sinto o mundo ao redor de mim girar, mas logo uma mão em meu ombro me faz sair de toda aquela atmosfera lúdica e tentar focar na pessoa ao meu lado.
— Senhor? Senhor? O Senhor está bem? — Perguntou, era uma mulher. Eu quis responder, mas minha garganta estava fechada devido ao choro recente. Abri a boca para tentar responder, mas só saíram soluços. A mulher franziu o cenho. — O senhor não está bem. Quer que eu ligue para alguém?
— E-eu quero ele... — Foram as únicas palavras que eu consegui falar, e a mulher parecia preocupada mas em dúvida. Provavelmente pensava, se eu estava passando realmente mal, ou bêbado.
— Olha, eu vou pegar seu celular e ligar pra ele viu? — Ela perguntou pausadamente, e eu assenti levemente, já que minha voz parecia não querer colaborar com a minha vontade.
— Eu.. Black Si-Sirius.. L-liga.— Minha visão dava lampejos de apagões, e isso já estava me deixando mais tonto do que já estava antes. Disse para eu ligar para o Sirius, afinal, ele e Remus eram os únicos que estavam na cidade— H-Harry... Chama...
Não pude terminar minha frase, pois minha vista toda escureceu de vez, e lá no fundo, eu ouvi uma voz conhecida, mas à quem eu não consegui identificar, só guardei bem na cabeça o que ela dizia.
"Volte para mim Tom.. Por favor..."
Era quase como um sussurro, parecia que a pessoa estava falando em um fio de voz, ou como se estivesse chorando antes de falar.
Minha visão não ficou clara novamente, e eu não pude mais ver ou ouvir nada.

















Então, eu apaguei.

Hybrid- Tomarry ( Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora