OITO

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Juliette Freire.

Fiquei como que paralisada, sem conseguir nem pensar direito.

- É uma proposta generosa, Juliette. Quando você poderia conseguir dez mil dólares em um mês, além de uma enfermeira para cuidar do seu marido? No final de tudo, posso até conseguir um emprego para você, se isso interessar.

Franzi o cenho e balancei a cabeça, confusa.

- Não entendo. Você é rica, é linda, não precisa desse trabalho todo. - Fitei seus olhos penetrantes. - Por que, Sarah?

- Gosto de desafios, Juliette. Ultimamente tudo tem sido muito fácil. E você sempre foi um desafio. Vai ser divertido ter um brinquedo particular, sem ninguém olhando e disponível quando eu quiser. Mas não se preocupe. Se eu enjoar de você antes de um mês, libero-a do acordo.

Senti-me suja, humilhada. Tive novamente vontade de chorar e fugir dali, mas sabia que não podia sair sem o dinheiro.

- É claro que faremos um acordo por escrito. - Ela concluiu. - Caso não cumpra o contrato, eu a processarei. E você sabe que tenho meios de por você na cadeia. Tenho muitos conhecidos. Seria uma pena deixar a sua filha ir para um lar adotivo.

- Você é louca! - Levantei-me de supetão, vermelha de raiva. Minha bolsa caiu no chão e eu praticamente joguei o copo sobre a mesinha ao lado do sofá, entornando um pouco da bebida. - Deixe minha filha fora disso!

- Preciso de uma garantia. - Sarah também se levantou, deixando o copo de lado. - Você não tem nenhum bem. Mas não se preocupe. Não me interesso pela menina e só poderei usar o contrato se você não cumprir com a palavra dada.

- Não vou fazer isso!

- A porta é ali. - Ela se aproximou lentamente de mim. Ergui a cabeça, encarando-a até ela para a minha frente. Ela era um pouco maior que eu, mas bem ameaçadora de perto. - Quero uma resposta agora Juliette!

- Isso é injusto. - Respirei fundo. - Onde está a droga desse contrato?

- No quarto.

- Preciso lê-lo.

- É claro.

Segui-a por um corredor comprido até uma suíte enorme. A cama imensa, com lençóis de seda preta, deixou-me mais tensa. Procurei não olhar naquela direção e parei perto da porta.

Sarah pegou duas folhas de papel sobre uma cômoda e observou-me ler. Era um contrato simples e autenticado.

Eu me comprometeria a pegar um empréstimo de dez mil dólares em troca de um trabalho de acompanhante por um mês. Em caso de rescisão do contrato por minha parte, eu teria que ressarci-la do prejuízo, com juros. Era como se tivesse caindo nas mãos de outro agiota, só que ali não cobraria com violência, mas podendo me colocar na prisão. Não o li por inteiro, sabia que era importante lê-lo, mas para que? Só para saber que iria me ferrar ainda mais? Preferia não saber de mais coisas vindo daquele contrato. Eu só queria poder acabar com aquilo o mais rápido possível.

Ergui os olhos e encontrei os de Sarah. Uma energia pura, forte e tensa parecia fluir entre nós. Senti que toda a minha vida mudaria se eu assinasse aquele contrato e que eu nunca mais seria a mesma.

- Onde está a caneta? - Perguntei baixo.

Ela me indicou a cômoda. Em silêncio assinei as duas folhas. Ela deixou uma sobre a cômoda e pegou a outra. Só então percebi o envelope gordo ali perto.

- A metade do dinheiro. - Sarah disse friamente. - Vou guardar o contrato. Esteja pronta quando voltar.

Não a olhei quando ela saiu do quarto. Abri o envelope e vi várias notas de dinheiro lá dentro, mas não quis contá-lo. Aquele dinheiro me fez sentir nojo de mim mesma e eu deixei o envelope fechado sobre a cômoda. Abracei-me, nervosa.

CHANTAGEM - SARIETTEOnde histórias criam vida. Descubra agora