Me rendo ao nosso futuro

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Nas semanas que se seguiram, a calmaria ainda se fazia valer na Soul Society. Mas mesmo assim, pessoas como Kuchiki Byakuya não se deixavam levar pela provável falta de trabalho. Ele fazia questão de sempre estar presente no Esquadrão, de sempre estar a par de tudo o que acontecia por ali, e fora dali também.

Inclusive, se achou no dever de ajudar pessoas que, fora da Seireitei, passavam necessidade. Claro que a influência de Renji contou muito. Não porque o ruivo lhe pediu alguma coisa, mas porque Byakuya fez questão de conhecer Renji e sua história desde que era pequeno. E achou um absurdo crianças sofrerem tanto, enquanto sua situação fora sempre de conforto. Sim, ele poderia ter feito isso antes, logo quando encontrou Rukia, mas... Byakuya não encontrava uma resposta para essa dúvida.

Conforto, que Renji não estava acostumado e se sentia acuado quando ia na mansão Kuchiki. Fora duas vezes apenas como convidado de Byakuya, um jantar simples que resultou apenas em conversa no final. Não havia ninguém lá, mas isso não significava que eles estavam juntos somente para o sexo. O que ainda não havia acontecido, não todo ele. Mas eles tinham um ao outro. E isso contava mais do que tudo naquele momento.

Renji se acuava com o luxo da mansão, porque se sentia envergonhado quando Byakuya o visitava. No máximo, tentava agradar o capitão abastecendo sua cozinha com coisas que ele gostava de comer e beber. Era o mínimo que poderia fazer para bajular o homem. E gostava tanto disso, porque sempre ouvia aquele "obrigado, Renji" ou "como você sabe que eu gosto desse doce?"

Ora essa, se ele não soubesse, não seria Abarai Renji.

Aquela noite, em particular, era de muita importância para Renji, porque ia fazer alguns anos que fora designado para o cargo de tenente, e com isso, contava-se também o momento em que se apaixonara pelo capitão Byakuya.

Sim, foi mesmo à primeira vista. Há quem não acredita nisso. Mas Renji nunca duvidou. Ainda se lembrava de como entrou na sala dele, com aquele novo título. Orgulhoso de sua conquista. Viu o homem mais velho do outro lado da mesa, sentado, que esboçou um sorriso imperceptível, dando-lhe parabéns.

Talvez aquele fosse o dia mais feliz da sua vida. Mas agora, estava difícil de calcular isso, porque a cada encontro, acreditava que era o melhor dia da vida dele. E com isso, iria jantar com Byakuya. Não que ele soubesse dessa comemoração, mas Renji queria pensar que poderia comemorar isso com uma noite agradável. Quem sabe ele se lembre.

Sorriu para o espelho, vendo que seus sonhos estavam sendo todos realizados de uma vez só. Abaixou a cabeça, pegando o elástico para prender o cabelo. Olhou-se novamente, colocando no lugar um fio vermelho.

Arrumou o traje que vestia, um quimono bem simples com hakama preta larga. Aquele uniforme de shinigami não seria adequado para o jantar.

Byakuya estava diante o espelho numa dúvida crucial. Segurando seu kenseikan nas mãos. Olhou novamente o cabelo escorrendo para frente de seus olhos e os jogou para trás com os dedos. Imediatamente lembrou-se das palavras de Renji, uma semana atrás.

"O seu cabelo é lindo assim, solto."

O elogio o fizera envergonhar-se e corar. Mas Byakuya não estava pensando nisso, mas sim porque estava sem o kenseikan nos cabelos. Olhou novamente o objeto, pensando se colocava ou não. Era uma dúvida estranha porque nunca parou para pensar nisso realmente. Fazia parte de quem ele era.

Mas ele não era o mesmo Kuchiki Byakuya quando estava a sós com Abarai Renji.
Por isso deixou o kenseikan em cima da bancada, jogando os cabelos negros para trás novamente, mesmo que os fios voltassem para seu rosto.

Deixou ordem explícitas aos empregados para que tirassem folga, saíssem, fizessem qualquer coisa fora da mansão. Claro que tentou ser o mais discreto possível. Será que conseguiu? Não eram tantos assim os empregados de Byakuya, mas queria ter mais um dia de descanso sem todo mundo querendo fazer algo para ele. O lugar estava vazio, silencioso. De um jeito que o homem não gostava. Mas logo tudo ganharia vida. Porque parecia que onde quer que passasse, Renji lhe trazia alegria, cor, emoção.

Me Rendo a vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora