Me rendo ao meu desejo

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Ele entrou debaixo da água fria, sentindo o choque térmico contra seu corpo quente. Buscou na memória o que havia feito na noite passada. Seria melhor não lembrar, mas no fundo sabia exatamente o que aconteceu.

Simples: Depois da dança de Matsumoto, dos litros de saquê consumido e das investidas de Shuuhei, a burrada estava completa.

Renji bateu o punho na parede, estava com ódio de si mesmo. Como poderia ser tão burro assim? Apaixonado por um e dormir com outro? Embora na sua mente, Kuchiki Byakuya estivesse anos luz de suas mãos. Mas ainda tinha uma chance.

Talvez, talvez nenhuma, mas preferia pensar que há uma em vinte milhões.

E se sentia covarde e fraco por ceder aos caprichos do prazer. Seria seu amor tão frágil assim?

Ele deixou o box irritado porque esqueceu novamente a toalha no quarto. Parou na frente do espelho, tirando os fios molhados, que grudavam em seu rosto. Encarou então as olheiras e sentiu vontade de vomitar. Não era daqueles que bebia muito, seu fígado não estava acostumado.

Ouviu um barulho do lado de fora, fazendo-o despertar. Saiu do banheiro, indo buscar a maldita toalha.

No quarto, Shuuhei estava vestindo suas roupas. Olhou sorridente para Renji quando ele entrou, sem qualquer vergonha, exibindo aquele corpo nu enriquecido pelas tatuagens. Mas o sorriso se desfez logo que o olhar severo do ruivo encontrou com o seu.

— Bom dia, Renji-kun. — Disse, fechando os olhos com um sorriso singelo. Esperando não ser enxotado do quarto como ocorreu uma vez. Às vezes Renji era muito bravo, apesar de parecer dócil.

— Hãn! — Não disse mais nada, enxugando-se. Vestiu-se rapidamente e antes que Shuuhei dissesse mais alguma coisa com o sorriso frouxo, Renji saiu de casa, deixando para trás uma instrução simples para fechar a porta.

Quando acordou naquela manhã, antes mesmo do sol estiar no horizonte, Byakuya teve a certeza de que não estava em casa, no seu quarto. Abriu os olhos receoso. Viu um teto de madeira e o cheiro de ervas indicava que estava num lugar mais confiável. Reconhecia aquele cheiro e o ambiente.

Estava no quarto esquadrão, e se bem conhecia a capitã, ela logo estaria ali para atendê-lo.

Antes que alguém chegasse, achou melhor se levantar e ir embora. Talvez mandasse algum cartão ou algo do tipo para Unohana. Como agradecimento.

Saiu debaixo dos lençóis, e estava vestido. Seria um tanto constrangedor se estivesse sido despido. Pensando nisso, lembrou-se da última coisa que vira na noite passada. Um par de olhos negros zombadores e nada mais.

Ele levou a mão na testa, fazendo uma massagem ali. Precisava ter que agradecer também aquele homem por ter levado seu corpo com segurança para ser tratado? Se sim, teria que fazer isso por meio de mensagem, já que não iria suportar ouvir as piadas de Kenpachi.

Quando enrolou o cachecol no pescoço, Unohana chegou, com a serenidade de sempre, e o incentivou para que continuasse deitado. Mesmo com o olhar duro dela, misturado com a gentileza, Byakuya recusou. Agradeceu por ela ter lhe curado e cuidado dele à noite e rumou para a saída.

— Não agradeça a mim, e sim à Zaraki Kenpachi, que lhe tirou do relento e trouxe a tempo para que eu cuidasse de você, antes que ficasse pior.

Hmm. — Devia algo para aquele capitão? Byakuya balançou a cabeça, decidindo esquecer daquilo. Inclusive esquecendo-se do que o moveu a sair de casa mesmo debilitado, e passear pela noite. Aquilo definitivamente deveria sair da sua cabeça e não tocar mais no assunto. Mesmo não tendo com quem falar.

Me Rendo a vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora