PRÓLOGO

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Anos antes...

Ela olhava para a pequena criatura ruiva que se agitava no berço, com voz suave começou a contar uma antiga história....

- Num lugar muito distante daqui, vivia uma linda menina ...- Louise descreveu sua infância e juventude. - Era impetuosa, corajosa e não se deixava vencer pelo cansaço sempre ajudando os outros, quando completou 15 anos foi apresentada à sociedade e como presente recebeu uma linda joia: uma fina corrente de ouro com um pingente em forma de gota em rubi, dentro daquela gota - duas iniciais: A e L.

Mais tarde ao se apaixonar pelo Conde de Millersay, Antony Lorenzo, sua joia passou de geração em geração simbolizando todo o amor e o brasão do Condado. Mesmo quando o sobrenome mudou para diLorenzo, continuou sendo a forma de identificar a família. Então, meu querido bebê ... hoje entrego a você esse símbolo de amor e nobreza: que lhe seja útil e traga a mesma sorte que trouxe à primeira Alícia. - com cuidado colocou o colar na criança, o sol que invadia preguiçosamente o quarto incidiu sobre o berço e refletiu na pedra que tornou-se como uma pequenina bola de fogo.

O efeito durou apenas alguns segundos, mas foi como se uma nova força invadisse o quarto vibrante e poderosa.

Cinco anos depois...

Anton Leonardi era um sucesso. Aos 32 anos já era considerado um milionário, com sua cadeia de restaurantes, mas isso levara sua adorável Louise e o deixara só com uma filha pequena.

Amava aquela pequena criatura de cabelos vermelhos e por ela faria tudo até mesmo se casar com a bela viúva Roxana Depardieu, que também tinha duas filhas: Bianca e Cléa.

E assim, Alícia ganhou uma madrasta e duas meias-irmãs. Em sua inocência estava feliz com a chegada de novas companheiras à casa, que parecia enorme e vazia sem a mãe.

Roxana detestou-a logo que a viu, a menina era uma réplica da mãe morta...

- Quero que minhas filhas recebam seu sobrenome e direitos iguais à sua filha! - exigiu. Assim, passaram a ser conhecidas como as Três Irmãs Leonardi.

Apesar da pouca diferença de idade entre elas, Alícia não era incluída nas brincadeiras e se Cléa insistisse para que brincasse, Bianca aprontava alguma maldade para que Alícia fosse castigada.

A pequena cresceu solitária, tendo apenas a companhia dos funcionários da casa e do restaurante, e dos doces que o pai lhe trazia. Tornando-se uma adolescente obesa e retraída.

A escola foi outra fase difícil ... todos eram alguma coisa pela qual eram reconhecidos.

Bianca, a Princesa, era líder de torcida; a garota mais popular e cobiçada do colégio. Desinibida, vestia roupas da moda a ressaltar suas formas: alta, pernas torneadas, com cabelos lisos e loiros na altura dos ombros, olhos castanhos com cílios longos. Tudo nela era perfeito, desde a tez pálida até os lábios cheios.

Cléa, era encantadora, uma beleza tímida mais ainda uma beleza: alta, corpo com curvas suaves e delicadas, cabelos pretos cortados em estilo pajem com uma farta franja e sedutores olhos verdes.

E, Alícia ... bem, Alícia era...

- O patinho feio! - exclamavam seus colegas de classe, o coro era puxado por Bianca.

Seus olhos eram escondidos por grossas lentes, seus cabelos ruivos estavam sempre presos à nuca, não definindo se era curto ou longo, liso ou cacheado. Mais alta do que a média das garotas da sua idade e o corpo avantajado não lhe davam maior encanto que as camisetas largas e os jeans surrados que usava.

Dedicada aos restaurantes, providenciava combinações de sobremesas e comidas que eram verdadeiros manjares.

Nem assim era reconhecida. Apenas quando servia de criada para Roxana e Bianca.

Seus estudos eram sua distração tornara-se uma poliglota falando fluentemente: francês, italiano, espanhol, alemão...e, estava começando a aprender o português. Embora fosse tímida, adorava o Brasil e o carnaval.

Enquanto Bianca e Cléa viajavam com frequência, ela ficava em casa criando suas receitas.

E também havia os irmãos Tucker, David e Richard. Os meninos mais bonitos e disputados do colégio. David era sua paixão secreta, mas infelizmente, ele nem a olhava em compensação Rick, sabia cada movimento seu e os transformava em grandes piadas. Alícia odiava-o tanto quanto amava seu irmão.

Estava com quase 15 anos, quando ouviu uma conversa entre Roxana e seu pai...

- Nunca me separei de Alícia, posso ser meio ausente mas nunca fiquei sem vê-la por tanto tempo. Além disso, ela já é solitária, ficará ainda mais ... não acho uma boa ideia! - discordou Anton.

- O colégio de moças é o melhor para Alícia, sairá de lá, uma verdadeira dama. Estará preparada para o casamento com....

- Bianca e Cléa não foram para esses colégios, por que insiste em colocar Alícia?!

- É para o bem dela mesma. Fará amizades... você vai ver como mudará seu comportamento! - persuadiu Roxana. - Pelo menos, prometa-me que vai pensar a respeito.

- Conversarei com Alícia e ouvirei sua opinião ... e então decidirei.

- Você é muito 'mole' com essa menina. Mima demais! - resmungou.

- O que disse?

- Que é uma ótima ideia falar com ela.- respondeu com um sorriso fingido.

Pressionada pela madrasta, Alícia aceitou ir para um colégio de moças na Suíça.

- Você sentirá a mudança em tudo, quando voltar à San Francisco será outra pessoa! - disse Roxana.

- Sim, senhora! - concordou Alícia com a cabeça abaixada.

Além de Anton e os funcionários, Cléa foi a única a demonstrar tristeza pela sua partida.

- Vou torcer para que dê tudo certo! - disse ela.

Assim, com 15 anos, Alícia atravessou o oceano e foi viver sozinha entre centenas de moças estranhas. 

Uma Condessa para Amar (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora