você é tudo que eu vejo

eu posso te beijar, marinette?

24. Reescrever as estrelas

Ladybug e Chat Noir estavam sentados no banco de uma das praças da cidade, agora que era noite o local estava totalmente iluminado pelas luzes artificiais, o que deixava tudo ainda mais bonito. Alguns metros em frente aos dois, havia uma dupla musical, um deles cantava baixo e o outro tocava violão para acompanhar, criando uma espécie de música ambiente que fazia as pessoas colocarem alguns trocados na case aberta do violão quando passavam ali.

Estava frio, e os dois sentados no banco usavam aquela desculpa para ficar colados um no outro, Ladybug até havia passado o braço por dentro do de Chat Noir e os dois estavam de braços dados aproveitando a beleza do lugar e a presença um do outro. Mas estava frio porque estava prestes a chover, como já havia chovido nos últimos dois dias, Chat Noir observava as nuvens pesadas se formando acima deles e já havia observado o bastante para que, assim que sentisse a primeira gota de chuva, soubesse onde ir com Ladybug para se protegerem.

Mesmo já sendo sexta-feira, ele não conseguiu um descanso do trabalho no começo da tarde, e só conseguiu encontrar Ladybug quando o sol já estava se pondo, depois de muito insistir para que Nathalie o ajudasse a sair de casa sem problemas. Desde que saiu da casa de Alya, no dia anterior, ele pensava em como falar a verdade para Ladybug — e qual verdade falar primeiro —, mas quanto mais tempo passavam juntos, mais parecia que seu planejamento não havia adiantado de nada, porque ele não esperava encontrar Ladybug tão tarde naquele dia, não esperava pelo céu cinzento e pela possível chuva, e não esperava que ela fosse ser carinhosa e segurá-lo tão forte enquanto eles estavam juntos ao ponto dele querer apenas derreter nos braços dela e ficar daquele jeito para sempre.

Ou talvez isso fosse ele apenas querendo adiar o inevitável, do que ele tinha tanto medo, mesmo? Não era da reação dela, com certeza não, só tinha medo de fazer tudo errado demais, porque Ladybug era perfeita, e ela merecia que ele fizesse algo perfeito para ela, mas e se não conseguisse?

E se fosse tarde demais, e Ladybug houvesse se cansado do jeito como ele parecia sempre esconder algo? E se, no mesmo período de tempo que ele havia passado pensando neles, ela fez o mesmo e acabou chegando à conclusão de que o melhor para os dois era continuar como estavam, amigos?

Aquela ideia aterrorizou Chat Noir por um momento, porque tudo o que ele queria agora era passar a ser mais que um amigo para Ladybug, queria que ela continuasse o vendo do mesmo modo que ele a havia, queria saber com certeza se ela sentia o mesmo frio na barriga e o mesmo nervosismo que ele sentia quando estavam juntos, porque gostava tanto dela que as vezes parecia que o sentimento ia saltar para fora do peito, ele queria que os dois pudessem reescrever a estrelas juntos, e que todos os toques, o cuidado, e o carinho, passassem a significar algo a mais.

Chat Noir balançou a cabeça, para espantar os pensamentos ruins que teve antes, o que fez Ladybug o olhar um pouco surpresa com aquele gesto. O garoto olhou ao redor, para as árvores, para as luzes que brilhavam como estrelas, para os dois homens cantando a alguns metros de distância, e andou em direção à eles, depois de pedir para que ela esperasse ali, não era a primeira vez que ele fazia algo assim, então a garota apenas esperou, observou Chat Noir colocar dinheiro na case do violão e falar com o cantor, enquanto o violonista ouvia e concordava com o cabeça.

Quando voltou, o garoto não falou nada, apenas estendeu a mão para que Ladybug segurasse, o que ela fez imediatamente e se deixou ser guiada até a dupla, que só começou a tocar e cantar depois que Chat Noir passou uma das mãos pela cintura dela e continuou segurando sua mão com a outra. Marinette nunca havia dançado lento com alguém, e naquele momento, mesmo com o frio da chuva iminente, ela sentiu seu rosto mais quente do que imaginava ser sequer possível.