Desventuras Da Vida Adulta

05.

Scarlett

15 de janeiro.

Assim que deitei em minha cama na noite da consulta, eu não consegui parar de pensar sobre o que a Linda disse. Thomas repetiu mil vezes que o que aconteceu foi um engano, mas o que os meus olhos viram dizia o contrário. Porém eu não podia julgar ele por ser maconheiro, aliás é ele que fuma e não eu, o problema é dele.

Mas agora eu não devia pensar mais nisso, afinal, hoje meu pai e meu irmão finalmente vão chegar no Brasil. Faz apenas algumas semanas que eu vim para cá, mas a saudade deles era enorme.

Levantei apressada, fiz minhas higienes e vesti uma roupa descente para encontrá -los no aeroporto. Tomei café e pedi carona ao Ben já que o aeroporto ficava no caminho do trabalho dele.

Quando cheguei lá sentei e esperei por alguns minutos que pareceram infinitas horas, até eu ver um ser minúsculo que veio correndo em minha direção. Elliot havia se soltado das mãos de meu pai e agora me abraçava com toda força (quem nos vê assim até pensa que não brigamos o tempo inteiro) e eu retribuí me segurando para não chorar.

Logo depois o meu pai apareceu com os braços abertos e eu o abracei também, a saudade era tanta...

— Finalmente chegaram. — Eu disse.

— Não estávamos mais suportando a saudade, como estão as coisas aqui? Está se cuidando? Se alimentando bem? Dormindo direitinho? Seus amigos estão sendo legais com você? — Meu pai me encheu de perguntas.

Era engraçado ver a forma que ele agia como uma típica mãe.

— Sim pai, eu estou ótima aqui. E como foi a viagem de vocês? — Perguntei.

— O chorão aí ficou com medo quando o avião decolou e pousou. — Meu pai apontou para o Elliot.

— Ué, não era ele o corajoso? — Cruzei os braços e lancei um olhar irônico para meu irmão.

— Eu não sou chorão, okay? Foi um cisco que caiu no meu olho. — Ele cruzou os braços também e fez um bico muito engraçado.

— Claro que acreditamos nisso, amigão. — Meu pai o pegou no colo fazendo cosquinha no garoto, o que proporcionou muitas risadas. — Vamos pegar as malas e mostrar a Scarlett nossa nova casa.

— Tenho que me acostumar com o fato de que vamos morar na mesma cidade, mas em casas diferentes. Vocês são bagunceiros, mas eu sinto saudades. — Admiti rindo e os seguindo até o táxi.

— Não somos bagunceiros. — Responderam em uníssono me fazendo rir ainda mais.

Depois de tantos risos nós entramos no carro. Elliot e meu pai falaram animadamente sobre os seus dias sem a minha presença. O percurso foi assim com muitas risadas e histórias, até que tivemos que parar porque chegamos ao nosso destino. Pagamos o táxi e eu os ajudei a levar as malas para dentro.

— Uau, é muito linda! — Comentei admirando a casa de dois andares.

— Eu tenho bom gosto minha querida. — Meu pai respondeu se gabando.

— Nem se acha, não é senhor Salvatore? — Falei rindo da cara do meu pai vendo a careta que ele fez ao ser chamado de senhor.

— Senhor está no céu! Eu sou um coroa muito bem conservado.

— Parem de enrolar, eu quero ver logo o meu quarto! –Elliot interrompeu nos fazendo rir.

Passamos a manhã inteira arrumando as coisas e colocando o papo em dia. Almoçamos juntos e no finalzinho da tarde o Ben foi me buscar reclamando de ter demorado para achar o endereço.

— Esse final de semana eu vou te visitar e aproveitar para conhecer seus amigos. — Meu pai declarou antes que eu saísse.

Concordei e abracei ele e meu irmão, logo depois entrei no carro que estava com o som alto como sempre, mas que Ben abaixou assim que deu partida no carro.

— Por que nunca me contou que seu pai era um gostoso desses? — Ele perguntou.

— Ei! Olha como fala doidão.

— Mas eu não não menti.

— Só não fala isso na frente dele, ele já tem ego demais. — Respondi rindo e me lembrando da cena de hoje mais cedo.

–Como não vou aumentar um ego de um bonitão desses? Scarlett seu pai acaba de se despedir da vida de solteiro, porque eu estou na área. — Ben falou fazendo uma dancinha.

— Você não presta. — Afirmei não conseguindo segurar a risada.