Me Rendo a você

Me rendo ao seu sorriso

Fazia anos que Renji não acordava de tão bom humor, relaxado e feliz. Ele esticou os braços para cima da cabeça, junto com o resto do corpo. Mas parecia que estava faltando alguma coisa.

Abriu os olhos rapidamente, a procura da sua companhia, mas estava sozinho. Renji se levantou, chamando por Byakuya. Talvez ele estivesse no banheiro, ou na cozinha. E quem sabe no quarto. Ele poderia não estar acostumado a dormir em almofadões então preferiu ir para cama.

Ou quem sabe estava apenas se enganando. Isso porque Byakuya não estava em nenhum desses lugares. O ruivo encostou suas costas no batente da porta do quarto, fechando os olhos. Claro que estava triste por ter sido "abandonado", mas quem se importa? Byakuya o amava.

Sorriu, abaixando a cabeça, deixando os cabelos escorregarem para frente do rosto. Sem ainda acreditar no que vira, ouvira e fizera. Estava ainda em choque.

Após um banho, organizou a sala bagunçada e tomou um chá na cozinha. Ainda estava com um sorriso nos lábios quando alguém bateu a porta. Seria possível ser ele? Renji imaginou que sim. Até ensaiou algumas frases e olhares surpresos.

Eram frases que provavelmente não usaria, mas ainda assim quis ensaiar. Mas quando abriu a porta, não foi bem Kuchiki Byakuya que encontrou. Renji respirou fundo, dessa vez não teria razões para cometer erros. Ele continuou parado na porta, sem dar espaço para Shuuhei entrar. Se fossem conversar que seja ali fora.

— Renji-kun, você não apareceu ontem.

— Hã! Eu não quis ir Shuuhei, disse que pensaria, e não que iria. — Renji cruzou os braços.

— Posso entrar?

— Não!

— Por que não? Eu fiz alguma coisa para você? — Aquele mesmo olhar de sempre. Só que Renji parecia estar vacinado daquele erro. Ele precisava ser mais sincero com o shinigami na sua frente, porque tudo o que aconteceu até aquele momento foram uma sequência de erros. E Renji era o grande responsável por alimentar as esperanças do outro homem.

— Shuuhei, eu não posso manter isso. Entende? Eu não gosto de você. — Mas Renji poderia ser muito indelicado.

— Mas, Renji. Achei que você tivesse mudado de ideia. — Shuuhei se aproximou, tocando no braço do ruivo.

— Eu não fui honesto com você. O que aconteceu foi um erro. Eu não sinto a mesma coisa que você sente. Me desculpe, mas a gente nunca teve nada sério.

— Kuchiki Byakuya, né? — Ele se afastou, com os olhos semicerrados. — Você sabe que esse homem nunca irá sentir nada por você Renji, ele é seu capitão. Ele é um nobre. O que você pode oferecer para ele?

Renji sorriu, balançando a cabeça. Era irônico aquilo. Pois há um dia pensava a mesma coisa. O poderoso e nobre Kuchiki Byakuya jamais teria olhos para o subordinado.

Mas ele nunca se sentiu tão feliz por estar errado.

Renji deu um passo para frente, descruzando os braços. Aproximou-se de Shuuhei e o abraçou.

— Obrigado por se preocupar comigo. Você é um bom amigo. — Ele sorriu, fazendo um carinho nos cabelos dele. — Mas não posso enganar o meu coração, eu amo Byakuya-sama.

— Renji. — Shuuhei levou suas mãos no rosto do ruivo, puxando-o para si, mas Renji se afastou. — Se é assim que você quer.

— É isso que eu quero. — Ele ainda mantinha um sorriso nos lábios. Estava feliz naquela manhã e nada poderia estragar aquilo. Tirou as mãos de Shuuhei do seu rosto e voltou à mesma posição de antes, próximo a porta. O outro shinigami fora ali já imaginando o que iria ouvir. Mas precisava ter certeza dos sentimentos do outro. Mesmo que aquilo o ferisse.