Colin e Penélope

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Penélope Feathering

Penélope amava seu trabalho. Ela realmente amava poder trabalhar com culinária, jornalismo e, tudo isso, ao lado de sua melhor amiga, Eloise Bridgerton. O grande problema é quando ela tem que cobrir, semanalmente, o restaurante de Colin Bridgerton. Ela já havia experimentado todo aquele cardápio e não aguentava mais a comida de Colin, por isso, naquela semana, ficou acordado com Eloise que ela iria fazer a reportagem do Volta ao Mundo e Penélope fazer uma estufa famosa na região. Porém, ali estão elas na reunião de pauta com sua querida, às vezes nem tanto, chefinha. 

- Mas, Dona Danbury, eu não aguento mais aquela comida. Não aguento mais olhar para a cara do Colin. 

- Mas, querida Penélope, você vai olhar para aquela carinha linda mais uma semana. Toda vez que a Eloise cobre o Volta ao Mundo, a gente recebe uma enxurrada de comentários de como é uma avaliação parcial e de como é estranho uma irmã estar chamando o irmão de gato. 

- É, isso realmente - Eloise disse se metendo na conversa do lado errado da força. 

- Então, você quer cobrir uma estufa, Dona Eloise? 

- Querer, querer, eu não quero não, né. Mas já que é o que uma chefinha decidiu ...

- E lá vou eu de novo.

***

Uma coisa que ninguém sabia sobre mim, e eu esperava que continuasse assim, era que, no colégio, eu era apaixonada por Colin Bridgerton. Aquilo era nada mais que uma decepção amorosa. A menina introvertida e nerd, apaixonada pelo cara popular e pegador da escola, porém, diferente desses filmes, nosso final não foi feliz. Estar no "Volta ao Mundo" me dava algumas liberdades, afinal eu ia naquele lugar toda semana e era melhor amiga de uma das irmãs do dono. Logo que entro, vou direto a mesa que eu sabia estar reservada para mim quando o garçom vem me atender, peço para falar com Colin e como estes já me conhecia, vai chamar o chefe. 

- Oi, Penny - Ele me comprimenta como sempre, com um beijo no rosto - Veio avaliar um de nossos pratos? 

- Acho que sim, né. Minha chefinha quer alguma coisa nova, apesar de eu achar difícil, já que a gente faz reportagem deste lugar toda semana. 

- Coisa que eu ainda não entendo porque. 

- Porque o nosso público quer ver o seu rostinho bonito. 

- Tá me chamando de gato, Penny? 

- Você é um Bridgerton, Colin, todos vocês são lindos. 

- Se você tá falando - Ele fala aquilo dando de ombros, como se aquilo não fosse comprovado cientificamente - Vou trazer seu prato. 

- Depois eu quero uma foto com você, tá? 

- Tudo bem, Penny. Já entendi que você me acha lindo. 

A última frase dita por Colin não é uma total mentira. Mesmo que eu tenha falado que isso é decorrente de seu gene Bridgerton, tenho certeza que minha paixão, que está e deve permanecer enterrada, tem voz ativa nessa decisão. Em toda minha vida, já chorei muito por aquele homem, agora era hora de seguir em frente e, tentar, esquecer as mágoas do passado. 

Colin Bridgerton

Toda semana, quando Penélope entrava pela porta principal do seu restaurante, seu coração acelerava. E Colin não sabia o motivo daquilo. Tinha até ido ao médico verificar se não estava com arritmia ou algo do tipo. Porém, naquela terça, ao ser tão elogiado por Penélope, algo que era incrivelmente maravilhoso, foi o motivo daquilo. Quando criança, a implicância com Penny era constante. A menina vivia em sua casa, graças a amizade dela com a irmã caçula, porém Colin não era grande simpatizante de Penélope. A comparava com tudo possível, inclusive coisas, que momento de sua vida sabia, eram completamente ofensivas. Graças a essa bateção desregulada de seu coração, resolveu pedir para que Daphne o ajudasse no restaurante na terça seguinte, assim não precisaria manter a mesa de Penélope e nem conversar com ela. Porém, algo que desafia, 

Naquele sábado, ali estava Penélope, sentada ao lado de sua irmã e elogiando a comida de sua mãe. A tentativa de esquecer, ou simplesmente colocar as ideias no lugar, todos aqueles sentimentos incompreendidos permanecerão assim. Tudo o que desejava era esquecer aquilo, acalmar seu coração e se sentir em paz novamente. Agora, uma dúvida que ficava era: essa paz seria encontrada com ou sem Penélope? 

***

Ele estava fugindo do próprio restaurante e tinha plena consciência disso. Estar com sentimentos complicados não era nenhum crime, porém estar com Penélope, ou até mesmo no meio ambiente que ela, não faria bem ao seu coração. 

Quando era adolescente, nunca foi muito com a cara dela. Ele sempre achava que a menina era muito grudenta e que tinha mania de perseguição com ele. Apesar disso, ao conversar com Daphne na época sobre o assunto, a irmã disse que ele estava ficando maluco e que esse era apenas o jeitinho de Penny. Desde que o Lady Whistledown passou a cobrir o restaurante, Colin vinha passando muito tempo com Penélope. Toda terça ela estava no restaurante e ficavam ali, sentados na mesa que ela mais gostava, conversando sobre séries e filmes favoritos, além de falarmos sobre nossas vidas e problemas. 

Sempre que tinha alguma dúvida sobre sentimentos, ia falar com a pessoa que mais entende sobre o assunto, mesmo que eu falasse um monólogo toda vez. Afinal, quem saberia mais sobre relacionamento do que Edmund Bridgerton? Criou o hábito de ir ao túmulo do pai, para que eles "conversassem" quando se apaixonou por Marina Thompson. Aquele havia sido seu primeiro "amor" e Colin não sabia como agir perante a esse sentimento avassalador. Não sabia se aquilo que estava sentindo era realmente amor ou simplesmente uma confusão adolescente, mas hoje, muitos anos depois, sabia que aquele sentimento era a segunda opção. 

- Oi, papai. Como o senhor está? - Colin sabia que aquilo era a coisa mais sem nexo que poderia falar, afinal seu pai estava morto a mais de 16 anos, mas mesmo assim, responder à pergunta de todas as vezes que o visitava - Sei que tem algum tempo que eu não venho aqui, me desculpe por isso. Mas dessa vez, eu acho que realmente estou apaixonado. Eu seu, eu sei. Se você estivesse aqui, falaria "Mas Colin, você não estava apaixonado por outra na semana passada?". Mas dessa vez é diferente. Eu não consigo ficar perto da mulher sem o meu coração acelerar, minhas mãos ficarem suadas e eu gaguejar a cada 2 palavras que eu falo. Ela é amiga da Elô, vai toda semana no restaurante por causa do trabalho e é incrivelmente linda. Pai, a gente tem as melhores conversas. Quando éramos adolescentes, rodou um boato na escola de que ela tinha uma quedinha por mim. O senhor sabe o quão babaca eu era naquela época, né? Eu disse ... Não, eu gritei, para a escola inteira que eu jamais iria, sequer, beijá-la. Eu fiquei brigado com a Eloise por isso durante uns 2 meses, lembra? Acho que eu já amadureci em relação a isso. Acho não, tenho certeza. 

Com isso, fico ali, parado na frente do túmulo do meu pai, pensando qual deve ser o próximo passo. Até que eu tenho aquele insight.

- Eu acho que não vou mais fugir. Não vou correr atrás, mas também não vou correr para longe. É isso, obrigado, papai!

Saio do cemitério com a sensação de que meu pai teria me dito outra coisa, porém não tenho coragem de voltar e pensar mais no assunto, ficando com aquela decisão gravada em meu coração. 

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