Juliette Freire.
- Sarah? Está tudo bem? - Perguntei enquanto fazia carinho em seus cabelos.
- Sim. - Sua voz saiu baixa, quase inaudível. Me afastei um pouco dela e a olhei nos olhos.
- O que aconteceu, Sarah? O que sua advogada queria com você há essa hora? - Com o polegar limpei a lágrima solitária que escorreu pelo seu rosto. - Me fala Sarah, eu quero te ajudar.
- A Vitória está morta.
A notícia veio como um supetão no peito.
Como assim morta?
- Minha advogada me ligou só para me deixar apar da situação... - Ela se calou quando o celular que ela havia me dado começou a tocar dentro de minha bolsa.
Senti o terror espalhar-se dentro de mim. Me afastei de Sarah, peguei minha bolsa e a abri rapidamente, tremendo. Eu havia deixado o número com Carla, para me ligar em caso de emergência.
Não. Meu Deus!
Implorei em pensamento, rezando para que fosse um engano. Talvez alguma mulher ligando para o número antigo de Sarah. Mas meu medo aumentou quando vi o número de telefone de Carla no visor.
- O que foi, Carla? - Falei alto, com a voz apavorada, esganiçada, agarrando o celular com força.
- Ju... - Começou ela, com pesar na voz.
- O Bil? Foi ele? Diga, pelo amor de Deus!
- Ele... É... Ele se foi, Juliette.
Eu sabia que aquilo poderia acontecer. Os médicos avisaram que era a reta final, que não havia mais jeito. Eu já vinha me preparando há um bom tempo e na verdade não suportava mais ver o sofrimento dele. Mas mesmo assim foi um choque.
Senti como se minhas entranhas se dobrassem por dentro. Minhas pernas e braços tornaram-se estranhamente dormentes e eu senti muito, muito frio. Um frio insuportável, que me fez começar a tremer incontrolavelmente. Minha visão encheu-se só de imagens dele, nos mais variados momentos de sua vida, como se um filme passasse sem ordem à minha frente.
- Ju, escute Juliette, foi melhor assim. Ele parou de sofrer.
Eu ouvia ela muito longe. Senti uma mão em meu ombro e o celular sendo retirado de minha mão. Agarrei-o com força, sem conseguir raciocinar direito, mas sabendo que era importante ficar com o celular em mãos.
- Acalma-se, Juliette. Está tudo bem.
Tentei focalizar Sarah. Cheguei a vê-la, debruçada sobre mim, senti meu ombro molhar com suas lágrimas.
Vitória. Ela também havia partido. Eu queria poder consolar a Sarah, mas era demais para mim poder assimilar tudo de uma vez. Eu me sentia longe demais, confusa, sem conseguir pensar.
Bil estava morto.
- Dê-me o celular. Isso. Alô. Sim, ela vai ficar bem.
A voz de Sarah me fez olhá-la, tentando entender o que ela dizia.
- Estamos indo. Pode deixar. Até logo.
Ela deixou o celular no bolso e olhou-me, triste.
- Vou pegar algo para você beber e ficar mais calma.
Eu me desesperei quando ela se afastou. Quis me levantar, mas minhas pernas não responderam.
Aquela fraqueza horrível!
Eu precisava voltar para a casa. Mas parecia completamente fora de mim.
- Aqui, beba um pouco. Vamos Ju. - Sarah tocou meu rosto. Olhei-a, pedindo ajuda, sem conseguir falar. - Beba.
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CHANTAGEM - SARIETTE
RomanceJuliette encontrará o ódio e o amor na figura de uma mulher do passado.