26- Eu quero acordar.

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Eu quero acordar.

P.O.V Tom

Não sei quanto tempo passei admirando o rosto à minha frente. Harry era lindo. Mesmo com tudo que está passando, com sua aparência cansada e doente, Harry não consegue ficar feio, ele é simplesmente lindo, e não há dúvidas disso.
Por mim, eu não falaria nada. Poderia ficar o resto da eternidade admirando o rosto do garoto, que não cansaria em momento algum. Estava claro para mim que amava Harry. Já aceitei isso faz tempo, mas poxa,  cada dia a mais eu tenho mais certeza, que Harry, é o amor da minha vida.
— Tommy.. O que está fazendo aqui? — Sua voz era suave como sempre, e agora, ele já estava frente - a - frente com aquela parede transparente de sua cela, igual à mim. Eu poderia voltar a chorar ali mesmo, só de ouvir a voz de Harry. Ela era tão linda, tão perfeita, mas me contive em apenas respondê - lo. Meu gatinho está mal, não posso trazer - lhe mais preocupações.
— Eu vim buscar você, pequeno. — Disse lhe fitando de maneira carinhosa, erguendo minha mão até a mesma tocar o material incolor, como se pudesse transpassar - lo e puxar o meu gatinho para um abraço.
Suas feições ficaram preocupadas. Seu cenho foi franzido, e a cabeça virada para o lado, em um ato absurdamente fofo - para mim, e possivelmente para qualquer um que visse a cena. - Já eu, não conseguia parar de sorrir feito bobo, ignorei qualquer pensamento sobre a morte do garoto, e foquei apenas no hoje e agora, afinal, talvez não exista um amanhã para nós.
— Não Tommy. O Marvy deve ir embora, o Harry também tem que ir, e os dois não vão conseguir se estiverem juntos. — Baixou a cabeça juntamente com as orelhinhas a medida que dizia tais frases, e eu não pude deixar de me desesperar. Ele não me queria perto? Ele já tem que ir? Eu não irei aguentar.
— Harry, por favor, eu não sei o que faria se perdesse você. — Sentia minha voz embargar e a garganta arder por força- la a falar naquele estado. E o que eu disse foi verdade, eu não posso perder Harry. Eu o amo, e ele é tudo para mim, eu nunca vou encontrar alguém como ele, e meu Deus, talvez eu enlouqueça de vez. Não quero ser abandonado aqui sozinho. Harry não pode fazer isso comigo.
— Tom... — Proferiu meu nome todo, e ergueu os olhos verdes em direção aos meus, prendendo minha atenção às orbes escuras e marejadas. — Você precisa ir, o tempo está acabando. — Falou de forma firme, mesmo que chorosa, do jeito que nunca tinha falado. Meu coração palpitou na hora. Como assim o tempo está acabando? O tempo dele está acabando? Não, não! Isso não pode acontecer!
— Eu não posso deixar você ir Harry! Por que não entende? Eu te amo tanto... É difícil pra mim ter que entender que você vai morrer, porra! — Gritei em plenos pulmões e cai ajoelhado no chão, não de fraqueza, nem de nada do tipo, e sim de tristeza. Eu não podia continuar sem meu gatinho.
— Tommy... — Ouvi sua voz mansa, e olhei na direção da mesma, vendo que Harry estava ajoelhado também em minha frente, só que do outro lado daquela maldita parede transparente. — Isso é... — Vi que ele fazia muita força para falar, como se estivesse preso em sua garganta, ou como se não pudesse proferir as palavras que queria botar para fora.  — Ahrg! — Grunhiu de insatisfação, e logo depois levantou a mão, pousando - a no material que parecia vidro.
Olhei sua mãozinha, e não pensei duas vezes antes de levantar a minha também, juntando a sua, com a minha, e mesmo com aquela parede no meio delas, eu juro que senti seu calor acolhedor. Olhei para o garoto, e ele sorria fofo, o que me levou também a sorrir, mesmo que fosse um sorriso triste.
— Harry... Não me deixa... — Pedi implorando, mesmo sabendo que não era escolha sua aquilo.
— Tommy, eu te peço o mesmo... — Seus olhos começaram a brilhar, e logo aquela cena de se partir o coração, que é Harry chorando, se fez presente.
— Eu nunca vou te deixar, eu prometi, não prometi Petit Chat? — Falei rápido, pois não queria ver aquele rosto tão lindo do garoto se encher de lágrimas.
Mas vi ele se levantar em um impulso, com os olhos fechados e mordendo o lábio inferior, como se quisesse se segurar para não fazer, ou falar, algo, mas com uma última lágrima saída de seus olhinhos, ele começou a gritar.
— ENTÃO ACORDA! — Gritou nervoso, o que me fez arregalar os olhos. Era raro ver Harry gritando, e se me lembro bem, é a primeira vez que escuto, bom, primeira vez com aquele nervosismo todo.
— O quê? — Perguntei confuso, me levantando com cuidado para não cair, encarando o rosto vermelho do gatinho. Tanto pelo choro, quanto pelo nervosismo. Eu não estava entendendo nada. Eu estou acordado.
— Não, não está! — Proferiu como se lesse minha mente, afinal, eu só pensei naquela resposta, não falei. Como ele fez aquilo? — É porque tudo isso aqui é um sonho Tom!
Olhei - o incrédulo, como se ele estivesse falando a maior das loucuras. Isso não poderia estar certo.
— O quê está dizendo, Harry? — Me aproximei da cela, e ele também, estando quase colado na mesma, ainda com aquele semblante doloroso, e olhos chorosos.
— Tom, por favor, acorde... — Implorou, olhando nos meus olhos enquanto chorava muito. E aquela sensação estranha de antes se fez presente.
"Tom, por favor, acorde..." Eu sentia minhas mãos ficarem molhadas, mas sentia um calor reconfortante nelas, olhei - as assustado, e incomodado com aquela voz soando em minha cabeça. Era como se estivessem chorando em cima de minhas mãos. "Tommy.. Você me prometeu..."
Harry ainda me olhava chorando, e minha única reação era tapar meus ouvidos, mesmo que não adiantasse nada, pois era como se o choro de Harry fluísse em minha cabeça, seguido de alguns soluços audíveis e frágeis. Aquilo estava me enlouquecendo.
— Tommy, você tem que ir agora... — Falou baixo e desanimado, me tirando daquele transe em que eu estava.
— H-Harry.. — Olhei para o garoto, que levantou uma de suas orelhinhas para me escutar, fofo. — S-se isso é um sonho, eu não quero estar acordado. — Falei surpreendendo ele, e talvez, até à mim mesmo.
— Não Tom! Você não pode desistir! Não agora! — Elevou o tom de voz, dando uns tapas fracos que nem surtiram efeito na parede incolor.
— Eu não estou desistindo, você que está! — Acusei olhando - o com lágrimas nos olhos, e ele com semblante decepcionado em minha direção.
— Você prometeu Tom. — Disse baixinho, quase que sussurrado, mas mesmo assim, com toda a certeza em sua voz.
— E eu estou cumprindo. — Respondi - lhe como se fosse óbvio o que eu estivesse fazendo, e ele me olhou estranho.
— Não Tom. — Falou frio, como nunca tinha lhe visto falar, me causando alguns arrepios no corpo. — A verdade é, que você está fugindo.
Suas palavras me acertaram em cheio, e minhas pernas fraquejaram querendo ir ao chão, eu não poderia mais ficar ali.
Por que nada nos afeta, se não for verdade. E saber que sou um covarde, me deu alguns embrulhos no estômago.
— E-eu.. Tenho que sair... — Ditei desesperado para ir para algum lugar onde minhas pernas pararem de tremer, e meu corpo se acalmasse. Talvez tomar uma água até.
Mutei seus gritos e pedidos para que eu ficasse ali em minha mente, e saí me segurando nas paredes, fechando de vez em quando os olhos, impedindo lágrima ou outra se sair. Não por orgulho, mas por dor. Cada lágrima que saia parecia me quebrar por dentro.
Eu estou sonhando?
Isso pode ser verdade?
Eu realmente... Estou fugindo?
Não! Eu não estou, eu estou acordado, e Jimin deve estar alucinando pela sua doença.
Sua doença...
Eu não suportaria perder meu gatinho, mas eu não me perguntei a opinião dele a respeito.
Droga! Eu sou tão egoísta..
Mas porra, eu tenho tanta coisa ainda pra viver ao seu lado.
Nem pedi ele em namoro ainda!
Nunca vou poder casar com ele!
Nem ter filhos com quem eu amo, porque ele vai morrer.
Ou será que quem irá morrer vai ser eu?
Aquela frase surgiu em minha cabeça, e novamente minha visão ficou turva, mesmo na hora em que eu abria uma porta qualquer dando de cara com o lado de fora da construção anterior, respirando aliviado por finalmente ar entrar em meus pulmões, mesmo que o alívio não tenha durado muito tempo, pois assim que pisei no gramado esverdeado cai de joelhos ao ouvir aquela voz novamente em minha cabeça.
"Eu não queria perder minhas esperanças Tommy, mas está muito difícil..." Falou a voz chorosa, como se estivesse em uma batalha interna sobre seus sentimentos.
"Eu não quero te perder assim..." Continuou e deu uma fungada, deixando meu coração mais em pedaços do que já estava, mesmo que eu não entendesse nada do que estava acontecendo no momento.
"Só você pode sair dessa Tom.. E meu Merlin, eu não vejo minha vida sem você." Suspirou longo e logo senti algo quente e pesado sobre o meu peito e logo o barulho de choro foi ouvido, me fazendo sentir algo molhado me atingir o peito, então deduzi logo que alguém estava chorando apoiado em meu peito. Mas... Como isso?
"Eu não suportaria te perder Tommy..."  A voz praticamente gritou, senda abafada por meu peito.
Depois de alguns minutos que a voz se calou, ainda ajoelhada ao chão, sentindo as lágrimas inundarem ainda mais meu rosto, e com aquela confusão em meu cérebro, eu ouvi ela novamente.
"Acorde, e volte para seu Harry, Marvy, por favor." Disse a voz embargada e soluçante.
Só Harry me chama de Marvy.
Era realmente... Verdade?
"Eu te amo Tom." Disse a voz por último, mas dessa vez com um timbre de voz diferente, como em um adeus silencioso. Parecia se recusar a dar adeus, então falou de sua forma. Deixando claro seu amor.
Sinto meus lábios formigarem como se algo estivesse sendo prensado contra eles, e pela maciez que sinto, poderia afirmar ser um beijo. E no final, uma possível lágrima atinge a bochecha de meu rosto, e a sensação estranha se acaba.
Mas eu não quero que ele vá.




















Eu quero acordar.




























E então senti todos os meus sentidos se perderem e a luz sumir de meus olhos.
Eu estou morrendo?
































Espera...


























Eu estou acordando.

Hybrid- Tomarry ( Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora