Me Rendo a você

Me rendo ao seu poder

Me rendo ao seu amor...

Me rendo ao seu poder...

Me rendo ao meu desejo...

Me rendo a você!

Sentado numa almofada vermelha jogada no chão da sala, Shuuhei bebericou o copo de chá, enquanto via a ruga na testa de Renji crescer. Ele não sabia muito bem o que estava fazendo ali, mas já fazia um bom tempo que estava criando coragem para visitar o ruivo.

De outro lado, Renji estava encucado com essa visita fora de hora. Assim que Shuuhei entrou na sua casa, ele foi para o quarto se vestir. Não ficaria de toalha na frente da visita, obviamente.

Está certo que, num passado não muito remoto, eles tiveram um pequeno caso. Na verdade, fora um erro. Renji se deixou levar pela carência e acabou se submetendo aos carinhos de Shuuhei, após uma noite de muita bebedeira, diga-se de passagem.

No outro dia se sentiu péssimo com o que fizeram. Afinal, já era perdidamente apaixonado pelo capitão. E se culpava por isso.

O fato é que fora um erro iludir Shuuhei com outros encontros que tiveram após o primeiro erro. Renji ficou confuso com aqueles sucessíveis atos que não passavam de carência e fraqueza, e resolveu dar um ponto final. Mas não era tão fácil, porque sempre esbarrava com o shinigami. E sentia-se desconfortável, além de ter raiva por sempre fazer tudo errado.

— Ok! Você já entrou, sentou, bebeu do meu chá. Agora vai falar o que veio fazer aqui? Ou vai pedir o jantar também? — Ele cruzou os braços, resmungando. Devia ter ido ver como Byakuya estava, assim teria escapado desse momento constrangedor. Mas, a verdade, era que ele quem se colocou naquela situação. O outro não tinha culpa.

Shuuhei crispou os lábios, deixando o copo de lado. Estava enrolando desde o caminho para a casa de Renji.

— Eu só vim visitar um amigo. Qual o problema? — Disse.

— Amigo? A última coisa que nós somos é "amigo". — Renji falou sem pensar, irritado pelas besteiras do passado cometidas por ele. Meio minuto depois, Renji se desculpou. Mas ainda estava irritado.

— Eu só queria saber como você estava. Senti sua falta. — O shinigami falou de uma vez o que tanto queria dizer. — Mas eu vejo que você nem se importa com meus sentimentos.

Ele baixou os olhos, dobrando os joelhos, pronto para se levantar.

Aquilo fazia Renji se sentir ainda pior. E suas atitudes eram como tal.

— Espera, eu não queria que isso acontecesse dessa forma. Me desculpe. Só estou um pouco preocupado. — Renji esticou o braço, mexendo a mão, pedindo para que o outro se sentasse.

— Algum problema sério?

— Não, nada sério. Deixa para lá. E então, anda saindo com o Kira e a Matsumoto para beber ainda? — Pensou em algum assunto interessante. Mas percebeu que não tinha nada em comum com Shuuhei.

— Não tem como dizer não para eles. — Sorriu, fazendo a tatuagem no rosto distorcer.

— Você tem alguma coisa para fazer hoje? — Perguntou sem propósito algum, vendo o semblante do shinigami a sua frente se iluminar.

— Vou me encontrar com Kira mais tarde, se quiser vir...

Renji parou para pensar no que estava fazendo. Foi dessa mesma forma, há alguns meses, que tudo começou e no outro dia acordou com um problemão. Mas o que ficaria fazendo em casa? Mesmo desejando ir ver seu capitão, ainda assim, não podia ir.

Porque... bem, porque ele sabia que não era de bom tom aquilo. Ou, porque não sabia se seria bem recebido. Levantou-se e pediu um minuto para se arrumar.