27- O Harry que eu me lembro.

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O Harry que eu me lembro...

Abriu os olhos devagar, desnorteado por conta da claridade existente ali. Seus olhos mal conseguiam se abrir direito sem que a imensa vontade súbita de fechá - los lhe chegasse, mas a curiosidade do garoto para entender onde, e por que estava tão claro no local foi ainda maior, lhe obrigando a abrir as orbes de vez.

Era tudo muito branco e muito claro para o seu gosto, mas uma voz doce e melodiosa em contraste à música baixa que entoava se fez presente, roubando a atenção do garoto de fios negros para um local de claridade maior. Era uma grande janela, e ela era a causadora da claridade excessiva presente no cômodo. Mas rente à mesma, se encontrava a silhueta de um corpo, que era de onde vinha o som da música cantada.

In my dreams
You with me
We'll be everything I want us to be
And from there, who know's?
Maybe this will be the night
That we kiss
For the first time
...
Or is that just me
And my imagination?

Quando finalmente a música cessou, pôde ouvir um fungado baixo, indicando um recente choro.

A silhueta era de um homem, um homem baixinho, mas um homem. Não podia ver seu rosto por este estar virado em sua direção contrária, só o que podia ver era a cor diferente dos cabelos deste, Preto. Um preto profundo como a Mais pura obsidiana, mas mesmo assim sendo uma bela cor. Nem olhou o rosto do rapaz, mas poderia dizer que combinou com a mesma cor.

E foi quando o cérebro de Tom pareceu despertar. Aquele era... Harry?

Ficou abismado, e olhou bem em volta. Com certeza um quarto de hospital, além das cores claras sugestivas, os aparelhos ligados à sua pele por fios com agulhas de vez em quando faziam um som de "bip", e a "cama" onde estava deitado que parecia mais uma maca hospitalar, denunciava tal fato.

Como ele veio parar lá? Como Harry saiu da cadeia? Espera... Onde estão as orelhas de Harry?

Olhou bem o garoto de costas pra si. Não aparenta nunca ter tido algo como orelhas de gato reais por entre seus cabelos Escuros, muito menos suas calças pareciam abrigar um rabo escondido por meio delas. Aquele não poderia ser Harry, sem chances alguma. Então, quem era? Estava estranho. E Tom só sabia ficar cada vez mais confuso e desesperado por respostas.

Só acabou ignorando o último sentimento, quando focou sua atenção no garoto, que agora debruçado sobre a janela, parecia chorar. Fungados baixos envolviam o quarto silencioso, e  começou a se sentir incomodado com isso, então forçou sua garganta para falar, mas ao contrário de sua vontade, não saiu nenhum som de lá, mesmo assim lhe causando uma pequena dor na mesma, como uma fisgada. Viu que seus lábios estavam secos, e tentou ao menos umedecer eles com a ponta da língua, mas parecia não ter saliva o suficiente. Ele dormiu por tanto tempo assim?

Ignorou a fala, e tentou o tato. Levantou com cuidado sua mão, mas a mesma parecia não querer agir conforme sua vontade também. Estava fraco demais para esboçar qualquer reação com seu corpo, e se frustrou ao perceber que teria que esperar o tal garoto terminar de chorar para lhe notar, até porque, ele não dava sinal algum de que iria parar de chorar tão cedo, o que só frustrou mais ainda o moreno.

O garoto agora chorava sem freio algum, com direito à soluços e grandes fungados, parecia querer que toda sua tristeza saísse junto com as lágrimas caídas. As mãos aparentemente pequenas, cobriam - lhe a face, e a boca falava algo baixo, sussurrando na verdade, palavras que Tom não conseguia entender. Até que o de fios pretos começou a aumentar seu tom de voz, dando como o moreno ouvi - lo, porque mesmo com a voz bem embargada do outro, Tom fez o possível para entender, afinal, ele estava bem curioso quanto a tudo isso.

— Por que, Tom? — Franziu as sobrancelhas ao ouvir seu nome, mesmo que não tivesse sido direcionado à ele, já que o outro não percebeu que estava acordado ainda. — Por que com você? Por que comigo? — Continuou agora sem chorar, só com a voz bem embolada, mas não tanto que o moreno não entendesse. — Eu estou ficando sem esperanças... Mas eu não quero deixar de acreditar. — Falou baixinho dessa vez, mas Tom entendeu. — Eu ainda acredito em você Tom. — Disse por fim, tirando as mãos do rosto e se virando na direção em que Tom estava lhe fitando confuso.

Hybrid- Tomarry ( Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora